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Mulheres fazem protesto em Cannes pela igualdade de gênero na indústria cinematográfica

Oitenta e duas mulheres da indústria cinematográfica realizaram uma Marcha Feminina contra a disparidade de gênero no Festival de Cannes durante o último sábado (12). Elas ficaram paradas no meio da escadaria do Theâtre Debussy em silêncio e com as mãos erguidas, simbolizando que as mulheres ainda são impedidas de chegar ao topo. O número de estrelas e profissionais do cinema representou o número de cineastas que foram selecionadas para competir em Cannes desde a primeira edição do festival em 1946.

O protesto foi realizado antes da estréia de “Garota do Sol”, da cineasta francesa Eva Husson, sobre um batalhão de mulheres curdas. Husson é uma das três cineastas femininas dos 21 filmes que concorrem à Palma de Ouro este ano.

Os organizadores disseram que o evento foi organizado pelo movimento Time’s Up, que dá assistência legal às mulheres para prevenir assédio sexual e desequilíbrio de gênero no ambiente de trabalho, e o movimento francês conhecido como 5020×2020, dedicado à igualdade de gênero no cinema.

A marcha contou com a participação das atrizes Salma Hayek, Marion Cotillard e Jane Fonda, da cineasta “Mulher Maravilha” Patty Jenkins e da diretora francesa Agnes Varda, ganhadora da prestigiada Palma de Ouro. Também se juntaram os cinco membros femininos do júri de Cannes deste ano: Cate Blanchett, Kristen Stewart, Ava Du-Vernay, Lea SeydouxKhadja Nin.

A ideia da manifestação foi chamar a atenção para as dificuldades que as mulheres enfrentam profissionalmente diante de uma indústria sexista. Disparidade salarial, abuso sexual e falta de representatividade feminina na direção das produções são apenas alguns dos obstáculos consequentes da desigualdade de gênero que domina o ramo. Um estudo realizado pela San Diego State University, aponta que apenas 11% das mulheres estiveram à frente da direção das maiores bilheterias de 2017.

“As mulheres não são uma minoria no mundo, mas o estado atual de nossa indústria diz o contrário”, disseram Cate Blanchett e Agnes Varda, que lideraram o protesto.

Em contraste com as 82 cineastas escolhidas para concorrer, 1.688 homens foram selecionados. A prestigiada Palma de ouro foi concedida à 71 diretores do sexo masculino e à apenas duas diretoras do sexo feminino. Em 71 anos, apenas 12 mulheres participaram do júri do festival de renome mundial.

“Como mulheres, todas nós enfrentamos nossos próprios desafios, mas hoje estamos juntos nestas escadas como um símbolo de nossa determinação e compromisso com o progresso”, declarou Varda.

Isso vem depois de numerosos protestos semelhantes em prêmios deste ano. No Globo de Ouro, as mulheres se vestiram de preto em solidariedade com a Time’s Up e a campanha #MeToo, movimento contra a violência feminina desencadeado pelo escândalo envolvendo o produtor norte-americano Harvey Weinstein, responsável por diversos casos de assédio sexual, que trouxe à tona as práticas de abuso de poder na indústria cinematográfica. 

O Festival de Cannes fez um gesto em apoio à mobilização por igualdade na profissão ao nomear um júri de maioria feminina presidido por Blanchett, mas obviamente não foi o suficiente. A luta contra à disparidade de gênero no cinema está apenas começando. As mulheres querem, além de homenagens, ver suas narrativas respeitadas e reconhecidas dentro e fora da tela e o crescimento do protagonismo e da representatividade feminina.

Além da demanda de serem tão valorizadas quanto os homens, o grupo pediu às instituições que trabalhem ativamente para conseguir a igualdade e a transparência nas decisões e na seleção de pessoal, e aos governos que apliquem as leis sobre paridade salarial.

“As escadas da nossa indústria devem ser acessíveis a todos. Nós vamos subir”, disse Cate.

Veja algumas imagens do protesto:

O Festival de Cannes é um festival de cinema criado em 1946 conforme concepção de Jean Zay, e é um dos mais prestigiados e famosos festivais de cinema do mundo. Acontece todos os anos, no mês de maio, na cidade francesa de Cannes. Em 1955, foi introduzida pelo comitê organizador a Palma de Ouro como prêmio principal do evento. Leia mais sobre a edição de 2018 do festival aqui.

 

 

 

 

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Escrita por Roberta Costa

Estudante de jornalismo e leitora compulsiva. Ama assistir dorama.

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