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Entrevista | Com álbum comemorativo, Felipe Pezzoni fala sobre os 40 anos do Eva: “Honrado de dar continuidade a esse legado”

Imagem: Divulgação

Um dos nomes mais importantes do axé music, a banda Eva inicia as comemorações pelos 40 anos de história. A celebração começou com o lançamento da primeira parte do álbum “Eva 4.0”, que chegou às plataformas digitais na última sexta-feira (18).

Com direção de vídeo de Anselmo Troncoso, responsável por clipes de Simone & Simaria e Gusttavo Lima, o novo trabalho da banda Eva foi gravado em Belo Horizonte, em maio. O “Eva 4.0” conta com as participações de Ivete Sangalo, Wesley Safadão, Leo Santana, Durval Lelys, Mumuzinho e Tomate

O registro audiovisual se divide entre canções inéditas e os maiores sucessos do grupo. Hits como “Me Abraça”, “Leva Eu” e “Arerê” compõem a setlist do primeiro volume do “Eva 4.0”

A história do Eva 

O Eva surge no final dos anos 1970 como um grêmio criado por um grupo de amigos. Em 1980, eles decidem transformar a empreitada em um bloco. Ainda na mesma década, o cordão se tornou um dos mais importantes do carnaval de Salvador

O bloco Eva é o criador do abadá como conhecemos hoje, foi o primeiro trio a ter alto-falantes laterais e inaugurou o Circuito Barra-Ondina. Os desfiles dos anos 1980 também ajudaram a projetar nomes como Daniela Mercury — backing vocal do cantor Marcionílio, que puxou o bloco em 1986 e 1987 — e Ricardo Chaves — que puxou o bloco de 1988 a 1992. 

Com o sucesso na folia baiana, em 1993, a banda Eva é fundada para fortalecer ainda mais a marca. Só com a primeira formação, comandada por Ivete Sangalo, o grupo vendeu mais de 4 milhões de discos. 

Há 6 anos, os vocais da banda Eva são de responsabilidade de Felipe Pezzoni. Famoso na Bahia pelo trabalho na banda Mil Verões, o cantor se juntou ao grupo em 2013, após a saída de Saulo Fernandes

O Poltrona Vip conversou, por telefone, com Felipe Pezzoni. O vocalista contou todos os detalhes do novo álbum “Eva 4.0” e falou sobre a importância de fazer parte de um momento histórico para o grupo baiano. 

Poltrona Vip: Vocês estão iniciando as comemorações de 40 anos do Eva com o álbum “Eva 4.0”. Conta mais um pouquinho desse projeto! 

Felipe Pezzoni: Claro! É um álbum que a gente tá muito feliz em fazer, principalmente, eu. Me sinto muito honrado de fazer parte de um momento histórico pro Eva. 40 anos que o Eva faz parte da vida das pessoas e tem esse impacto positivo, marcando gerações. A gente tá muito feliz com o resultado e o feedback da galera e poder estar escrevendo esse novo capítulo numa data tão significativa. 

PVIP: Em uma comemoração de 40 anos do Eva, o público esperava um registro em Salvador, mas vocês gravaram o trabalho em Belo Horizonte. Por que da escolha? 

FP: Quando você grava um DVD, vai gente do Brasil inteiro. A gente roda o país todo e quando tem um momento especial, as pessoas saem pra ver, então, tinha muita gente de Salvador lá. BH sempre teve um histórico muito bacana com a música baiana. O maior evento de axé music era feito em BH (O Axé Brasil, que chegou a levar 60 mil pessoas ao Estádio Mineirão). É um lugar que a gente também é muito bem recebido. Teve um fator muito importante que foi a produtora de BH que abraçou esse sonho junto com a gente, de fazer um grande DVD, mas gerar uma experiência bacana pra quem fosse assistir. Além de todo o carinho que a gente tem por BH! 

PVIP: O repertório dos discos se dividem entre canções inéditas e grandes sucessos da banda. Como foi esse processo de seleção das músicas? 

