A produção “Amor e Sorte” estreia nesta terça-feira (08) na programação da Rede Globo. Com 4 episódios, o primeiro é protagonizado pela dupla de mãe e filha, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. A série começa às 22h45, logo após mais um capítulo da novela “Fina Estampa”.
“Com a quarentena, subimos a Serra. Ficamos por três meses naquele lugar. Virou a nossa casa. Eu aceitei logo, a mamãe foi ainda ficando mais revoltada com a situação. Até que uma hora a gente aceitou aquele lugar como nosso. E, quando veio a filmagem da série, foi uma espécie de coroação. […] Quando acabou a filmagem, rolou um vazio muito grande. Não era mais igual estar naquele lugar, como se a gente tivesse completado um período ali. Tanto que a gente desceu. O Andrucha veio trabalhar, a mamãe mudou de casa, eu voltei para o Rio. Esse especial, então, encerra esse momento da pandemia. Para mim, ele foi muito isso, uma espécie de auge desse período. Uma coisa que eu nunca vou esquecer na vida.”, diz Fernanda Torres.
O episódio leva o título de “Gilda e Lúcia” e retrata a urgência de uma filha, Lúcia (Torres), que precisa resgatar a mãe, Gilda (Montenegro), no Rio de Janeiro quando a pandemia começa. A urgência é devido à despreocupação de Gilda com a possível contaminação viral, mesmo sendo grupo de risco, na casa dos 90 anos. Moradora de Copacabana, ela insiste em circular pelo bairro, à revelia da necessidade de isolamento.
A fim de mantê-la segura, Lúcia praticamente a sequestra, a coloca dentro do carro e sobe a Serra para garantir que a mãe não terá como escapar. A convivência forçada trará à tona diferenças gritantes da personalidade das duas, que provavelmente foram a razão de se manterem afastadas por quase uma vida inteira.
Com direção de Andrucha Waddington e o filho, enteado de Fernanda Torres, Pedro Waddington, a série foi escrita por Antonio Prata, Chico Mattoso, Jorge Furtado e Fernanda Torres. O episódio conta ainda com participação especial de Joaquim Waddington, filho de Andrucha e Fernanda.
“Esse especial cravou para sempre um momento também de realização artística, de comunhão familiar, de aceitação de uma nova possibilidade de sobrevivência diante de uma tragédia como esse vírus que está em cima do mundo. Tivemos a oportunidade que a vida e a nossa batalha de sobrevivência nos deram: um espaço para podermos ir para a mata, para a natureza, para a solidão, não fechados dentro de um cômodo, mas numa vastidão de céu, de verde. Então, também tivemos um momento especial, pelo qual nós também lutamos. Isso foi consumado nesse episódio. Que veio também por acaso, tudo é o acaso. E o acaso tem sempre a última palavra, como diz a Simone Beauvoir.”, contou Fernanda Montenegro.
O grupo de artistas envolvido neste trabalho já esteve junto diversas outras vezes. Mãe e filha já contracenaram juntas, ambas já trabalharam com Andrucha, todos já trabalharam com Jorge Furtado, que já esteve com Antonio Prata em outras oportunidades, que é parceiro de roteiro de Chico Mattoso há quase 20 anos. A intimidade e afinidade é um ganho a mais para o público, que já está tão habituado a ver os trabalhos de sucesso de cada um deles na TV.
“A gente já trabalha juntas há tanto tempo. Quando você faz o trabalho, no fundo, você adoece daquilo, você vive aquilo profundamente. E as pessoas com quem você está trabalhando viram a sua família. Eu e mamãe falamos muito de arte, de livros, filme, mas é muito diferente quando estamos no jogo profissional. Nesse caso, minha relação com a mamãe não é muito diferente da minha relação com a Andreia (Beltrão), ou com o Andrucha (Waddington), ou com o Mauricio Farias. Você vira família de profissão. Quando a gente trabalha junto, eu sou tão família da minha mãe quanto sou da Andreia Beltrão, da Débora Bloch. Quando a gente está como mãe e filha, a gente é mãe e filha. Falamos sobre como está a vida, essa pandemia, o momento do Brasil, conversas que nós todos temos.”, finaliza Torres.