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Entrevista | Daparte lança “Fugadoce” e comenta sobre produção: “A gente aprendeu muita coisa”

Crédito: Rafaela Urbanin

A banda Daparte lançou em novembro o disco “Fugadoce”, o segundo da carreira e sucessor de “Charles”, lançado em 2018. O projeto, que foi construído nos últimos três anos, conta com 13 faixas, incluindo as parcerias de Lagum e Zé Ibarra, além de um presente especial para os fãs.

Em conversa com a Poltrona Vip, João contou que o projeto foi gravado antes da pandemia e que foi produzido de maneira bem esparsa. Inicialmente, a banda estava se planejando para divulgar o projeto em 2020, mas a pandemia fez com que o disco demorasse um pouco mais para chegar às plataformas.

“A gente tinha o plano de lançar esse disco em 2020, no início de 2020. Então, em 2019 a gente gravou muita coisa, já estava produzindo o álbum e começou a pandemia. Então, a gente teve que readequar os planos de gravação, gravamos outras coisas e tivemos que adiar o lançamento. Aquela coisa toda né de início da pandemia. Ninguém sabia direito o que tava acontecendo, quando iam voltar os shows, quando que ia voltar qualquer coisa que fosse voltar e aí fomos picando, gravando cada hora uma coisa à medida que foi liberando voltar a encontrar. O estúdio ficou fechado muito tempo, a gente também ficou sem se encontrar uns meses, mas o disco ele tem esse conceito de ser uma coisa lá e cá, agridoce, feliz e triste. As músicas todas seguem essa ideia. Então, o que colou elas umas nas outras na narrativa do disco foi essa dinâmica de altos e baixos.”, disse João, que refletiu sobre a experiência. “Foi um processo que mesmo tendo essas intempéries do dia a dia ai que foi a pandemia foi muito bom. A gente aprendeu muita coisa na produção do disco, a gente pode botar em prática muitas coisas que a gente aprendeu com as outras gravações”, finalizou o músico.

Com uma mistura de baladas profundas e reflexivas com canções alegres e “alto astral”, o disco coloca em evidência todo o talento da banda, que reúne uma dezena de fãs fiéis. Os rapazes decidiram ainda incluir na tracklist do projeto a faixa “Você Gosta Dela”, que já era querida pelos admiradores da banda. 

“Nossos fãs, aqui de Belo Horizonte, cantam ela antes da gente ter lançado no show. Quando a gente fazia show aqui a gente já tocava ela e aí as pessoas decoraram o refrão muito facilmente, é um refrão que realmente pega e a gente acredita muito nessa música. Então, a gente aproveitou do apelo que a letra traz, aproveitamos da melodia que a música leva pras pessoas, pra fazer dela a faixa que vai apresentar a Daparte para as pessoas que forem ouvir o disco. Ela é a primeira música a gente acredita muito nela e a gente gosta desse papo que ela tem, essa fala de ‘você gosta dela, você gosta dele, ele gosta dela’ essa coisa bem da nossa juventude que hoje a gente vê muito assim nas nossas festas das pessoas se gostarem bastante sem medo de amar, pessoas se relacionando com pessoas do mesmo sexo e de outros sexos e aquela bagunça toda que a gente mostra no clipe de várias pessoas se beijando de nichos diferentes, de classes diferentes e a gente acredita muito nessa mensagem, que é o rock que a gente gosta”, explicou Juliano.

Ainda sobre “Você Gosta Dela”, João comentou que os fãs cobraram muito o lançamento da faixa. “Era uma coisa que a galera sempre ficou na nossa cola pra sair sempre a gente anunciava um lançamento. ‘Ah, vai ser ‘Você Gosta Dela’. Agora vem!’ e aí num era porque a gente tinha um plano de lançar como faixa do disco.”, explicou o cantor, que revelou que a faixa é a xodó dos fãs e a música que o público mais gosta de cantar nos shows. “Mesmo antes de lançar ela é a música mais cantada, talvez. É muito bizarro.”, finaliza Juliano.

O processo de escolha das faixas que fazem parte do “Fugadoce” aconteceu de uma forma muito natural e partiu de um montante de composições, que passaram por uma seleção e culminaram nas 13 canções. João revela que a banda levou em conta as faixas que mais tinham a ver com a narrativa do projeto, incluindo as que seriam mais legais de tocar nos shows e as que fariam o público pensar na vida, por exemplo.

“Foi um processo que geralmente acontece. Alguém começa a compor um negócio, a maioria das músicas desse disco é eu e Ju que fizemos e aí a gente levava pro ensaio e a galera foi curtindo várias músicas que a gente foi levando e depois que a gente tinha um bolão de músicas fomos selecionando quais tinham mais a ver com essa narrativa do ‘Fugadoce’”, disse João, que compõem muitas coisas que acabam não lançando. “A gente compõe também muita coisa que acaba não lançando, mas é normal. A gente leva tudo e aí passa o pente fino e seleciona as que a gente acha que vão funcionar melhor”, disse o músico. 