FP: Foi a parte mais difícil! Compilar 40 anos de história em um DVD foi o maior desafio. A gente selecionou as músicas que a gente sabia que não poderiam faltar de jeito nenhum, as que mais marcaram a nossa carreira e o público mais pede nos shows. Fizemos alguns medleys pra poder conseguir colocar mais canções por faixa. O outro desafio foram as músicas inéditas, que foram participações de outros segmentos musicais e conseguir achar uma música que conversasse com os dois universos. 

PVIP: Vocês têm um público fiel de muitos anos, mas também existe um novo público a ser conquistado. O que vocês definiriam como prioridade hoje: conquistar um novo público ou preservar os que já acompanham a banda há tantos anos? 

FP: É fazer um pouco dos dois. A gente busca essa renovação. É muito difícil, mas a gente tem conseguido graças a Deus. Mas o legal é que a gente consegue também estar ali junto com a galera das antigas, que curte nosso trabalho. A gente consegue caminhar segmentando pros dois públicos. 

PVIP: A escolha das participações foi uma estratégia pra isso? Porque tem Durval Lelys, que é um dos maiores ícones do axé, mas também tem uma galera que dialoga com uma nova geração, como o Safadão e o Léo Santana. 

FP: É o exemplo perfeito do que eu tava falando. Com Durval, a gente fez um samba reggae mais clássico, que o público mais antigo vai amar. O público jovem pode amar também, mas ele vai se identificar mais com a música com o Mumuzinho ou a com o Safadão. A música com Ivete também que é linda e independente de público, ela pega todo mundo. É uma balada pop, mas tenho certeza que o público mais antigo vai curtir muito. 

PVIP: A Banda Eva lança o primeiro álbum em 1993, ainda no começo da era dos CDs, e hoje vocês estão diante de mais uma revolução na indústria fonográfica, as plataformas de streaming. Como vocês se adaptaram a essa nova realidade?  

FP: A gente tem que tá aprendendo o tempo todo. Até pra mim, que sou mais jovem, é difícil porque as coisas têm acontecido de uma maneira muito rápida. Mas a gente tem se atualizado. O legal é que os sócios, que são os fundadores do Eva e que tem 40 anos só de Eva, têm uma cabeça muito aberta. Eles sabem que têm uma banda que tem tradição, mas eles são os primeiros a falar pra inovar, pra ir pra internet. Eles têm esse olhar inovador. A gente tem se reciclado esse tempo todo pra poder acompanhar esse crescimento exponencial. 

PVIP: Você está à frente do Eva há 6 anos apenas. Que momentos do Eva marcaram sua vida, enquanto você era folião ou cantava em outras bandas? 

FP: Eu tive várias músicas com namoradinhas, que foram trilha sonora de namoro. Eu comecei a tocar percussão e o primeiro CD que eu ganhei foi o do Eva, ainda com a Ivete. Ganhei de amigo secreto e fiquei esperando meu pai comprar um som porque tinha acabado de lançar CD, era uma coisa muito nova. Eu escutava dia e noite. O Eva sempre esteve presente na minha vida, sempre foi minha banda predileta e a que eu mais me identifiquei dentro da música baiana.

PVIP: Como você lida com o fato de ser o representante do Eva em um momento de comemoração tão importante como esse? 

FP: É muito especial! É uma grande honra! É incrível poder escrever um capítulo tão importante na história da banda. Me sinto muito honrado de dar continuidade a esse legado.  

PVIP: O Eva é um dos blocos mais importantes do carnaval de Salvador e responsável por inúmeros revoluções na folia baiana. O que vocês estão preparando para comemoração dos 40 anos na Avenida?

FP: Estamos preparando um monte de coisa legal! A gente quer tornar a experiência do folião única. A gente quer que o 40º carnaval do Eva fique marcado na vida dele. Estamos batendo cabeça, criando um monte de coisa bacana pra poder sair na Avenida da melhor forma possível e fazer com que seja especial pra fazer parte desse pacote de homenagens aos 40 anos. 

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Escrita por Matheus Queiroz

Jornalista e amante de cultura pop.