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CRÍTICA | Capitão Fantástico

Tenho que começar esse texto dizendo que sou suspeito para comentar esse filme. Por que sou fã do Senhor dos Anéis? Também! Mas não é isso. Sempre quis ter muitos filhos, uns 7 se possível, adotados ou meus, tanto faz. E ver um filme onde um pai cuida sozinho de seis filhos maravilhosos é muito tocante pra mim. Dito isso, vamos ao filme.

Capitão Fantástico é um filme indie sobre uma família que resolveu fugir da vida de classe média americana para viver em contato com a natureza, no meio da floresta. Viggo Mortensen interpreta Ben Cash, o pai da família, que ensina seus seis filhos a sobreviverem na natureza e estudarem sobre todas as áreas do conhecimento científico e político. Ele é um pai duro e rígido, que treina seus filhos para serem seres humanos exemplares. No entanto, sua rigidez beira ao autoritarismo. Sua esposa, no início do filme, está hospitalizada junto aos sogros de Ben, com aparentes distúrbios mentais.

O filme me lembrou uma mistura de Pequena Miss Sunshine com um toque de Na Natureza Selvagem, versão família. A fotografia, principalmente da parte selvagem, no bosque onde a família Cash vive, é fantástica! Todo filme de viagem acaba se destacando por causa da fotografia, não é mesmo? Capitão Fantástico não é diferente. Quem curte esse estilo de filme não vai se decepcionar. O filme conta com uma ótima trilha sonora e direção de fotografia. Também conta com ótimos atores, principalmente os mirins, que além de serem lindos, têm bastante personalidade.

Mas o que me chamou a atenção, e fez o filme ter sido tão emocionante, foi a relação que o pai criou entre as crianças e o modo de se viver nesse mundo. O contraste deles com as outras pessoas na sociedade nos chama a atenção para as hipocrisias sociais e o modo fútil e aparente que levamos nossa vida. O que primeiro se destaca nesse sentido é como Ben decide sempre contar a verdade para os filhos, nunca inventando “historinhas” para não tratar de assuntos polêmicos. Ele fala sobre estupro e relações sexuais com sua filha pequena de um modo natural, tratando-a como um adulto. Quando janta à mesa com sua irmã, Harper, vemos a diferença de tratamento que Ben dá aos filhos ao tratamento usual da nossa sociedade, tratando certos assuntos como tabus. Essa diferença se reflete na maturidade que seus filhos têm em relação aos seus sobrinhos.

A relação com a comida, a música, o nu, são outros assuntos que são tratados de forma diferente pela família Cash. Mas o que é mais especial e me fez chorar no final do filme foi a relação que eles têm com a vida e a morte. Principalmente este último. A celebração da vida em si é o aspecto mais importante do filme. Uma vida próxima às pessoas que você ama, próxima da natureza. Uma vida sem artificialidades e futilidades. A família Cash é radical nesse sentido, não comendo um hambúrguer ou milk-shake, mas é algo que nos faz pensar. Quantas das nossas relações são verdadeiras e plenamente amorosas? Quanto do que nos alimentamos é natural ou sabemos a procedência? Quantas das nossas experiências do dia-a-dia vivemos plenamente?

É difícil falar mais sem estragar sua experiência com o filme. Eu recomendo muito! É um filme simples e emocionante. Um dos melhores de 2016, sem dúvida.

Por: David Barenco

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