Com a chegada da pandemia, o projeto que já estava praticamente pronto para ser lançado passou por algumas alterações pela banda considerar que alguns arranjos estavam um pouco “datados”. Uma das canções que ganhou uma cara nova foi a querida pelos fãs “Você Gosta Dela”, que foi regravada.

“Tiveram três músicas que a gente mexeu bastante. Uma foi ‘Você Gosta Dela’, a gente regravou porque achava que o arranjo antigo ele não conversava bem com os timbres e as coisas que a nossa geração tá ouvindo. A gente achava o arranjo um pouco datado. Talvez a gente até lance o outro arranjo que a gente gravou porque a gente gosta da versão”, contou Juliano. A versão repaginada da faixa foi gravada em um home studio e teve a colaboração do produtor Tibery. “‘Queria Eu’ também é uma faixa que a gente produziu com o Zani, que é guitarrista do Lagum, e ‘Carnaval’ a gente mexeu um pouco no refrão dela. O refrão dela era de um jeito e a gente mudou pra outro.”, completou.

O processo de produção do projeto e as mudanças que fizeram nas faixas reflete muito no crescimento dos artistas como músicos, tendo em vista que aplicaram muitos dos aprendizados no “Fugadoce”. “A gente teve um amadurecimento por parte da banda. A gente quis dar uma nova chance pra gente, com tudo que a gente já tinha aprendido com várias coisas que a gente fez no estúdio e tal, melhorar a gente acreditava que a gente poderia melhorar nas faixas”, finalizou Juliano.

O primeiro disco da banda, o “Charles”, serviu como pontapé inicial da Daparte que conhecemos hoje. Embora fossem apenas um grupo de garotos e não tivessem tanta experiência na época, o projeto apresentou a banda ao público apaixonado pela sonoridade e estilo da banda, que se mantém fiel até hoje.

“A gente ainda não conhecia tanto de estúdio de gravação, de carreira, de nada. A gente era um tanto de menino de 17 anos com as músicas que a gente compôs ali com 16 e 17 anos e fomos pro estúdio gravar o que a gente tocava nos ensaios e curtia. A gente num tinha fã, a gente ainda não tinha uma carreira reconhecida pela galera, a gente tinha nossos amigos que sempre nos apoiaram”, reflete João. Com o tempo, mais pessoas foram curtindo o som, apoiando o trabalho e a Daparte começou a fazer ainda mais shows, dentro e fora de Belo Horizonte.

O “Fugadoce” acompanha justamente esse crescimento e fala diretamente com o público da banda, além de impactar até mesmo a sonoridade do projeto. “A gente tá sempre cantando o que a gente tá vivendo o que a gente tá sentindo e aí pro segundo disco a gente já chegou com uma bagagem extra tanto de estrada, de música, como pessoal também, um crescimento pessoal. E aí eu acho que pra esse segundo disco a gente conseguiu já encontrar uma sonoridade mais da Daparte, uma coisa mais original, mais autêntica, que traz um pouco mais da nossa estética”, explica João. “É um disco mais homogênio, o Fugadoce. Ele tem mais uma cara de banda um pouco mais madura”, completou.

Ainda sobre o crescimento pessoal atrelado com a música, Juliano reflete sobre o momento em que deixou o ensino médio da escola e partiu para a faculdade. “Sair da escola e ir pra faculdade é muito marcante, assim. Eu acho que quando entrei na faculdade eu comecei a compor muito mais. Não sei porque, por qual motivo, mas as coisas foram naturalmente saindo mais, acho que talvez eu tinha mais tempo mesmo preocupado com algumas coisas e foi um momento marcante assim pra mim.”, diz o cantor, que cursa Jornalismo. “Eu acho que o ‘Charles’ é o nosso disco do Ensino Médio, o ‘Fugadoce’ é o da faculdade e o terceiro disco será quando a gente tiver já com o nome no serasa”, brincou João, que faz Psicologia.

Sobre a mensagem central do projeto, Juliano diz de cara: “Rock n’ Roll não morreu”. Já João, conta que para ele a mensagem é justamente viver o momento. “Eu tenho muito pra mim que é a coisa de viver o momento que a gente está mesmo, que é esse momento de descobertas da vida adulta e as coisas que a gente vive no dia a dia, os medos, as incertezas, as ansiedades, as felicidades. Acho que é celebrar esse momento que a gente tá vivendo e que o nosso público também tá vivendo junto com a gente, né.”, conta.

Para o futuro, a Daparte continua trabalhando nas canções do disco e já possui alguns shows agendados para o próximo ano. Além disso, há a possibilidade de uma turnê em janeiro pelo sul do país com outras bandas, mas ainda não há muitas informações. 

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Escrita por Otavio Pinheiro

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