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Com Anne Hathaway e Octavia Spencer, “Convenção das Bruxas” traz uma nova proposta da história contada nos anos 90 | Crítica

Uma das obras mais famosas do escritor Roald Dahl ganhou uma nova adaptação para os cinemas. Protagonizado pelas vencedoras do Oscar Anne Hathaway e Octavia Spencer, “Convenção das Bruxas” chegou aos cinemas nesta quinta-feira (19) e traz uma nova visão de um dos filmes de maior sucesso dos anos 90.

Ambientado na cidade rural de Demopolis, no Alabama, no ano de 1967, a trama conta a história de um jovem órfão (Jahzir Kadeem Bruno) que vai morar com a adorável avó (Spencer). Quando uma bruxa aparece para o garoto, a avó sabiamente o leva para um exuberante resort à beira-mar. O que eles não sabiam era que no mesmo hotel aconteceria uma Convenção das Bruxas e a mais perigosa delas, a Grande Rainha Bruxa (Hathaway), reuniria dezenas de outras amigas para realizar um plano maléfico de transformar crianças em ratos.

A produção tem direção assinada pelo vencedor do Oscar Robert Zemeckis (“Forrest Gump: O Contador de Histórias”), que deu ao filme uma nova linguagem e trouxe a história para os tempos atuais na questão de efeitos gráficos, que são bem satisfatórios. Em comparação à obra de 1990 protagonizada por Anjelica Huston, esta é ainda mais colorida e por vezes até mais cômica, deixando de lado o clima mais sombrio que é uma das características dos contos de Dahl.

É importante lembrar que o filme teve a proposta de ser mais fiel ao conto do escritor e ser um título para as crianças, o que foi perfeitamente atendido. No entanto, algumas cenas podem causar algum tipo de desconforto no público infantil por serem um tanto “pesadas”, como a cena da morte dos pais e outras. Não há nada explícito, mas são temas um pouco mais delicados. Além disso, os detalhes que são diferentes do primeiro podem agradar ainda mais este público, mas para aqueles que acompanharam o clássico irão certamente e com toda a certeza sentir falta de alguns pontos.

O roteiro de Kenya Barris e Guillermo Del Toro é bem detalhado e dá ao público a chance de se afeiçoar mais aos personagens. Antes do recém-orfão virar rato os telespectadores acompanham toda a fase difícil que o menino passou com a morte dos pais e a atuação impecável de Octavia Spencer – como em tudo que faz! – intensifica ainda mais esse contexto de família, de amor, de luto com diálogos bem trabalhados e cenas bastante convincentes. Inclusive, este núcleo da família é constituído de atores pretos, o que por si só já é bem representativo.

Sobre a performance de Anne Hathaway, é inegável o talento da atriz, que já fidelizou o público com papéis mais calmos, amáveis e adoráveis, mas é aí que está o problema. A construção dessa vilã magnânima, que dá medo, que intimida não funciona muito com Hathaway. A atriz vive uma bruxa cheia de glamour, com um sotaque pesado que chega a ser engraçado, além de ser cômica, divertida e até mesmo cativante. Isso não quer dizer que Anne não tenha sido incrível, mas há esse contraste do que se espera de uma bruxa e do que ela realmente é na produção, ainda mais se o público tiver o clássico de 90 em mente. No entanto, a personagem também tem pontos altos, como na cena em que todos os aparatos para que se misturem entre as pessoas comuns são retirados e podemos ver de perto a verdadeira face das bruxas, com a ajuda de ótimos efeitos, claro.

Além de outros tantos detalhes que foram mantidos com relação a obra de Dahl, um dos mais marcantes foi o grande desfecho desta história. Não que não tenha sido uma boa escolha, mas olhando por um outro ângulo é assustador e um tanto trágico pensar que os protagonistas passaram por tantas coisas no filme inteiro para no final só parte dos “problemas” serem resolvidos. Porém, a mensagem que vem a seguir ameniza o acontecimento e traz ao público um ar mais bonito e de aceitação.

De fato, produzir uma releitura de uma obra de sucesso que já foi vista nos cinemas depois de tantos anos é desafiador, mas o trabalho aqui foi muito bem feito. Mesmo se tratando de uma história que se passa nos anos 60, o filme consegue trazer todo o frescor dos dias atuais com locações bastante bonitas e uma fotografia impecável. As atuações estão consideravelmente incríveis, o roteiro é bem robusto e há cenas que até mesmo o público mais adulto poderá se assustar, torcer e vibrar com os personagens.

Uma produção para toda a família, “Convenção das Bruxas” está longe de ser um filme insatisfatório, mas é preciso que o público mais adulto aproveite essa nova proposta e o assista sem comparar com o primeiro, o que é quase inevitável. O longa traz bastante humor e diversão, além de cenas mais sombrias e de tirarem o fôlego.

Além de Hathaway (“Os Miseráveis”, “Oito Mulheres e um Segredo”) e Spencer (“Histórias Cruzadas”, “A Forma da Água”), o filme conta ainda com o indicado ao Oscar Stanley Tucci (franquia “Jogos Vorazes”, “Um Olhar do Paraíso”), com Kristin Chenoweth (série de TV “Glee”) e a lenda premiada da comédia Chris Rock. Já dentre as crianças, estrelam o longa o estreante Jahzir Kadeem Bruno (série de TV “Atlanta”) e Codie-Lei Eastick (“Holmes & Watson”).

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Escrita por Otavio Pinheiro