*Essa resenha contém spoilers sobre a primeira temporada da série The Handmaid’s Tale
A série vencedora do Emmy e do globo de ouro, baseada no livro O Conto da Aia, de Margaret Atwood foi produzida pelo serviço de streaming da Hulu que apostou em um projeto sobre a história distópica da República de Gilead, que antes era os Estados Unidos. Talvez um lugar mais assustador do que vários ambientes de histórias sobre terror e suspense.
A série possui uma narrativa focada no ponto de vista da personagem June e os episódios são compostos de flashbacks que ajudam a contextualizar o modelo de estado que todos fazem parte depois de uma suposta ameaça que massacrou o congresso. Culparam terroristas, destruíram a constituição. Todo o esquema de sociedade e política foi reformulado para um regime totalitário e teocrático extremamente rigoroso. Essas pessoas se intitularam como ”Filhos de Jacob”.
”Abençoados sejam os mansos… E abençoados sejam aqueles que sofrem pela causa da justiça”
“Quando massacraram o congresso, nós não acordamos”
Expulsaram as mulheres de seus empregos com a justificativa de que a lei tinha mudado. Confiscaram as suas contas bancárias. A decisão não foi encarada pacificamente mas quando a resistência, em seus protestos, começou a ser massacrada a sangue frio pelo “exército” de Gilead, a revolta foi perdendo sua força. As pessoas ganharam o medo.
Tudo isso aconteceu com a justificativa de uma grande onda de infertilidade e a decisão de dos importantes líderes homens de montar uma estratégia para que as mulheres que ainda eram férteis fossem capturadas para serem as ”sagradas” reprodutoras.
Essas mulheres foram divididas da seguinte forma: As mulheres férteis são selecionadas para serem as Aias dos comandantes e gerarem os filhos paras as esposas que não podem engravidar. As Marthas, que não podem ter filhos, são responsáveis pelo serviço doméstico e as Tias que treinam as Aias para o seu dever ”sagrado”.
Todas as Aias perdem seus nomes e se tornam propriedades do seu comandante. Eles usam o ”Of” para representar isso: ”Offred”, ”Ofwarren” ( Do Fred, Do Warren). Como se já não bastasse a situação assustadora, a República de Gilead apenas apagou o nome de todas essas Aias. Não podem mais usar seus nomes e sobrenomes, foram reduzidas à úteros ambulantes (Algo que pode até ser relacionado às vestimentas vermelhas).
As Aias são obrigadas a participarem da ”cerimônia” que é um termo religioso para camuflar um estupro. Os comandantes e esposas participam da ”cerimônia” todo o mês, até a Aia engravidar.
E, dentro de toda essa divisão de sociedade fundamentalista religiosa, existem os Anjos que são os guardas e os Olhos que são os espiões. Eles são responsáveis por monitorar o bom comportamento de todas as pessoas de Gilead. As Aias que não se comportam são mandadas para as colônias de lixo tóxico, onde a expectativa de vida é muito baixa.
O fato que torna tudo mais cruel é o medo que instala quando todas essas mulheres acreditam que estão completamente sozinhas. Qualquer pessoa pode ser um Olho e testar os pensamentos das pessoas. Podem existir ”Olhos” infiltrados sendo figuras de Aias. Isso pode ser percebido na cena que June (personagem principal) e Ofglen desconfiam uma da outra antes de Ofglen contar para June sobre o Mayday (Um grupo de resistência).
“A verdade é que estamos vigiando uma à outra.”
“Agora, escuridão e segredos estão por toda a parte.”
A série conta a história de June (No livro o nome da personagem principal não é revelado), que foi separada de sua filha quando tentavam fugir escondidas no carro do seu marido. O enredo apresenta cenas pesadas e desconfortáveis mas essa representação foi feita com tanta simbologia e qualidade que deixa claro para aqueles que estão assistindo o quão injusto o sistema de Gilead é e como uma situação pode caminhar para esse regime desgraçado.
A força de todas as mulheres é algo que fica marcante na série mesmo com tanta opressão. Não só a força das Aias, mas também, a força das Marthas, Tias e por incrível que pareça: A força das esposas dos comandantes. Quem foram aquelas mulheres antes de tudo caminhar para esse modelo? Serena Joy, esposa do comandante que June foi designada, é uma personagem extremamente curiosa. Mas uma das personagens que chama atenção, que praticamente grita e muitos não percebem é a Tia Lydia. Quais são as histórias dessas mulheres que sofrem com todo esse regime? Quanto deve ser difícil para Tia Lydia corrigir todas aquelas meninas e o que aconteceu para ela perder as esperanças? Como encarar a maravilhosa resistência de Moira (melhor amiga de June) e tudo que ela passou para conseguir fugir de Gilead?
Todos aqueles que correm risco de morrerem enforcados no muro e todas as mortes daqueles que não abaixaram a cabeça para o ”destino sagrado”.
A crueldade está presente em todos os episódios e detalhes dessa série mas ao mesmo tempo vale a pena assistir para entender e refletir sobre a mensagem que a história quer passar. É uma produção de alta qualidade que foi bem recebida por muitos expectadores.
A segunda temporada já está em andamento e a terceira temporada já foi anunciada.
Não deixe os bastardos te oprimirem! Confira o Trailer da primeira temporada de The Handmaid’s Tale:
https://www.youtube.com/watch?v=NaPft-MFj38
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