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Entrevista | DAY comenta sobre produção de disco na pandemia, composições e primeiro livro: “É uma coisa nada leve”

Foto: Divulgação

Dona de canções profundas e de personalidade, DAY é uma das novas vozes do cenário musical e vem ganhando cada vez mais espaço e reconhecimento. A cantora se destaca não só pela atitude nos palcos e pela sonoridade que traz no repertório, mas também pelo talento para a composição, que a leva cada vez mais longe e faz com que se conecte com mais pessoas a cada dia.

DAY começou o amor pela música ainda muito pequena, quando frequentava a igreja e já possuía o sonho de ser uma grande cantora. Ao ser questionada sobre a DAY do passado, a atual e a voz que adquiriu para ser a artista que é hoje, a dina deNão Gosto De Mimconta que é uma extrema evolução. “É de uma extrema evolução, né? Porque ver quem quem eu fui há não muito tempo atrás, seis anos atrás, eu estava em um contexto completamente diferente. Eu até brinco que eu me considero uma recém nascida, eu acho que a vida é isso e a gente vive vidas e a gente morre pra algo pra uma e nasce pra outra.”, comenta a artista. 

“É de constante evolução então ver a naturalidade com que eu sou o que eu sou hoje é de uma satisfação enorme porque a Day de seis anos atrás sonhava com esse momento, né? Não sabia como expressar, não sabia como, nem que jeito que isso poderia acontecer, mas sonhava com esse momento de certa forma. Essa Day de anos atrás, achava que ia viver naquele cárcere o resto da vida. Então, estar aqui nesse momento podendo falar abertamente sobre e podendo tá mais do que falar abertamente sobre isso, mas influenciando outras pessoas a falarem também, a serem também e não só no quesito sexualidade, mas no quesito vida mesmo. De ser quem você quer ser na sua vida. Então, eu acho que isso é uma reparação histórica na vida da Day”, completou.

Aos 26 anos, DAY acredita que muito do empoderamento que conquistou ao longo dos anos vem principalmente das próprias vulnerabilidades, que também são fonte de inspiração para muitas das canções que escreve e também para a sonoridade que gosta. “Acho que meu empoderamento vem muito das minhas vulnerabilidades. Eu reclamo das minhas vulnerabilidades, mas acho que são elas que me fazem ser artista que eu sou, e ter o público que eu tenho, e criar essa conexão que é genuína e a minha arte é um reflexo das minhas vivências, das minhas experiências e até mesmo a sonoridade, a roupa que eu coloco nas minhas músicas, eu costumo brincar que é isso, elas são reflexo dos meus sentimentos. O pop punk, o emocore ali misturado com as outras as minhas outras referências, né? Do pop. de modo geral e de trap de rap. Isso tudo veio de uma construção e de uma necessidade que eu tinha de voltar a acreditar no meu sonho.”

Sobre os sonhos, a cantora relembra que no momento em que começou a almejar uma carreira na música, as principais referências eram os artistas que via na televisão e as músicas que a acompanhavam eram dos grandes astros do pop punk e emocore, que até hoje são referências do gênero. “Sonhos eu sempre tive muitos e eu lembro que quando eu comecei a sonhar, quando eu comecei a querer viver da música, a querer viver essa jornada, as músicas que me acompanhavam eram as músicas do pop punk, era eu ali na MTV gringa vendo Paramore tocar, Fall Out Boy, Pacic! At The Disco e Avril Lavigne”, diz.

“Paramore que eu me identificava muito porque a Hayley veio também de um background religioso e as letras que ela canta era sobre as vivências dela muito pessoais, Então, eu entendia muito bem sobre o que ela queria falar. E me dava vontade de ser ela. Quando eu via ela no palco, quando eu via essa galera com o povo lá cantando, gritando, se identificando ao máximo. Eu sendo eu sendo uma delas. Eu falava ‘cara, eu quero ser essa pessoa quando eu crescer, eu quero estar nesse lugar um dia’ e era essa sonoridade que me acompanhava até mesmo nos filmes da Disney que eu assistia”, completou. “Como a minha arte é um reflexo das minhas vivências, eu estava precisando de algo que me rejuvenescesse. Eu estava me sentindo muito velha, mesmo sendo muito nova. Então, eu decidi mergulhar nessa sonoridade que tem uma sensação de casa e de pertencimento pra mim.”, finalizou.

DAY vem ganhando cada vez mais espaço reconhecimento na música e chama atenção justamente pela sonoridade diferenciada e no talento para composição. A cantora participou do The Voice, onde ganhou notoriedade em âmbito nacional, e desde então vem trabalhando em transcrever as tais vivências em faixas muito queridas pelos fãs. “Bem Vindo ao Clube” é o nome do disco de estreia da artista e chegou em julho de 2021 em todas as plataformas digitais. Com 12 faixas, o projeto reforça mais uma vez o talento da artista para a composição e foi a virada de chave para planos ainda mais ousados. 

O disco foi lançado em meio à pandemia e, embora o momento tenha sido difícil para todos, DAY buscou tirar dele a inspiração necessária para uma das coisas que sabe fazer de melhor: compor. A artista conta que o momento potencializou as frustrações, o que potencializou a escrita. 

