Com a morte de George Floyd, nos Estados Unidos, os americanos foram às ruas para protestar contra a brutalidade policial e o racismo de um caso que chocou todo o mundo. Na última terça (02) uma série de empresas renomadas, como Universal Music, Sony Music, Atlantic Records, e plataformas de streaming, se uniram ao protesto e pausaram os serviços durante um dia em uma ação, que levou o nome de “Blackout Tuesday”.
No Brasil, a realidade não é tão diferente o os casos de mortes de pessoas pretas com menos de 18 anos só aumenta. Personalidades da televisão e internet se uniram nos últimos dias para refletirem e conscientizarem o público de um assunto importante e que precisa ser debatido. Uma das iniciativas veio do ator e humorista Paulo Gustavo, que cedeu a conta no Instagram para a ativista e escritora Djamilla Ribeiro levantar pautas pertinentes ao assunto durante todo o mês de junho.
Além de entreter as pessoas, obras cinematográficas também possuem grande responsabilidade de transmitir mensagens positivas. As produções apresentam situações que muitas pessoas pretas passam no dia a dia e fazem o telespectador refletir sobre atitudes e entender ainda mais algum tópico.
Segundo um relatório da Parrot Analytics, a busca pela série “Cara Gente Branca” aumentou 329% na última semana. Já a procura de “Olhos que Condenam” cresceu 147%. Os dados da pesquisa foram coletados entre 27 de maio e 2 de junho. Pensando nisso, separamos algumas sugestões de séries que abordam não só o racismo, mas questões sociais diversas, como direitos LGBTQ+, feminismo e muitas outras. Confira a lista abaixo:
BLACK-ISH
Com seis temporadas e a renovação para um sétimo ano já anunciada, “Black-Ish” aborda de uma maneira bem leve diversas questões sociais, como racismo, direitos LGBTQ+, política e vários outros. Protagonizada por Anthony Anderson e Tracee Ellis Ross, filha da Diana Ross, a produção explora o conflito que sentem as famílias negras que ascendem socialmente no mercado e o medo de perder a cultura negra.
Um dos episódios mais importantes da série leva o nome de “Hope” e aborda a brutalidade policial e o Black Lives Matter enquanto a família assiste às notícias sobre um jovem negro desarmado e o confronto fatal com a polícia. Embora fosse um caso fictício, nomes reais, como Freddie Gray e Sandra Bland, foram incluídos na discussão da família. O formato de debate do episódio foi capaz de abordar os dois lados da situação e não vilanizar completamente a força policial. O formato também permitiu perspectivas de diferentes gerações (exceto os gêmeos mais novos), origens e ideologias. O final do episódio girou em torno de uma mensagem de esperança e da importância de protestos, discussões e atitudes quando as pessoas são confrontadas com tragédias devido à brutalidade policial, assassinatos etc.
Com diversas indicações a prêmios, como Emmy Awards e Globo de Ouro, a produção conta com uma aprovação de 94% no Rotten Tomatoes e duas séries derivadas. Lançada em 2018,“Grown-Ish” traz a filha mais velha dos Johnsons, a Zoey (Yara Shahidi), que está descobrindo a vida adulta na faculdade. Com a quarta já encomendada e prevista para 2021, a primeira temporada possui uma aprovação de 95% no Rotten Tomatoes, com base em 38 críticas.
Já “Mixed-Ish” foi lançada em 2019 e narra os anos da infância de Rainbow Johnson, personagem de Tracee e que é vivida anos mais jovem por Arica Himmel. A história gira em torno da experiência de Rainbow de crescer em uma família de raça mista na década de 80, além dos dilemas sobre como assimilar ou permanecer fiel a si mesma quando os pais se mudam de uma comunidade hippie em 1985. A primeira temporada da série possui uma aprovação de 80% com 20 críticas analisadas pelo Rotten Tomatoes.
CARA GENTE BRANCA
“Cara Gente Branca” é uma produção Netflix que se baseia no filme de mesmo nome de 2014 e acompanha a vida de estudantes universitários negros, abordando questões que envolvem as relações raciais americanas modernas. A produção mistura drama com a comédia satírica e foi renovada para a quarta e última temporada, que deve chegar à plataforma de streaming ainda neste ano.
Com uma nota 95 no Rotten Tomatoes, a produção traz um humor bastante inteligente e aborda diversas questões, como a homossexualidade, ascensão social de pessoas negras, hipersexualização de homens negros, relacionamento interracial, entre outras.
Assim que o trailer oficial saiu, “Cara Gente Branca” já foi alvo de críticas de dezenas de usuários que alegavam que a produção estava sendo racista com os brancos. O criador da série, Justin Simien, respondeu positivamente à reação, falando sobre o objetivo da série e também que tal fato atraía mais atenção para o lançamento. A atriz principal, Logan Browning, observou que muitos dos críticos que deram ótimas críticas ao programa são brancos.
THE GET DOWN
Produzida pela Sony Pictures Television, “The Get Down” é uma série de drama musical americana criada por Baz Luhrmann e Stephen Adly Guirgis. A produção é ambientada na região de South Bronx, em Nova York, no final dos anos 70. A série foi dividida em duas partes e foi cancelada logo após a conclusão da primeira temporada.
