A Feira literária internacional de Paraty (Flip) anunciou a programação deste ano, nesta última terça-feira (5), em São Paulo. O evento vai acontecer do dia 25 a 29 de julho e contará com 33 convidados, dentre eles 17 mulheres – isso mesmo, a maioria! Neste ano, a autora Hilda Hilst será a grande homenageada.
Dentre os diversos temas da Flip 2018, estarão assuntos recorrentes na sociedade, como feminicídio e violência racial. A curadora da 16ª feira, a jornalista Joselia Aguiar, descreveu a temática como pertencente a uma categoria de “temas candentes”. E, ainda, declarou as integrantes da mesa sobre “Feminicídio, violência contra mulher e feminismo” como “autoras de muita opinião”. Ela reunirá a brasileira Djamila Ribeiro e a argentina Selva Amada.
Na grande lista de nomes, há também personalidades internacionais – parece que a Flip adora uma troca cultural. Arrasou! Mas, de acordo com Joselia, “Será uma Flip muito diferente da do ano passado, que se voltava para o mundo de fora. Agora, ela se volta para dentro. Será mais íntima”. Confira a extensa programação:
Quarta, 25 de julho
20h – Mesa 1 – Sessão de abertura: Hilda, Fernanda e Jocy
A atriz Fernanda Montenegro e a pioneira vanguardista, atualmente dedicada à ópera multimídia Jocy de Oliveira.
Quinta, 26 de julho
10h – Mesa 2 – Performance sonora
Gabriela Greeb e Vasco Pimentel
A voz, a escuta e as divagações literárias e existenciais de Hilda Hilst registradas em fitas magnéticas na década de 1970 são apresentadas pela cineasta Gabriela Greeb e o sound designer português Vasco Pimentel.
12h – Mesa 3 – Barco com asas
Júlia de Carvalho Hansen, Laura Erber e Maria Teresa Horta (em vídeo)
Esse diálogo inusitado reúne, por vídeo, um grande nome da poesia de Portugal do último meio século e, em Paraty, duas poetas brasileiras influenciadas pela lírica portuguesa que têm pontos em comum com Hilda Hilst.
15h30 – Mesa 4 – Encontro com livros notáveis
Christopher de Hamel
A religião, a magia, a luxúria e a leitura na época medieval se apresentam nas páginas do Evangelho de Santo Agostinho, do Livro de Kells e de Carmina Burana, comentadas pelo maior especialista do mundo nesses manuscritos.
17h30 – Mesa 5 – Amada vida
Djamila Ribeiro e Selva Almada
Uma ficcionista argentina que escreveu sobre histórias reais de feminicídio e uma feminista negra à frente de uma coleção de livros conversam sobre como fazer da literatura um modo de resistir à violência.
Da perda
Performance de Bell Puã, slammer pernambucana, a partir de tema de Hilda Hilst.
20h – Mesa 6 – Animal agonizante
Sergio Sant’Anna e Gustavo Pacheco
Um grande mestre da literatura brasileira que abordou o desejo, a solidão e a morte relembra sua trajetória ao lado de um leitor seu e autor estreante elogiado pela crítica portuguesa com histórias de humanos e outros primatas.
Sexta, 27 de julho
10h – Mesa 7 – Poeta na torre de capim
Ligia Fonseca Ferreira e Ricardo Domeneck
A falta de leitores e o silêncio da crítica, como reclamava Hilda Hilst: para esse debate, encontram-se a grande especialista no poeta negro Luiz Gama e um poeta e editor atento a nomes ainda fora do cânone, como Hilda Machado, que morreu inédita em livro.
12h – Mesa 8 – Minha casa
Fabio Pusterla e Igiaba Scego
Fazer literatura tendo uma língua comum – o italiano – e diferentes aportes, fronteiras e paisagens geográficas e literárias: nesse diálogo, reúnem-se o poeta de um país poliglota, que é tradutor do português, e uma romancista filha de imigrantes da Somália, que escreveu sobre Caetano Veloso.
