A cantora e compositora Fernanda Abreu lançou, nesta última sexta-feira (11), o segundo registro audiovisual da carreira de 30 anos: o DVD “Amor Geral – (A)Live”. O trabalho eterniza o espetáculo que rodou o Brasil durante três anos.
Na turnê, Fernanda apresentou um repertório onde mescla clássicos da carreira, como “Rio 40 Graus”, e faixas inéditas do “Amor Geral”. O foco do show é a dança contemporânea, que divide com a música a função de conduzir um espetáculo imagético e performático. O DVD foi registrado em apresentação no Rio de Janeiro, marcada para o dia 13 de março de 2020.
O público carioca assistiria, mais uma vez, àquele show que estreou na cidade pouco mais de três anos antes. No entanto, horas antes do Centro Cultural João Nogueira, famoso teatro localizado no bairro Méier, abrir as portas, um decreto do governo do Estado proibiu imediatamente eventos públicos com aglomerações. Com a restrição, Fernanda precisou encarar uma plateia vazia para realizar o registro do DVD.
“Eu tomei a decisão certa, porque, agora olhando pra trás, eu vejo que eu não conseguiria nunca mais fazer o registro dessa turnê. Hoje, eu fico feliz de ter na minha carreira esse produto pra ficar pra eternidade”, declarou Fernanda.
Na semana passada, Fernanda Abreu recebeu a imprensa para uma coletiva virtual e dividiu a experiência de encerrar a turnê “Amor Geral” em um show que, involuntariamente, marcou o início do movimento das apresentações sem plateia na indústria musical.
Show sem plateia
Na estrada com o espetáculo “Amor Geral” desde 2016, Fernanda Abreu realizaria mais uma apresentação sem grandes dificuldades, se não fosse pela falta das pessoas, que, segundo ela, são o principal diferencial de cada show: “Cada show é diferente por causa da plateia, isso é muito nítido. O que faz diferença nessa relação é o público. Às vezes, quando você chega cansada na cidade e entra no show e encontra aquela plateia, é uma coisa que dá uma energizada”.
Na falta de público, os profissionais envolvidos no show ficaram responsáveis pelos poucos aplausos entre as canções. “Agora a gente tá no mundo da live, todo mundo já sabe que quando acabar a música não vai ter nenhum aplauso, mas naquele momento foi um grande desafio pra mim. Mas eu tive imaginação. Eu via duas mil pessoas gritando na minha frente, aplaudindo”, disse Fernanda.
O trabalho, que inicialmente receberia como subtítulo apenas “Ao Vivo”, se tornou “(A)Live”: um trocadilho entre o nome das apresentações virtuais sem plateia, muito populares durante a quarentena, e a palavra “Alive”, que significa “vivo” em inglês. Sobre o título, Fernanda justifica: “A gente tá num ano em que morreram mais de 180 mil brasileiros. A gente tem que, ao mesmo tempo que se solidarizar com a perda de todas as pessoas que tiveram seus entes perdidos nessa porra dessa pandemia, mas celebrar também que a gente tá vivo”.
Apesar de, mesmo sem intenção, ter inaugurado a era das lives e mostrar-se orgulhosa do registro histórico do DVD “Amor Geral”, Fernanda defende que o show com plateia é insubstituível: “O show é muito mais do que assistir ao artista, é o encontro das pessoas, os amigos que vão juntos, a paquera, a noitada que rola. Tem a troca que é super importante”.
30 anos de carreira
A pandemia do coronavírus também inviabilizou outro projeto na carreira de Fernanda Abreu: um espetáculo em comemoração aos 30 anos de carreira solo. A celebração, Fernanda defende, é importante também para mostrar à nova geração do pop que existem carreiras longas no segmento: “A música pop é tão tachada de efêmera, descartável e tô eu aqui viva. Uma artista pop com 30 anos de carreira. É importante celebrar”.
Em 1990, a cantora lançou o álbum “Sla Radical Dance Disco Club”, que representa não apenas a estreia da ex-vocalista do Blitz como solista, mas também marca a inserção da música pop dançante no mainstream. Em homenagem à cena, Fernanda prepara o lançamento do projeto “30 anos de Baile”.
O CD trará 13 remixes inéditos de faixas importantes da discografia da artista. Entre os convidados, estão nomes famosos como Zé Pedro, DJ Memê, Tropkillaz e Dennis DJ. Apesar de pronto, o compilado ainda não tem previsão de chegar às plataformas. “Eu tô esperando um pouquinho porque é um disco tão bom que a minha vontade é que ele saia em um momento onde role pista, role baile, role aglomeração. Mas se demorar muito, eu sou ansiosa, eu vou acabar lançando assim mesmo”, brincou Fernanda.
Enquanto não retorna aos palcos para celebrar as três décadas de carreira, Fernanda prefere continuar a enaltecer o amor, principal mensagem que espera deixar ao público com os mais recentes trabalhos: “O amor é minha maior inspiração e a base do amor é o respeito. E o respeito é você aceitar como o outro é, é você ter muito mais tolerância, é conseguir ouvir, a escuta é super importante. Hoje em dia, nas redes sociais, as pessoas falam, falam, falam, mas na real a gente tem dois ouvidos e uma boca. Então, dá pra gente falar menos e ouvir mais”.
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