De acordo com a Variety, o projeto foi um dos mais caros da Netflix, custando cerca de 120 milhões de dólares. Além disso, a primeira parte da primeira temporada atraiu 3,2 milhões de adultos norte-americanos entre 18 e 49 anos nos primeiros 31 dias, de acordo com a Symphony Advanced Media – aproximadamente um quinto da audiência que assistiu a quarta temporada da série “Orange is the New Black” também nos 31 primeiros dias.
Por outro lado, a série possui uma média de 81% no Rotten Tomatoes. Segundo o The New York Times, a série deveria ser um longa-metragem. “Após a estreia, o rendimento de todos caem consideravelmente. The Get Down deveria ter sido só um filme de Baz Luhrmann.“
O nome da produção é inspirado no “Operation Get Down”, uma organização comunitária estruturada em 1970 em Detroit, capital do estado de Michigan. A “OGD” se tornou um exemplo de organização autogestionada ao oferecer lazer, educação, alimentação, auxílio a aposentados, atividades artísticas e materiais educativos à comunidade.
INSECURE
“Insecure” é uma série de drama e comédia criada por Issa Rae, que também protagoniza a produção, e Larry Wilmore. A série é baseada na produção para web de Rae, “Awkward Black Girl”, de 2011, e estreou no HBO Now e HBO Go em setembro de 2016, antes de ser exibida semanalmente na HBO a partir de outubro do mesmo ano.
Com nota 96 no Rotten Tomatoes, “Insecure” possui quatro temporadas e foi renovada pela HBO para uma quinta em 2021. A produção rendeu a Rae duas indicações ao Globo de Ouro de Melhor Atriz – Série de Televisão Musical ou Comédia, além de uma indicação ao Primetime Emmy Award de Melhor Atriz Principal em uma Série de Comédia.
Na trama, Issa (Rae) e Molly (Yvonne Orj) navegam em experiências de carreira e relacionamento enquanto moram na cidade de Los Angeles, Califórnia. As amigas compartilham lutas internas entre si, sua amizade e a comunidade afro-americana. A série de meia hora explora questões sociais e raciais relacionadas à experiência negra contemporânea.
Além do enredo, outro destaque da produção é a trilha sonora, que tem como responsável o cantor e compositor vencedor do Grammy, Raphael Saadiq. Solange Knowles foi consultora musical do projeto, uma vez que a produtora executiva da série, Melina Matsoukas, trabalha diretamente nos videoclipes de Solage e sua irmã Beyoncé há anos. Inclusive, as duas primeiras temporadas possuem playlists especiais com a trilha sonora de cada episódio. (clique aqui para ouvir)
ELA QUER TUDO
“Ela Quer Tudo” é uma série de comédia dramática criada por Spike Lee e baseada no filme de mesmo nome de 1986. A primeira temporada da produção Netflix conta nota 85% de aprovação no Rotten Tomatoes, enquanto que a segunda alcançou a marca de 70%. No entanto, foi cancelada após duas temporadas de 10 episódios cada uma.
Na trama, DeWanda Wise vive Nola Darling, uma mulher de 20 e poucos anos à procura da própria identidade, que se divide entre os amigos, trabalho e três amantes: o modelo culto, Greer Childs, o banqueiro protetor, Jamie Overstreet, e o fã de hip-hop do Brooklyn, Mars Blackmon. A série é uma interpretação moderna da personagem, uma mulher que se autodenomina sexual, adepta do poliamor e da pansexualidade. Nola é apaixonada, sexual e não está disposta a sacrificar sua independência, nem seu prazer para viver de acordo com as regras sociais.
A história do longa se baseava nas próprias experiências de Lee. “Ela Quer Tudo surgiu porque, na época, eu tinha muitos amigos que se gabavam de ‘quantas vadias controlavam’, nas palavras deles”, explica o roteirista e diretor. “Essas palavras não são minhas, mas deles. Se soubessem que alguma de suas vadias estava com outro, eles perdiam a cabeça. Os caras não entendiam que isso é uma loucura. Eu quis virar o jogo, escrever uma personagem que levasse a vida como um homem, em termos de relacionamentos, para ver como os homens reagiriam a isso”.
OLHOS QUE CONDENAM
Co-escrita e dirigida por Ava DuVernay para Netflix, “Olhos Que Condenam” é uma minissérie baseada em uma história real que chocou os Estados Unidos. O roteiro apresenta o caso dos cinco adolescentes negros e latinos conhecidos como os “Cinco do Central Park”, que foram condenados por um estupro que não cometeram.
A produção, que é dividida em quatro partes, possui 96% de aprovação no site Rotten Tomatoes com base em 83 críticas. Nos Estados Unidos, o projeto também ganhou um especial de uma hora intitulado “Oprah Apresenta: Olhos que Condenam”, no qual o elenco, o criador e os cinco exonerados são entrevistados.
Com vários elogios ao elenco, a produção coleciona coleciona diversos prêmios. No 71º Primetime Emmy Awards, recebeu 11 indicações; Jharrel Jerome venceu como Melhor Ator Principal em Minissérie ou Telefilme, enquanto que a produção foi indicada para Melhor Minissérie e Aunjanue Ellis, Niecy Nash, Asante Blackk, John Leguizamo, Michael K. Williams, Marsha Stephanie Blake e Vera Farmiga receberam indicações de atores. A série também ganhou o Critics ‘Choice Television Award de Melhor Minissérie.