No mês passado, o cantor e compositor Nathan Itaborahy lançou o disco de estreia, “Sentado no Céu”. Produzido em parceria com Douglas Poerner, o álbum traz a percepção do artista sobre diversas temáticas da vida em sociedade.
Apesar de estreante como artista solo, Nathan conta com um vasto currículo musical, que traz diversas colaborações como músico e produtor. Em entrevista ao Poltrona Vip, o cantor recordou a transição entre a vida acadêmica e a música e revelou os projetos futuros.
Carreira
Nathan Itaborahy iniciou a carreira musical aos 15 anos. Na época, ele se apresentava em bares e casas noturnas. Na infância e na adolescência, estudou música e se aperfeiçoou em diversos instrumentos, como bateria, violão e flauta transversal. Antes de assumir de vez o lado vocalista, ele atuou como músico e produtor nas bandas Eta!Noise, Urbana Legio e Blend 87 e nos trios Dona Flor e Tropeço Trio.
“Muitas das minhas músicas foram interpretadas pelos projetos e artistas que acompanho, mas eu estava ali muito mais como músico, como baterista”, relatou Nathan. A demora para um trabalho como solista, ele justifica, se deve à relação com a composição. “Foi lentamente se adensando e ganhando personalidade e com uma afirmação quase psicanalítica da minha própria voz. Foi um processo lento esse de sair da bateria, meu instrumento principal, para assumir a frente de um projeto”, contou.
A transição da bateria para o microfone não foi a única que Nathan experienciou nos últimos anos. Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele dividiu durante muitos anos as atenções entre a música e a academia, até sentir o “chamado” da arte e passar pelo “assassinato da carteira assinada”, processo que deu título ao álbum do Tropeço Trio.
“Eu escrevia muitos artigos, relatórios e projetos na universidade e fui não só construindo uma crítica a linguagem ‘dura’ e sem vida do texto acadêmico, como também comecei a escrever poemas e outros textos literários. Isso tudo desaguou na canção, que de certa forma junta meu gosto pela música com o gosto pela escrita”, disse.
Desse todo esse processo de descobertas, surgiram as 12 faixas autorais que compõem a setlist do “Sentado no Céu”. As inspirações para as letras surgem “no meio da vida”, como explica Nathan. “Costumo estar andando pela rua ou na estrada e surge algum verso ou melodia que tem a ver com aquela paisagem, aquele momento. Registro essa ideia e ela passa a ser o ponto de partida para me jogar numa canção”.
Com a obra, Nathan espera alcançar um público que “pesquisa música” e se interessa por “diferentes sonoridades”. “Queria atrair um público questionador, que se dispõe a aprofundar nas próprias questões existenciais, nas questões dos nossos tempos, nos dilemas da vida”, revelou.
Planos para o futuro
Com a realização de shows presenciais ainda embargada, Nathan tem se dedicado a outros projetos, entre eles, aulas online, lives e a pré-produção remota de dois álbuns: o de uma dupla juizforense e o novo disco da cantora Clara Castro, namorada do artista.
“Isto tem sido um desafio para todo mundo e tenho certeza que as políticas públicas vão ser ainda mais importantes nesse momento, a exemplo da recém aprovada Lei Aldir Blanc”, celebrou Nathan, referenciando a lei federal que estabeleceu ajudas emergenciais para profissionais da área.
O começo do período de quarentena foi um momento de inspiração para o cantor. No entanto, o entusiasmo cessou à medida com que o tema foi “começando a saturar”. “Sinto muita falta de viver as coisas mais inesperadas, de viajar e andar pela rua, de tal forma que sinto que meu imaginário anda meio seco. Já tem um tempo que não faço uma música nova e que não consigo falar de outras coisas que não dessa loucura que estamos vivendo. Tudo soa como fuga ao tema”, lamentou.
Apesar do atual contexto, Nathan está cheio de ideias para futuros projetos experimentais, entre eles, o áudiobook de um livro ainda não publicado e músicas infantis, feitas para os sobrinhos e filhos de amigos. “Mesmo isolado, o negócio é estar sempre em movimento”, resumiu.