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“Tenet” chega aos cinemas com ótimas cenas de ação, visual deslumbrante e roteiro fraco | Crítica

Depois de vários adiamentos e muita insistência por parte de Christopher Nolan e da Warner Bros. para que o longa fosse lançado nos cinemas, “Tenet“, décimo primeiro filme do cineasta britânico finalmente está chegando às telonas brasileiras. A justificativa de Nolan era de que a produção é uma experiência a ser aproveitada nas salas de cinema. Já a indústria via no projeto o potencial de diminuir o prejuízo que a pandemia causou. As expectativas eram altas de todos os lados.

A história de “Tenet” envolve o mundo da espionagem internacional em uma trama de manipulação temporal em um épico de ação com toques de ficção científica. O filme tem John David Washington (Infiltrado na Klan) encabeçando o estrelado elenco. O protagonista, que em momento algum tem o nome do personagem revelado, se sai bem e carrega o papel principal com carisma e muita desenvoltura nas complexas cenas de ação. Robert Pattinson também se mostra muito bem em um papel importante para o longa, mas que, em alguns momentos, entra e sai de cena sem muita explicação.

O desenrolar da história é bastante complexo e alguns personagens, como Priya (Dimple Kapadia) são usados exclusivamente para exposição da trama. Outros têm rápidas aparições no filme e servem para introduzir o protagonista no mundo da cronologia reversa como é o caso da cientista Laura (Clémence Poésy) e de Michael Crosby, personagem de Michael Caine, ator quase que onipresente nas produções do diretor.

O grande trunfo de “Tenet” são as inventivas cenas de ação. As coreografias envolvendo as cenas de luta são incríveis, principalmente as que envolvem o tempo reverso. A produção tem grandiosas sequências de perseguições, personagens escalando e se lançando de prédios, até mesmo um avião invadindo um depósito. As cenas, muito bem pensadas e realizadas mostram todo o potencial visual da premissa do longa, que foi devidamente explorada pelos realizadores do filme. O embate final também merece destaque, mesmo com uma grande quantidade de coisas acontecendo na tela, explosões, correria e pancadaria, a ação é muito clara.

É inegável que o grande mérito de Nolan, responsável por pérolas nas telonas como “A Origem“, “Interestelar“, a trilogia “Cavaleiro das Trevas” e o mais recente “Dunkirk“, é visual. Uma marga registrada desses filmes presente mais uma vez presente aqui é a preferência do diretor em usar efeitos práticos o máximo possível, o que deixa as cenas mais orgânicas e menos artificiais. A trilha sonora de Ludwig Göransson é outra parte do filme que funciona perfeitamente ao apresentar temas grandiosos que dão uma sensação de reversão no tempo da música. Uma interessante sacada da equipe responsável pela produção.

É realmente refrescante ver o subgênero da viagem no tempo sendo realizado de forma tão criativa. A mudanças temporais em “Tenet” não seguem as convenções tradicionais vistas em outras produções do mesmo tema. E é o tempo o assunto central do filme, é o que motiva toda a trama. Na verdade é a única coisa que realmente move a história, o que não é exatamente uma qualidade.

Infelizmente a maior fraqueza do filme está em uma parte absolutamente fundamental que é o roteiro. A real motivação da maioria dos personagens é explicar o que está acontecendo em cena. O texto, também assinado por Nolan, concentra todos os seus esforços para justificar sua ideia na tela, se aproveitando do fato do protagonista ser iniciante nesse universo. O problema é a sensação de confusão causada pelos termos excessivamente técnicos e pela complexidade da trama. Em certo ponto uma personagem chega a falar: “Não tente compreender, sinta!“.

Outro problema de “Tenet” está na falta de conexão emocional com os personagens. Mesmo os que têm destaque não receberam desenvolvimento o suficiente fora da trama de espionagem e manipulação do tempo. Não há evolução neles, o que torna tudo muito superficial, incluindo a ameaça de uma nova Guerra Mundial ou até mesmo do fim do mundo, que nunca recebem peso o suficiente na história.

A única exceção é Katherine (Elizabeth Debiki), que recebe um arco completo ao passar por um relacionamento agressivo e extremamente abusivo com o vilão Andrei Sator (Kenneth Branagh). A personagem, começa a trama totalmente fragilizada por anos de uma união forçada e infeliz, mas ao decorrer da trama vai recebendo mais camadas de complexidade ao se rebelar contra o cônjuge. Debiki carrega Kat com a vulnerabilidade necessária e com grande força conforme sua importância no filme aumenta.

Com cerca de duas horas e meia de duração e alguns problemas de ritmo, “Tenet” é um espetáculo visual com cenas de ação de tirar o fôlego, mas o confuso roteiro e o excesso de complexidade vazia nos conceitos apresentados por Christopher Nolan tiram um pouco do brilho dessa que é uma das primeiras grandes estreias nessa retomada do funcionamento dos cinemas brasileiros. O longa chega às telonas na próxima quinta-feira, dia 29. Confira o trailer abaixo:

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Escrita por Lucas Santana

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