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“A Barraca do Beijo 3”: decepcionante pela terceira vez | Crítica

O terceiro capítulo da franquia adolescente já está disponível na Netflix e dessa vez acompanhado de um clima de despedida. Antes de tudo, é importante mencionar que se você está esperando que depois de dois filmes o diretor e roteirista Vince Marcello tenha finalmente aprendido a fazer comédia, trago más notícias. Além de ainda mais tempestade para pouco copo d’água, “A Barraca do beijo 3” continua sendo tão inimigo do riso quanto os que vieram antes dele.

Agora que estão no último ano do ensino médio, os melhores amigos Elle (Joey King) e Lee (Joel Courtney) precisam focar nos novos desafios e tomar decisões mais responsáveis em relação à vida, principalmente ao se tratar de seus relacionamentos com Noah (Jacob Elordi) e Rachel (Meganne Young), que precisam ser reavaliados já que em pouco tempo, provavelmente, ficarão ainda mais distantes uns dos outros ao ingressarem à faculdade que escolherem. Isso quer dizer que dessa vez há uma trama um pouco mais madura, certo? Errado! Na verdade, segue-se o mesmo paradigma dos projetos anteriores: focar no que é inútil e extrair disso o que é menos dramático ou engraçado possível. Após anos, a dupla ainda não aprendeu que amizade não significa posse e que decisões que são tomadas quando se é ainda criança não devem ser consideradas para o resto da vida. Torna-se até meio contraditório já que o filme parece querer dialogar justamente sobre o desapego ao tempo que passou para a chegada daquilo que é novo. Se esse era de fato o seu intuito, não deu muito certo.

A jornada dos amigos de infância para resolverem seus problemas antes de irem para a faculdade é na verdade uma repetição de tudo aquilo que já aconteceu nos primeiros filmes. As discussões sobre cumprimento ou descumprimento de determinadas regras de amizade dessa vez tem a ver com uma “lista de tarefas para concluir antes de irem para a faculdade”, que também foi desenvolvida quando ainda eram crianças, o que gera mais uma enxurrada de desavenças que ninguém consegue entender porque aquilo tudo está acontecendo.

Já o casal Elle e Noah, que aqui se encontra com ainda menos química do que nos primeiros filmes, continua compartilhando crises de ciúmes por causa de detalhes que já foram esclarecidos. Essa reciclagem de conflitos contribui ainda mais para que as duas horas na frente da tela sejam menos interessantes e mais maçantes.

É muito comum ouvir por ai que antes de assistir qualquer um dos três filmes da série é necessário vestir a “capa da adolescência”, ou seja, é preciso assisti-los com o olhar do seu público alvo – os adolescentes. Isso é verdade, mas pode-se dizer que, neste caso, os adolescentes estejam sendo extremamente subestimados. Em “Para todos os garotos que já amei” (2018), por exemplo, seu colega de streaming que também se trata de um clichê juvenil, não precisou exagerar em cenas de piadas constrangedoras e protagonistas adolescentes com atitudes infantis para ser engraçado. Outro exemplo seria o longa, também da Netflix, “Sierra Burgess é uma loser” (2018), que ao contrário de “Barraca do beijo 3” consegue desenvolver um drama autêntico onde os espectadores jovens podem de fato se identificar.

Entre tantos defeitos, podemos destacar também a dificuldade do roteiro de criar um arco dramático que siga uma linearidade observável. A trama tem uma dificuldade enorme em fazer com que os conflitos existentes caminhem juntos para uma resolução. Há diversos dilemas apresentados aleatoriamente e que são muito mal resolvidos, isso quando existe a preocupação de resolvê-los. Além de que a maior parte deles é encaixada de maneira que não traz sentido algum à narrativa ou que dão a sensação de que o filme está para terminar quando na verdade ainda está na metade, portanto o conceito de apresentação, confrontação e resolução desaparece totalmente.

É claro que existem filmes despretensiosos, que são procurados por aqueles que buscam distração sem a preocupação de ter que se esforçar muito para entender, porém para tudo existe limite, até mesmo para o “besteirol”. Não faz sentido nenhum juntar todos os elementos clichês da comédia romântica sem tentar engaja-los numa narrativa fluida e racional esperando que isso dê certo. Nesse caso, “A Barraca do beijo 3” é pouco aproveitável.

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Escrita por Victória da Silva

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