15h30 – Mesa 9 – Memórias de porco-espinho
Alain Mabanckou
O absurdo e o riso, Beckett, culturas africanas, escrita criativa e crítica da razão negra: a trajetória e o pensamento de um poeta e romancista franco-congolês premiado se revelam nessa conversa com dois entrevistadores.
17h30 – Mesa 10 – Interdito
Do desejo | performance do escritor e artista visual paulista Ricardo Domeneck a partir de tema de Hilda Hilst.
André Aciman e Leila Slimani
O exercício da liberdade de escrever e a escolha de temas tabu ou proibidos – a exemplo do homoerotismo, da sexualidade feminina e da religião —são as questões tratadas nesse diálogo entre dois romancistas, um judeu americano de origem egípcia e uma francesa de origem marroquina.
20h | Mesa 11 | A santa e a serpente
Eliane Robert Moraes e Iara Jamra
A obra de Hilda Hilst em poesia e prosa é vista tanto em sua dimensão corpórea quanto mística por uma ensaísta que atua na fronteira entre a literatura e a filosofia, enquanto são feitas leituras por uma atriz que encarnou a sua personagem mais famosa – Lori Lamby.
Sábado, 28 de julho
10h – Mesa 12 – Som e fúria
Jocy de Oliveira e Vasco Pimentel
A escuta e a criação de universos sonoros: para esse diálogo, encontram-se uma das pioneiras da música de vanguarda no país, hoje dedicada à ópera multimídia, e um sound designer português – os dois conhecidos pelo rigor e pelo preciosismo.
12h – Mesa 13 – O poder na alcova
Simon Sebag Montefiore
Historiador britânico best-seller que publicou biografias de Stálin, dos Romanov e, agora, de Catarina, a Grande, conta, nessa conversa com dois entrevistadores, como faz para retratar figuras centrais da política em seus pormenores mais íntimos.
15h30 – Mesa 14 – Obscena, de tão lúcida
Isabela Figueiredo e Juliano Garcia Pessanha
Uma romancista portuguesa nascida em Moçambique que tratou de temas como o racismo e a gordofobia se encontra com um narrador de gênero híbrido e filosófico para discutir a escrita de si, os diários e as memórias, o corpo e o desnudamento.
17h30 – Mesa 15 – Atravessar o sol
Colson Whitehead e Geovani Martins
O americano vencedor do Pulitzer com um romance histórico sobre escravizados que construíram sua rota de fuga se encontra com um estreante que, da favela do Vidigal, inventa com liberdade seu jeito de narrar e usar as palavras.
Cantares do sem nome
Performance do poeta e artista visual maranhense Reuben da Rocha a partir de tema de Hilda Hilst.
20h – Mesa 16 – No pomar do incomum
Liudmila Petruchevskáia
Um dos grandes nomes da literatura russa moderna, comparada a Gogol e Poe por seus contos de horror e fantasia que não dispensam o teor político, relembra sua trajetória proibida por décadas no regime stalinista, hoje aclamada de Moscou a Nova Iorque.
Domingo, 29 de julho
10h – Mesa Zé Kleber – De malassombros
Franklin Carvalho e Thereza Maia
Um narrador do sertão baiano que abordou a mitologia da morte em seu premiado romance de estreia se encontra com uma folclorista que recolheu histórias orais de Paraty, em um diálogo sobre o território e seus encantados.
12h – Mesa 17 – Sessão de encerramento: O escritor e seus múltiplos
Eder Chiodetto, Iara Jamra e Zeca Baleiro
Uma atriz, um compositor e um fotógrafo que fizeram obras baseadas em Hilda Hilst relembram os encontros com a autora, o processo de criação e as marcas que a experiência deixou em suas trajetórias.
15h30 – Mesa 18 – Livro de Cabeceira
Autores da Flip 2018 leem trechos de seus livros preferidos