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Bonnie & Clyde: O casal mais procurado da Broadway chega a São Paulo

Acaba de chegar a São Paulo, no 033 Rooftop, o musical que narra a história da dupla de foras da lei mais famosa dos Estados Unidos: Bonnie & Clyde. O espetáculo que conta com músicas de Frank Wildhorn e letras de Don Black, teve sua estreia em San Diego, na Califórnia, em 2009, e, em dezembro de 2011, chegou à Broadway. A obra colecionou indicações em diversas premiações – inclusive, concorreu a dois Tony Awards, nas categorias melhor atriz em musical e melhor trilha original.

Trazido ao Brasil pela primeira vez pela Del Claro Produções, responsável por “Chaves, um tributo musical”, “Sweeney Todd” e “Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812”, o musical conta com direção geral de João Fonseca, direção musical de Thiago Gimenes e coreografias de Keila Bueno.

Além disso, Rafael Oliveira assume a tradução e versões das músicas, João Pimenta assina os figurinos deslumbrantes e Cesar Costa é encarregado pelo cenário incrível e responsável por parte da experiência imersiva que o público tem, que se inicia quando chegamos ao foyer do teatro e nos deparamos com um Ford V8, comprado em Curitiba e restaurado para ficar exatamente igual ao veículo usado pela dupla de criminosos que aterrorizou o interior dos Estados Unidos, no início da década de 30.

Créditos: Stephan Solo

Por conta do período conhecido como “a grande depressão”, ou crise de 1929, que aconteceu devido à quebra da Bolsa de Valores de Nova York, e pela falta de comida, moradia e esperança que a população sofria naquela época, Bonnie Parker e Clyde Barrow eram tidos, por algumas pessoas, como heróis. Esse período vai sendo cada vez mais evidenciado conforme o musical transcorre. Sutilmente acompanhamos famílias precisando se mudar para regiões mais pobres ou vemos uma banco assaltado se negar a entregar o dinheiro simplesmente por não possuí-lo.

Beto Sargentelli, renomado ator no meio da cena musical, coleciona personagens memoráveis no seu extenso currículo. Entre papéis tão distintos como Pablo, em “mudança de hábito”, Zezé di Camargo, em “2 filhos de Francisco”, Burro Falante, em “Shrek”, Tony, em “West Side Story”, Jamie, em “os últimos 5 anos”, Galileo, em “we will rock you”, Lucas Beineke, em “a família Addams”, Judas em “Godspell”, entre tantos outros, o ator não se cansa de surpreender a plateia. Ao nos apresentar um Clyde ora cheio de malícia e maldade, ora inocentemente apaixonado, ora violentamente vingativo, temos a impressão de que existem vários Betos em cena – e todos eles impecavelmente críveis. Mesmo tendo acompanhado essa trajetória tão consolidada de perto, é impressionante como ele ainda tem facetas não reveladas para mostrar. Com seu canto acertado e afinação que dispensa comentários, o ator envolve os espectadores e consegue capturar seus olhares tanto nos momentos mais descontraídos, quanto nos mais intensos, que não são poucos.

Eline Porto, atriz que pôde ser vista em três diferentes emissoras de televisão, simultaneamente, com as reprises de “a força do querer”, na Rede Globo, “Floribella”, na Bandeirantes e “gênesis”, na Rede Record, entre 2020 e 2021, também está impecável ao emprestar sua arte e talento à Bonnie. Ela, que já esteve em séries, novelas, filmes e em musicais como “o despertar da primavera”, “Beatles num céu de diamantes”, “Cássia Eller, o musical”, “2 filhos de Francisco”, entre outros, encanta o público com seu olhar hipnotizante e seu canto sedutor. A troca que existe em cena entre sua Bonnie e o Clyde de Beto são genuinamente convincentes. O casal de protagonistas, além de dividir os palcos, divide também a vida, e o resultado da química entregue por eles não poderia ser diferente. A construção de sua personagem inocente e sonhadora que almejava se tornar internacionalmente conhecida por sua arte como atriz/poetisa é muito bem desenvolvida até culminar na delirante bandida que comemora ao ver seu nome estampado nos jornais como criminosa.

