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Artistas brasileiros se juntam em canção a favor dos direitos humanos

A Anistia Internacional lançou na manhã de ontem (28) o single “Manifestação”. A música escrita por Carlos Rennó com a melodia de Rincón Sapiência, Russo Passapusso (BaianaSystem) e Xuxa Levy contou com diversas vozes narrando as violências e desigualdades brasileiras. Dentre elas, a atriz Fernanda Montegro, Ludmilla, CriouloChico Buarque e Péricles são alguns nomes que formam o time de artistas.

Bem nos setenta anos da Declaração Internacional dos Direitos Humanos, casos recentes de desrespeito à população do Brasil foram citados na canção. A execução de Marielle Franco, por exemplo. Veja outras homenagens à vereadora aqui e também a música da Mc Carol.

O clipe, dirigido por João Wainer e Fábio Braga, também referencia a luta feminista, do movimento negro, indígena e LGBIQ. Confira:

Veja também a letra:

Manifestação    

Aqui estamos na avenida,

Pelas ruas, pela vida,

Marchando com o cortejo

Que flui horizontalmente,

Manifestando o desejo

De uma cidade includente

E uma nação cidadã

Traduzido numa canção,

Numa sentença, num mantra,

Num grito ou numa oração…

… Por todo jovem negro que é caçado

Pela polícia na periferia;

Por todo pobre criminalizado…

Só por ser pobre, por pobrefobia;

Por todo povo índio que é expulso

Da sua terra por um ruralista;

Pela mulher que é vítima do impulso

Covarde e violento de um machista;

Por todo irmão do Senegal, de Angola

E lá do Congo aqui refugiado;

Pelo menor de idade sem escola,

A se formar no crime condenado

Por todo professor da rede pública

Mal-pago e maltratado pelo Estado;

Pelo mendigo roto em cada súplica;

Por todo casal gay discriminado….

E proclamamos que não

Se exclua ninguém senão

A exclusão. [Refrão]

Aqui estamos nós de volta,

Sob o signo da revolta,

Por uma vida mais digna…

E por um mundo mais justo,

Com quem já não se resigna

E se opõe sem nenhum susto

A uma classe dominante

Hostil à população,

Numa ação dignificante

Que nasce da indignação…

… Por todo homem algemado ao poste,

Tal qual seu ancestral posto no tronco;

Por todo jovem que protesta até que o prostre

O tiro besta de um PM bronco

Por todo morador de rua, sem saída,

Tratado como lixo sob a ponte;

Por toda vida que foi destruída

Em Mariana ou no Xingu, por Belo Monte;

Por toda vítima de cada enchente,

De cada seca dura e duradoura;

Por todo escravo ou seu equivalente;

Pela criança que labuta na lavoura;

Por todo pai ou mãe de santo atacada

Por quem exclui quem crê num outro deus;

Por toda mãe guerreira, abandonada,

Que cria sem o pai os filhos seus.

[Refrão]

Eis aqui a face escrota

De um modelo que se esgota.

Policiais não defendem;

Políticos não contentam;

Uns nos agridem ou prendem;

Outros não nos representam.

E aquele que não é títere,

E é rebelde coração

Vai no face, no zapp, no Twitter e

Combina um ato ou ação…

Por todo defensor da natureza,

E cada ambientalista ameaçado;

E cada vítima de bullying indefesa;

E cada transexual crucificado;

E cada puta, cada travesti;

E cada louco, e cada craqueiro;

E cada imigrante do Haiti;

E cada quilombola e beiradeiro;

Pelo trabalhador sem moradia,

Pelo sem-terra e pelo sem-trabalho;

Pelos que passam séculos ao dia

Em conduções que cansam pra caralho;

Pela empregada que batalha, e como,

Tal como no Sudeste o nordestino;

E a órfã sem pais hétero nem homo,

E a morta num aborto clandestino….

Impelidos pelos ventos

Dos acontecimentos,

Louvamos os mais diversos

Movimentos libertários

Numa cascata de versos

Sociais e solidários …

Por todo ser da mata ou vegetal

Que já foi abatido ou inda há-de;

Por toda pobre mãe de um inocente

Executado em noite de chacina;

Por todo preso preso injustamente,

Ou onde preso e preso se assassina

Pelo ativista de direitos perseguido

E o policial fodido igual quem ele algema;

Pelo neguinho da favela inibido

De frequentar a praia de Ipanema

E pelo pobre que na dor padece

De amor, de solidão ou de doença;

E as presas da opressão de toda espécie,

E todo aquele em quem ninguém mais pensa…

[Refrão]

Dando à vida e à alma grande

Um sentido que as expande,

Cantamos em consonância

Com os que sofrem ofensa,

Violência, intolerância, Racismo, indiferença;

As Cláudias e Marielles

Rafaeis e Amarildos

Da imensa legião

De excluídos do Brasil, do SUL ao norte da nação.

[Refrão]

 

 

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Escrita por Rafaela Oliveira