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Menos macabra, “A Maldição da Mansão Bly” apresenta uma trama mais dramática e reflexiva | Crítica

Uma das produções mais comentadas dos últimos anos, “A Maldição da Residência Hill”, ganhou o carinho dos fãs ao se mostrar uma série diferente das demais e apresentar um modelo novo de terror. Criada por Mike Flanagan, a série não se prende na necessidade de assustar, mas em mostrar o medo de uma visão mais psicológica, algo que é relacionado a outros fatores muito mais intensos, profundos e pessoais.

Para aqueles que não conhecem a produção, ela segue o modelo antológico, ou seja, não perpetua a mesma história e personagens no decorrer das temporadas. A cada nova leva de episódios há um início, meio e fim. “Residência Hill” abordou luto, traumas e conflitos familiares com um olhar novo para o gênero, fugindo dos clichês e construindo um enredo forte até o último segundo. Em “Mansão Bly” pode haver uma quebra de expectativas, já que ela desconstrói tudo o que foi construído anteriormente para erguer algo novo no lugar.

Com nove episódios, “Mansão Bly” acompanha Dani Clayton (Victoria Pedretti), uma professora americana que vai para Londres em busca de um novo rumo para a vida após um acontecimento trágico que viveu. Desempregada, Clayton aceita o emprego de cuidar de duas crianças, Flora (Amelie Smith) e Miles (Benjamin Ainsworth), em uma mansão por tempo integral.

Assista abaixo o trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=5QHl7wRBfOU

Uma das grandes diferenças entre Hill e Bly é o ritmo dos acontecimentos. Em Hill, a sensação é que as coisas acontecem bem mais rápido enquanto em Bly a série começa a ficar mais agitada a partir do quarto episódio. Os primeiros capítulos apresentam os personagens e as vulnerabilidades de cada um tornando-os ainda mais profundos e fazendo com que o público os entenda melhor.

A verdadeira mensagem por trás da história aparece quando a trama começa a desenrolar com mais rapidez e assim que todas as vulnerabilidades são postas à mesa, percebemos que “Mansão Bly” é mais grandiosa do que parece ser em um primeiro momento. A produção se espelha na vida, na incapacidade do ser humano em evitar perder algo ou alguém que ama. Bly é uma história de amor, que traz à tona emoções humanas, sentimento perda e no quão o fim é uma coisa impossível de ser evitada. Um romance gótico cheio de segredo, horror e ruína.

O enredo também é um dos pontos mais distintos entre as duas temporadas, mas não por se tratar de uma história nova, claro, mas sim por se distanciar de todo o terror do primeiro ano para dar foco à uma trama mais densa e reflexiva. Os diálogos evidenciam toda a carga dramática ganhando uma atenção maior que os acontecimentos macabros, que ainda estão lá, mas em uma intensidade menor que em “Residência Hill”.

Assim como na primeira temporada, Victoria Pedretti é um dos grandes destaques em “Mansão Bly”. Num primeiro olhar, Dani Cleyton é só uma garota buscando por algo novo, mas quando a conhecemos melhor ela se mostra mais intensa, misteriosa e determinada. Pedretti consegue fazer com que a personagem transite entre a fragilidade e a força de uma forma muito inteligente.

T’Nia Miller, a nova adição da franquia, vive um dos personagens mais incríveis e profundos de Bly. A atriz interpreta a governanta Hannah e se apresenta como o ponto de equilíbrio na mansão, tendo ganhado um episódio inteiro de destaque. A personagem passeia entre passado e presente de uma forma quase que desconfortável e desesperadora, como se estivesse presa. Inclusive, a série faz bastante isso.

Kate Siegel, que também esteve na primeira temporada, apresenta uma performance mais discreta, uma vez que não aparece tanto na trama – não direi spoilers! No entanto, a personagem de Siegel é a habitante da Mansão Bly mais antiga e ganha um destaque muito importante em um dos episódios, um dos mais “bonitos” de toda a temporada. Quanto as crianças, Amelie Smith e Benjamin Ainsworth foram “perfeitamente esplêndidas” em todos os momentos e transitaram com facilidade entre a ingenuidade e o macabro.

“A Maldição da Mansão Bly” está muito longe de ser uma temporada ruim, mas não apresenta os elementos que fizeram com que a primeira se tronasse o grande sucesso que foi. E, talvez, isso nem seja um ponto negativo. Com uma fotografia impecável e sem tantos fantasmas como em Hill, a série apresenta uma nova pegada, uma nova maneira de contar uma história muito profunda, intensa e, por vezes, um pouco arrastada.

A dica aqui é assistir a produção com o coração e mente livres de qualquer julgamento e tendo conhecimento de que a série também se trata do medo, assim como na primeira, mas o sentimento em outros estágios, em outras formas, mais ligado ao amor, à perda, ao esquecimento e outros. Acredito que este seja mais um sucesso para Flanagan e para essa parceria com a Netflix, onde a série estreia nesta sexta-feira, 9 de outubro.

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Escrita por Otavio Pinheiro

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