“A pandemia e ter vivido esse momento foram coisas que potencializaram as minhas frustrações então consequentemente potencializou a minha escrita, as minhas criações. ‘Clube Dos Sonhos Frustrados’, por exemplo, nasceu em março ali, começou a nascer em março quando a gente estava entrando na quarentena e aí eu escrevi ‘As pontes são quebradas não tem Terabitia, só ironias, tipo sonhando em plena luz do dia traçando metas enquanto o mundo finda Bem-vindos aos piores dias das nossas vidas’ e eu escrevi isso enquanto eu achava que a pandemia ia durar uns quarenta dias no máximo, que a gente ia ficar em quarentena quarenta dias. E aí eu dei aquela potencializada e falei ‘Cara, estou aqui traçando metas enquanto o mundo está acabando. Estou no meio da pandemia. Estou fazendo o plano de lançar meu disco, lançar um álbum que é o meu sonho. E eu põe o que eu vou fazer? Vou escrever sobre isso. Então, foi péssimo de viver, mas eu transformo em arte pra ficar um pouco mais suportável.”, conta a artista, que completou falando das dificuldades durante este momento. “Foi um momento de muita frustração, de ter que lidar com tipo quero gravar um clipe assim, mas não dá porque equipe tem que ser reduzida ou não dá porque ninguém está fazendo isso agora e aí eu também fiz um disco pensando em shows e não está fazendo shows agora então foi muito difícil de lidar com todas essas questões”, revela.

Além das composições que interpreta, DAY ainda assina faixas de diversos artistas, como Luísa Sonza, Anitta, Vitão, Carol Biazin, Rouge e tantos outros. “Depende muito de cada projeto, de cada momento. A minha tendência é sempre levar pra alguma coisa mais pessoal, então se me chama pra compor uma música com um ‘Penhasco’, por exemplo, vai sair muito mais fácil, porque é ali uma história real, que a gente teve uma conexão, a Luísa a gente conhece, então é uma coisa que dá que pra mim é muito mais palpável. Então, sai muito mais fácil coisas mais tristes, essas coisas mais melancólicas. Uma ‘Não Perco Meu Tempo’ da vida, por exemplo, é onde eu acho que eu consigo contribuir às vezes, nesse caso devemos contribuir com melodia, por exemplo. Fiz ali melodia e tal que foi pra música.”

“Pra mim é uma viagem uma experiência muito massa poder compor pra outras pessoas em outros universos em arranjos completamente diferentes é muito massa ver a música tomando outra cara e falar ‘caramba, a pessoa realmente transformou isso aqui em uma outra coisa que que que eu nunca imaginei, nunca pensaria que fosse assim. É muito massa. Eu acho que pra mim é muito é muito num lugar de aprendizado assim, é de troca mesmo com outros compositores e tal.”, completou.

Confira abaixo a playlist com as canções em que DAY colaborou:

As inspirações e referências que a artista usou para produzir o primeiro disco da carreira a levou ainda mais longe. DAY se prepara para o lançamento do livro “Esta não é apenas uma carta de amor”, que acompanha a história de duas mulheres lésbicas e, segundo a artista, é algo que o público não está esperando.

“Quando comecei a escrever o disco eu já sabia que eu queria contar uma história, eu sou fascinada por contar história. Já escrevia fanfic quando eu era adolescente de Harry com Hermione no Orkut, de Bella com Jacob, que eu nunca publiquei porque eu tinha vergonha. Já comecei a escrever umas páginas de um livro, isso quando eu era adolescente, baseado em ‘Boulevard Of Broken Dreams’, do Green Day, que acabou se tornando inclusive uma referência pro meu disco, né? E, enfim, tive a ideia de ‘mano, e se a gente fizesse um livro. Porque eu estou cantando aqui uma história e eu não sei se as pessoas vão pegar, vou colocar o prefácio o vai ter o na minha cabeça está tudo certinho na ordem aqui, mas eu quero que as pessoas entendam a profundidade do meu trabalho o quão longe eu vou pra fazer essas músicas”, disse a artista sobre o ponto de partida que fez escrever o livro.

“Compartilhei dessa ideia com a minha gravadora e logo eles voltaram falando ‘Cara, a gente teve uma reunião muito recente pra uma editora. Eles querem lançar um livro onde a protagonista seria uma mulher lésbica e que tivesse a ver com o romance e tal entre duas mulheres e você ainda tem essas paradas do sonho pra agregar bastante na história e tal e eles querem publicar esse livro’.”, contou DAY, que disse que tudo se alinhou em uns dois dias. “Foi muito paralelo a construção do disco a construção do livro também e foi um livro que eu contei com bastante ajuda da editora pra escrever”, completou a artista.

“Eu estou muito ansiosa pra que as pessoas leiam esse livro porque eu acho que elas estão esperando uma coisa e vão receber outra. Às vezes eu acho que estão esperando um romancezinho meio Netflix e é uma coisa nada leve. A pessoa realmente precisa ter o momento com o livro assim da mesma forma que eu peço pra que elas tenham um momento com as minhas músicas.”, finalizou. 

Além do lançamento do livro, DAY prepara outras novidades para os próximos meses. A artista está trabalhando em singles inéditos, que deverão ser divulgados em abril. “Já tenho na minha cabeça a história que eu quero contar, a timeline, a storyline, as cores, as referências tudo na minha cabeça guardado”, revelou a cantora, que se apresentará no Festival Rock The Mountain e MITA Festival, em abril e maio, respectivamente.

Assista a entrevista na íntegra:

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Escrita por Otavio Pinheiro

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