Créditos: Stephan Solo

Além da dupla, temos Cláudio Lins, que interpreta o irmão e parceiro de crime de Clyde, Buck Barrow, e Adriana Del Claro, que interpreta sua esposa, Blanche Barrow, marcando assim seu retorno aos palcos. O casal tem uma dinâmica que funciona muito bem e arranca gargalhadas do público. O personagem atrapalhado e caricato de Lins é muito bem complementado pela personagem mais centrada de Adriana.

Gui Giannetto, que interpreta o Pastor, preenche o 033 Rooftop com seu vozerão potente e atuação certeira. As cenas de Gui são poderosas e hipnotizantes não só por sua voz, mas também por estar cercado pelo elenco do musical, que se soma para se tornar uma coisa só. Cada ator é pontualmente posicionado mostrando um trabalho esmerado e cuidadoso que faz a audiência vibrar e aplaudir fervorosamente ao final.

Pedro Navarro, que já provou mais de uma vez ser a escolha perfeita para personagens cômicos, nos revela um novo lado e surpreende positivamente ao dar vida ao policial Ted Hinton. Apaixonado por Bonnie ele se vê dividido entre cumprir sua obrigação legal e aliviar o lado da moça, sua paixão platônica. Se você espera vê-lo sair do personagem em algum momento e partir para o lado da comédia, esqueça. O ator se mantém coerente durante toda a apresentação e até seu canto está mais contido, o que para Pedro deve ser algo extremamente desafiador.

E nesse espetáculo temos um elenco repleto de coesão e entrosamento. Além de todos eles funcionarem muito bem isoladamente, como grupo funcionam ainda mais. Bruna Estevam interpreta a jovem Bonnie e abre o musical com muita graciosidade e competência. A construção da personagem deslumbrada e inocente começa aqui. Yudchi Taniguti, que dá vida ao jovem Clyde, também surpreende a plateia pelo domínio vocal e atuação impecáveis. A mãe de Bonnie é interpretada pela veterana Mariana Gallindo, que nos entrega atuações acertadas em momentos de pura comédia e em momentos que exigem carga mais dramática também. Davi Novaes diverte o público com suas atuações extremamente naturais. Os trejeitos emprestados aos personagens interpretados por ele são detalhadamente ricos e convincentes. Renato Caetano traz um tom sombrio e misterioso ao personagem Frank Hamer, um dos responsáveis pela captura sangrenta de Bonnie & Clyde, passando muita segurança ao interpretá-lo. As atrizes Aline Cunha e Elá Marinho são especialmente engraçadas e logo no início do musical executam a música “você volta pra prisão” com Gallindo e Del Claro, mostrando seus vocais potentes e seu timing irretocável na hora de fazer o público rir.

O cenário é dinâmico, assim como essa história e esse elenco. E a iluminação conversa muito bem com o restante da obra. Em um momento onde Clyde está na prisão, as luzes nos dão a ideia de grades e isso é genial demais. Os detalhes são ricos e primorosos tornando toda essa experiência imperdível e digna de replay.

Créditos: Stephan Solo

O elenco completo é formado por Aline Cunha, Aurora Dias, Bruna Estevam, Davi Novaes, Elá Marinho, Gui Giannetto, Lara Suleiman, Mariana Gallindo, Oscar Fabião, Pedro Navarro, Rafael de Castro, Renato Caetano, Thiago Perticarrari e Yudchi Taniguti.

O espetáculo, que ficará em cartaz até o dia 16 de abril, acontece no 033 Rooftop do Teatro Santander (cobertura), às sextas, sábados e domingos às 20:00 e aos sábados e domingos também às 15:30. Os ingressos podem ser adquiridos no site da Sympla ou na bilheteria do próprio teatro.

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Escrita por Édipo Regis

Pernambucano em SP apaixonado por arte e suas mais variadas formas de existir. encontrou nas aquarelas e, agora, nas palavras, um jeito de expressar o que sua mente inquieta pensa.

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