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RESENHA | Lembrança (A Mediadora #7) – Meg Cabot

Caçar Fantasmas é como andar de bicicleta

As pessoas usam a expressão “como andar de bicicleta” pra expressar coisa que, não importa quanto tempo passe, sempre saberemos fazer ou reconhecer. O que fica de fora desse ditado tão conhecido é que, após muito tempo sem fazer alguma coisa (andar de bicicleta, dançar, nadar, desenhar, etc) por mais que nossa memória motora daqueles movimentos não tenha se perdido totalmente, leva algum tempo e algumas repetições para alcançarmos o nível de habilidade que tínhamos antes do período de inércia.

Tá, e agora alguém por favor explica porque essa louca tá falando de memória motora numa resenha sobre um livro de fantasia! Exatamente porque, depois de uma década, Meg Cabot parece ter alguma dificuldade em imprimir ritmo a esse livro e achar o tom da Susanna – mediadora fashionista não-mais adolescente.

Susi Simon é a mesma pessoa, só que não. Ela cresceu, agora enfrenta coisa diferentes – mercado de trabalho, noivado, boletos. E fantasmas, claro. Isso nunca vai mudar. E nós leitores que passamos anos com as aventuras, também crescemos mas ficamos muito tempo longe da nossa chutadora de traseiros sobrenaturais e não a conhecemos mais tão bem assim. Mas em determinado momento, as coisas tomam um rumo natural, como aquela conversa com amigas da escola que começa nas amenidades e vai ganhando ritmo, relembrando os velhos tempos, fazendo-nos sorrir novamente e de repente, a intimidade está de volta. Como se nunca tivesse ido.

Como andar de bicicleta. (Ha! Eu disse que ia fazer sentido em algum momento do texto!)

Mas não só de nostalgia se faz um best-seller.

Susi Simon volta mais adulta. Assim como seus leitores. E apostando na maturidade de quem vai ler, Meg Cabot é muito mais aberta sobre temas políticos-sociais. Empoderamento feminino é obviamente o centro de uma narrativa sobre uma mediadora que sempre resolveu seus problemas – e dos outros – sozinha desde a adolescência mas aqui o universo feminino e todas as suas mazelas são explorados desde a tenra infância até a vida adulta.

Com personagens femininas de todos os tipos fazendo a história correr, temas como assédio e pedofilia estão no cerne da narrativa e os vilões nem sempre são aqueles que carregam uma aura transparente, desafiando nossa protagonista com um caso muito mais cruel que os anteriores – assim como muito mais real e sem respostas fáceis e quase sempre dolorosas.

Mas ainda é um livro de Meg Cabot e com seu humor ácido e língua afiada característicos, o texto consegue tornar assuntos de outra forma indigestos, em algo que causa a reação negativa que se espera mas que não impede os leitores mais sensíveis (e aqui essa sensibilidade é dita da forma mais positiva e humana possível) conseguirem terminar o livro. E como nem tudo é sombras…

Mulheres não precisam de homens mas não são de ferro, e nosso ‘Meg’s boy’ Jesse de Silva, com seu sotaque sexy e abdômen definido, agora médico e bastante vivo, continua seu relacionamento tribulado com nossa protagonista – até porque serem literalmente de séculos diferentes causa bastante atrito – mas ainda capaz de arrancar suspiros (a resolução de Jesse de não ‘tocar’ em Susanna até depois do casamento não impede cenas quentes entre dois 😉 )

Com o volume mais maduro da série, por vários motivos e não só a idade da protagonista, Meg Cabot consegue resgatar todo um sentimento daqueles que cresceram com e por causa de Susanna e entrega uma narrativa profunda e sincera que, depois de pegar o ritmo, emociona e diverte, nos fazendo reviver todas as nossas caças a fantasmas na juventude e todas os fantasmas que não são tão fáceis de se livrar no mundo real.

Bom, acho que aparentemente, nostalgia faz sim um best-seller.

P.s. Existe uma prequela desse livro, “O Pedido”, disponível apenas na versão e-book gratuitamente em qualquer loja virtual.

Titulo: A Mediadora: Lembrança – Volume 7
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gêneros: Romance
Série – Volume: 7
Número de páginas: 400
ISBN: 9788501071569
Ano: 2016

Resenha escrita por Ludmilla Fadel (@ludmilla_fadel)

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Escrita por Milla Fadel

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