Cantor, compositor, violonista, ator e humorista, Rafael Cortez lançou nesta sexta-feira (05) o álbum independente “Que Sorte a Minha”, em todas as plataformas digitais. Com direção de Pedro Mariano, o trabalho traz 11 canções de MPB compostas pelo artista e que falam, de um modo geral, da pandemia imposta pela Covid-19.
“O álbum não poderia ter um título melhor quando penso na minha relação com a música brasileira. Esse nome faz ainda mais sentido quando penso em como nasceu a maior parte das peças que o público vai ouvir: foi a minha resposta à pandemia imposta pela Covid-19”, conta Cortez. “A doença mudou radicalmente nossas vidas e ceifou milhares de outras. Mas dela, entre outras criações pessoais, fiz nascer as obras desse álbum”, completa.
Além da versão digital, com distribuição da Tratore, serão disponibilizados 500 cópias em CD físicos com venda digital. Ouça:
Além disso, para ele, o nome “Que Sorte a Minha” caiu como uma luva também por conta dos encontros que pôde ter nesse trabalho. “O disco conta com a produção musical de Pedro Mariano, que trouxe um time de arranjadores e músicos excepcionais como Conrado Goys, Herbert Medeiros e Agenor de Lorenzi, entre outros”, explica. A produção executiva é de Patricia Fano e o disco foi gravado no estúdio de Dudu Borges. “A cereja do bolo é ter a participação de Rafaela Mariano, jovem de 14 anos filha de Pedro e neta de Elis, nos backing vocals de algumas faixas”, comemora Cortez.
“É um privilégio saber que um projeto como esse nasceu do meu coração no meio de uma pandemia e em um país como o nosso, num contexto onde tudo estava tão ruim e as perspectivas não eram as melhores”, reflete. “Pois bem, “Que Sorte a Minha” é um registro de uma época e é a minha resposta ao que eu vivi. É uma expressão de amor, por amor e com amor. Espero que seja com esse mesmo sentimento que ele agora siga vivo”.
Rafael já tem quatro trabalhos musicais lançados. Foram dois álbuns de violão solo, com as próprias composições, o “Solo” (2005) e “Elegia da Alma” (2011), um disco de versões novas para as músicas mais engraçadas da MPB, chamado “MDB – Música Divertida Brasileira”, um álbum de pop-rock ao lado da banda Pedra Letícia e o EP “MPB – Naquele Tempo”, lançado em 2019, pela Sony Music, com suas primeiras composições de MPB. Todos os álbuns foram pagos por Cortez com recursos 100% próprios, sem crowdfunding, leis de incentivo ou patrocínios.
Faixa a Faixa por Rafael Cortez
“Um Abraço” veio no começo do isolamento social e fala da necessidade de mantermos os carinhos ativos, mesmo não sendo físicos, já que a doença não deixava. Ficamos reflexivos e tentamos nos encontrar muitas vezes em meio ao caos das privações.
“Espelho” é de outra fase da minha vida, mas coube neste contexto. Fragilizados pelos impactos da doença, reforçar os laços de amor era vital – por isso nasceu a faixa que dá nome ao disco, bem como “Benigno” – uma canção que fala de Deus. Bons amigos fazem a diferença em tempos duros, e por isso “Presente”, criada em 2019 antes da pandemia, coube aqui.
Ao mesmo tempo, a gente queria voltar a ser livre e sonhava com a retomada da vida normal, ou possivelmente muito melhor: “Bicho Solto” fala disso, num samba onde “podemos tudo mas não podemos nada”. Já “Guenta Aí!” é a promessa da festa como recompensa por dias tão duros.
A revolta diante do contexto da doença em âmbito político-Brasil trouxe dois protestos: “Deus nos Proteja” e “Triste Brasil”. Da dor de perder tanta gente para o vírus, nasceu “Pra Chorar Juntinho aos Meus” e fez com que “Rua das Estrelas Sirius”, canção minha de anos atrás, fizesse sentido de estar no disco.