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ASTROWORLD, a regência dos sentimentos de Travis Scott

O rapper americano Travis Scott lançou nesta sexta-feira (3), o álbum “ASTROWORLD”. O disco possui 17 faixas, que retratam a busca de Travis pela incontestável singularidade, sendo a produção mais real e original já feita pelo rapper. Como afirmado pela Rolling Stone, na crítica publicada pelo site da revista, Scott passou a carreira aperfeiçoando fórmulas, e com o lançamento de “ASTROWORLD”, podemos ouvi-lo em sua forma mais evoluída.

O artista batizou seu terceiro álbum com o nome de um parque que marcou sua infância, em Houston, no Texas. Em entrevista à British GQ em 2017, Scott falou pela primeira vez sobre o novo álbum, e afirmou que essas talvez fossem as melhores músicas já feitas por ele. “Eles demoliram o AstroWorld para construir apartamentos, e é assim que esse álbum vai soar, como tirar um parque de diversões de crianças, queremos de volta.” Afirmou se referindo a como queria guiar o álbum.

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O álbum conta com diversas participações de peso, que não estão ali apenas cantando nas músicas, todas as participações têm um propósito e fazem parte da obra tanto como um violino faz parte de uma orquestra, e Travis Scott é o maestro. Cada faixa do álbum tem seu próprio clima e sentimentos acoplados à cada frase musical, e o rapper garante que todos os convidados façam parte disso de forma harmoniosa.

O álbum começa com a música “STARGAZING”, que é o tema do vídeo liberado dias antes do lançamento, mas a música que toma as rédeas do disco é “CAROUSEL”, com a participação de Frank Ocean, que introduz as próximas músicas para outro patamar, onde os vocais de Frank levam o ouvinte a outra dimensão, onde a única coisa que importa é nunca mais parar de ouvir aquela bela melodia hipnotizante.

A faixa “SICKO MODE” tem uma levada completamente diferente dos outros feat’s em que Drake aparece. Começa como de costume, com Drake assumindo o vocal, que é repentinamente interrompido com uma virada no beat e retornando com Travis encarregando-se do ritmo e soltando seus versos. Mas é só esperar alguns minutos que Drake retorna para terminar o que começou de forma muito mais polida e agressiva.

Mas um dos momentos mais épicos do álbum chega com “STOP TRYING TO BE GOD”, que pode ser a colaboração de artistas mais ambiciosa do ano. Na música Scott traça uma narrativa sobre lembrar de onde você veio, que é envolto pelas harmônicas sampleadas de Stevie Wonder. Mas a música se torna completa quando James Blake envolve as ainda marcantes harmônicas com sua bela voz, cuja melodia e versos parecem nos levar a um lugar nostálgico e confortável, permitindo que o sentimento de quem ouve prevaleça e a música seja a perfeita trilha sonora de sua própria melancolia.

O álbum prossegue sem perder o ritmo. Pharrel Williams e The Weeknd participaram da composição de “SKELETONS”, que foi produzida pela banda Tame Impala. Mas é em “WAKE UP” que The Weeknd impressiona, entregando mais uma obra de arte ao grande concerto de Travis.  A faixa que fala sobre não querer sair da cama e permanecer nos lençóis com a garota de seus doces sonhos.

Mas Travis rapidamente retoma o trap com a faixa “NC-17”, que 21 Savage toma conta com seus versos impecáveis e diversos “Skrr’s”. A partir daí, o ritmo do álbum volta para uma frenética melancolia com “YOSEMITE”, produzida por June James, que também compôs e cantou na música. Em “WHO? WHAT!”, os Migos garantem o peso da batida. Quavo e Takeoff assumem a composição com Travis, garantindo o ritmo ininterrupto do álbum, e encaminhando-o para o grand finale.

A última música do álbum, “COFFEE BEAN” fala sobre a relação de Scott com Kylie Jenner, onde inclusive os compara com Bonnie e Clyde, onde Travis é a má influência e Kylie a boa moça, mas são leais um ao outro até o fim. O rapper abre seu coração na faixa, falando sobre como está feliz por estar na vida de Jenner e de sua filha recém-nascida Stormi. Também fala sobre os pais dela não aceitarem a união dos dois e sobre como advertiam-na de Scott não ser uma boa influência para sua reputação. A música tem diversos trechos onde Travis expõe todas as suas inseguranças e lamentações por ter acidentalmente engravidado sua namorada, mas durante toda a composição ele demonstra que quando está perto dela, ele não se importa quantos ingressos vendeu ou como sua carreira está indo, tudo o que importa é ela.

O álbum em si é um grande parque de diversões, como o próprio nome já se refere, onde cada música é uma atração diferente a ser ouvida e experimentada por quem as ouve. Algumas calmas e relaxantes, outras barulhentas e frenéticas, cada uma encanta de forma diferente, mas todas as  “atrações” que fazem parte da mente do compositor, cativam de alguma forma. Você vai gostar mais de uma do que de outras, ficar mais feliz em umas e mais triste com outras, mas não tem uma que não vai lhe causar uma sensação diferente. Travis Scott ultrapassou seu limite artístico, e em meio à diversas tribulações, entregou muito mais do que o esperado para seu terceiro álbum. O rapper de 26 anos de fato regeu um concerto sobre seus sentimentos mais profundos, consolidando-se em um nível onde jamais esteve.

 

 

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Escrita por Kaliel Barbosa

Estudante de jornalismo da UFRRJ, músico, fã de HQ's, escritor nas horas vagas e grande apreciador da arte.