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Rainha do Ar e da Escuridão (Os Artifícios das Trevas #3) – Cassandra Clare | Resenha

Geralmente, tento escrever com o menor número de spoilers possíveis, focando em apresentar os pontos positivos e negativos da trama sem estragar o prazer da leitura para aqueles que encontrem o texto antes do livro. Mas sendo este o terceiro livro de uma série – e o 14º do Mundo das Sombras – não considerarei como spoilers informações dos livros anteriores da trilogia ou do universo como um todo.

Indo direto ao ponto, ‘Rainha do Ar e da Escuridão’ começa literalmente após os acontecimentos do fim de ‘Senhor das Sombras’. Ainda no Salão dos Acordos, a confusão gerada pela destruição da Espada Mortal e claro, a morte de Livvy. Dividido em 3 partes, o livro começa focando no luto e na reação de cada personagem a esses eventos, mas sem esquecer das questões que já vinham sendo trabalhadas desde o início da trilogia: a Maldição Parabatai, a Praga/Doença dos Feiticeiros, a Tropa, a Paz Fria e claro, os desdobramentos românticos entre os personagens.

A quantidade de assuntos abordados e de personagens deixam essa parte introdutória bastante extensa e com um desenvolvimento um tanto lento e quebrado em pontos específicos da narrativa mas que não atrapalham a escalada emocional ou o desenrolar da trama. Esta, nunca para. O ritmo acelera lentamente mas de forma constante, até que o fim dessa primeira parte – não seria exagero dizer que há 3 livros menores dentro de ‘Rainha’, é ação rápida e intermitente que já conhecemos do estilo Cassandra Clare de escrever.

No quesito desenvolvimento de personagens, essa primeira parte cria muito mais conflitos novos do que começa a dar finalização aos já existentes. Mas apesar de ser tão extensa, não consegue fazer com que a narrativa se desenvolva de maneira satisfatória. A impressão é que os personagens fazem, fazem e fazem mas continuam no mesmo lugar – não literalmente, já que as ações se passam em vários pontos geográficos diferentes, inclusive distantes.

A partir da segunda parte, as coisas começam a se desenrolar de maneira a finalmente começar a solucionar conflitos e dramas, alguns recém-criados, outros que vinham se avultando desde o primeiro livro. O problema é que aí também é onde o livro começa a desandar de vez. Se na parte do luto as coisas estavam um pouco lentas, aqui elas assumem um ritmo acelerado. Morro abaixo.

Ao se utilizar de artifícios fáceis para resolver questões apresentadas como muito complexas até então, Cassandra Clare se perde em seu próprio estilo. Quanto ao enredo, esse se transforma numa sopa de absurdos com fan service. Sem contar que a tentativa de descontruir o Universo das Sombras se transforma em tragédia. E não da maneira como, eu suponho, a autora esperava.

Personagens fracos que estão ali apenas para gerar comoção – mas não convencem – em uma trama apressada com várias novas informações à Mitologia desenvolvida desde ‘Cidade dos Ossos’ que soam como adendos inseridos para justificar ações futuras no texto. Enquanto isso, parte importante do ‘elenco’ principal é simplesmente jogado de lado. E quando a história retorna ao seu “universo”, as soluções descobertas nesse outro mundo soam cada vez mais forçadas.

Não mais forçado que o desfecho do livro. Se o início do fim, ou a “Parte 3”, já começa de forma acelerada e demonstrando um ritmo bastante acertado entre desenvolvimento de personagens e desenrolar da narrativa – o que dá um respiro pro leitor em quase todos os sentidos – e devolvendo aos personagens o rumo da história, com cada um retornando a suas personalidades antes estabelecidas, o ápice da ação parece um episódio mal escrito de Power Rangers (incluindo a versão shadowhunter do Megazord). E, num momento que deveria ser emocionante ao estabelecer o laço mais forte entre os protagonistas, soa apenas como uma cena de filme –ruim- da Sessão da Tarde, com emoções clichês e sentimentalismo barato. Um desserviço à personagens tão bem construídos desde o início dessa trilogia.

‘Rainha’ não é uma completa decepção. Existem diversos pontos positivos e acréscimos ao esse Universo que acompanhamos há mais de uma década. Só que entre personagens desperdiçados em arcos que não levam a lugar nenhum (olá Ty e Kit), absurdos narrativos, decisões indefensáveis da autora e um final arrastado em nome apenas de agradar fãs, fica difícil dizer quais são. O que gera uma decepção ainda maior pois os dois primeiros prometiam, e tinha pra ser, que essa seria a melhor trilogia do Mundo das Sombras.

Resta a esperança que Cassandra Clare retome à sua melhor forma nos – vários – livros do universo que estão sendo/para ser lançados.

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Escrita por Milla Fadel

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