Com as vozes da atriz Alice Braga e da artista e ativista Daiara Tukano, YAWARA: Uma história oculta sobre o Brasil é a nova produção da Audible acompanha atrocidades cometidas contra os indígenas no país. A dupla esteve na CCXP24, no início de dezembro, para contar mais detalhes da produção.
O ponto de partida para a concepção e desenvolvimento da audiossérie foi um relatório achado em caixas de um museu, que trazia os testemunhos. Na época, o material resultou na fundação da Funai. “Já era próxima a causa indígena, já tinha muita curiosidade sobre o que a ditadura causou também aos indígenas, mas foi saber sobre a existência desse relatório Figueiredo, os relatórios esquecidos na caixa do museu, que surgiu o desejo de que mais pessoas soubessem e fazer desse relatório como uma ponta de um iceberg pra falar sobre a questão indígena no Brasil.”, disse a atriz em coletiva de imprensa realizada na CCXP24, a qual a Poltrona Vip esteve presente.
“E a partir disso a gente começou a desenvolver e chamar pessoas que a gente admirava, então a Renata Tupinambá, que é diretora da série, o Orlando Calheiros, que também é diretor da série. A Renata trouxe a Daiara pra narrar comigo, pra participar e foi um projeto muito bonito porque ele surgiu de um desejo de comunicar mais pessoas e pra mim foi um projeto muito especial porque ao parte de conhecer a Daiara, conhecer a Renata, conhecer o Orlando, foi uma imersão minha pessoal de descobrir mais em todo o processo de fazer essa série, não só eu como pessoa fui me aprofundando mais em uma causa que eu tenho muito respeito e muita vontade de andar e caminhar junto foi poder fazer com que as pessoas através da minha voz, através dessa plataforma de áudio que eu acho muito incrível a gente escutar como a gente escuta livros a gente descobrir um pouco sobre o nosso desconhecido.”, continuou Alice.
Sobre o processo de produção da obra, Braga comenta ainda que foi como se estivesse realizando um sonho. “Pra mim, é um projeto muito pessoal. É quase uma realização de um sonho jornalístico meu, porque não é que eu sou jornalista, mas eu amo jornalismo, eu sou filha de jornalista, eu sonho em ser jornalista, sonho em interpretar uma jornalista”, disse a atriz.
“Acho que nós estamos num momento muito especial de falar dessas memórias de resistência e do direito à memória e verdade. Principalmente com relação às gerações cometidas durante o período da ditadura militar no Brasil”, disse Tukano. “Porque para além de haver uma invisibilização da violência cometida durante a ditadura militar, também existe uma invisibilização sistemática da violência cometida contra os povos indígenas.”
Tukano lembrou que a luta indígena vai muito além do Relatório Figueiredo e que a visão sobre a perseguição aos povos nativos é superficial. “Quando a gente nasce num buraco, a perspectiva é outra. Estou falando enquanto povo indígena, quando a gente nasce dentro daquela [situação], tem outro ponto de vista, outro nível de violência. […] A ditadura instaurou, literalmente, campos de concentração indígenas no Brasil”, seguiu Tukano.
“E praticou contra a nossa população todos os tipos de tortura que depois foram praticadas no DOPS [antigo Departamento de Ordem Política e Socia] no resto do País. Então, o nosso buraco está mais embaixo há bem mais tempo mesmo.”, completou Daiane.
“Acho que o meu desejo de fazer um projeto como Yawara é manter a memória viva e trazer a consciência para a sociedade. Estou muito feliz de estar aqui, de poder estar com os jovens, porque é muito importante a gente lembrar, a gente falar sobre isso”, concluiu.
Uma história oculta sobre o Brasil
Uma história dividida em 8 episódios, que relata a participação do Governo brasileiro no apagamento de populações indígenas, inclusive por meio de ações de políticas públicas. Tudo começa quando Alice descobre a existência de um relatório oficial do Governo, o Relatório Figueiredo, perdido há mais de 50 anos, que aponta uma série de violações contra os direitos dos povos indígenas no país.
Esse documento lista crimes que vão desde corrupção, roubo de terras, trabalho escravo, tortura assassinatos e genocídio. O Relatório data da ditadura militar e foi produzido por agentes do próprio regime. A indignação e desejo por respostas a levam até Daiara Tukano.
Ao longo dos episódios, as duas conversam com diferentes pesquisadores, pensadores e ativistas indígenas, ou brancos ligados à causa indígena, construindo um panorama que conecta esses crimes a uma estratégia mais ampla de crescimento do Estado brasileiro, enraizada desde a colonização.