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Entrevista: Léo Santana fala sobre sucesso, música e projetos futuros: “Meu lado mais maduro está imperando”

Depois de anos à frente da banda Parangolé e diversos hits de carnaval, sua marca individual foi ficando cada vez mais forte e ele resolveu alçar voos solo – e que decisão mais acertada! Hoje, Léo Santana celebra a melhor fase de sua carreira com um novo contrato com a Universal Music, agenda lotada – cerca de 20 apresentações por mês, parcerias com diversos artistas e presença confirmada nos mais importantes eventos.

Seu apelo popular e sua forma de fazer e pensar música o transformaram em um fenômeno. 8 anos depois do “Rebolation”, música que tornou o artista conhecido nacionalmente, ele desafia os próprios estereótipos e sai da sua zona de conforto com o EP “Inovando”, uma grande fusão de ritmos com foco no que “o mercado quer consumir”.

O Poltrona Vip esteve na sede da Universal Music, onde o Gigante foi recebido com honras de bom filho que a casa torna, e bateu um papo com ele sobre carreira, mercado, música, música e música! Ele até deu uma informações bem quentes sobre o próximo DVD e a parceria com Claudia Leitte. Confira!

Poltrona VIP: Você assinou contrato com a WorkShow, empresa responsável por gerenciar a carreira de diversos artistas sertanejos. O fato de diversas músicas do seu EP “Inovando” apresentarem essa sonoridade já é um fruto dessa parceria ou uma vontade antiga?

Léo Santana: Eu curto muito o gênero sertanejo, a gente toca bastante nos meus shows com a pegada da gente, que é a versão que você escuta no “Inovado”. O EP nos dá essa liberdade, por ser um trabalho mais maduro e por ter poucas canções, de ousar um pouco. Foi o que eu tentei fazer. Tem pop com um pouco de black music em “Pijhama”, gênero que eu sou muito fã e escuto bastante no meu dia a dia. Tem um reggaezinho roots, tem o sertanejo, que eu já toco antes de gravar, e a música com Maiara & Maraisa (“Uma Lá, Duas Cá”), que é uma mistura de sertanejo com pagode da Bahia, que a galera denomina de axé. Eu tô feliz porque a aceitação está sendo muito bacana. Eu fiquei um pouco receoso por ser um projeto desafiador, por não ser totalmente voltado para o que é Léo Santana, aquela coisa carnaval, “sai do chão”, mas vamo nessa, vamos apostar no que o mercado quer consumir. Eu creio que o meu lado mais maduro está imperando nesse EP.

PVIP: O que você tem escutado atualmente?

LS: No dia a dia, de escutar no carro, nas minhas resenhas com meus amigos e família, eu escuto muita música americana, por mais que eu não fale inglês (risos). Eu gosto do som, do modo que eles se comportam e interpretam as canções; o sertanejo, que há décadas é uma verdade no nosso país; eu gosto de ouvir samba e pagode do Rio de Janeiro. Eu sou muito eclético, mas a minha preferência, e acho que todo mundo tem isso, é black music.

PVIP: Você conseguiu explodir no mercado em meio a uma crise na música popular baiana. Que aspecto do seu trabalho você acredita ter sido o diferencial para que você se destacasse?

LS: Que benção, né? Se você parar pra analisar o mercado da música baiana, há tempos, o pagode vem se destacando muito. Teve “Liga da Justiça”, com o Leva Noiz, o Psirico com “Toda Boa” e “Lepo Lepo”… Vários e vários anos o pagode ganhando como música do carnaval. Isso é nítido, mas é um gênero, de fato, periférico e ainda há aquela barreira. Eu não sei a… a quem dever? Somente a Deus. Eu não sei dizer segredo. Eu fiz música. Eu tenho uma linha de sensualidade, de vender dança e isso tá muito forte agora com a volta das companhias de dança. Mas as canções em si, eu acho que eu consegui me encontrar com o que o mercado tá consumindo. Não que os outros artistas da Bahia não estejam fazendo isso, mas, sei lá, acho que eu faço de forma diferente. Eu costumo dizer que cada um de nós tem um brilho. Certeza que Deus dá a cada um o que tem que ter. É benção mesmo, cada um vem lutando há anos, assim como eu, e acho que chegou a hora. E o mais legal de tudo é que a gente vem numa crescente muito boa sem hit, a exemplo do que foi o “Rebolation”. A gente tinha outras canções antes, como “Balacobaco” e “Favela”, mas não eram hits, eram canções que faziam a gente permanecer com uma agenda bacana. O “Rebolation” foi o ápice, fizemos propaganda publicitária pra caramba, mas ao mesmo tempo era um risco muito grande. E depois? Uma hora a gente sabia que ia cair, mas a gente não escolhe os hits. O mais legal da minha carreira solo é isso: eu não tenho só “Rebolation”, eu tenho um repertório. Todas as músicas do “Baile da Santinha” onde a gente toca é explosão do povo cantando. Isso é muito mais sólido pro artista, é muito mais seguro. Você se sente muito mais maduro como artista.

PVIP: Que tipo de público falta você conquistar?

LS: Ainda falta muita coisa, o Brasil é muito grande. Tem vários lugares que ainda não me apresentei. Sul, Sudeste… Já fui até me apresentar fora do país, mas ainda não em alguns lugares do Brasil, bem louco isso (risos). Mas é com o tempo. Eu acho que agora estamos no caminho certo. Eu creio que a galera da Universal também tá vendo isso, que o meu trabalho tá diferente, é outra vibe, outra vertente. Tem muitos lugares que precisam conhecer o show do Léo Santana, as músicas do Léo Santana. O show faz você ser reconhecido. A TV e a mídia também, mas é o show que te vende. Show vende show. Se você faz um bom show naquela cidade, você volta mais vezes. Eu quero tocar pra todos. Todas as classes, raças, crenças. Só quero que me respeite. Somente isso.

PVIP: Você é o autor de boa parte dos seus hits. Qual a fórmula? Você consegue ter esse faro de perceber o que o público quer ouvir?

LS: A gente tem um feeling devido à resposta do público. O que pega muito são músicas que tenha coreografia. Uma coreografia fácil, de mãos pra cima, que tem efeito em show. Se você pedir pra levantar a mão pra cima e fazer a coreografia, não tem quem não faça. Mas sobre compôr e ter a fórmula exata, acho que é o gosto popular. Se a gente soubesse a fórmula todo mundo seria sucesso. Quem imaginou que “Rebolation” seria aquilo? A gente apostava em outras duas músicas. Foi a 14ª canção a entrar no disco pra complementar porque a gravadora queria um álbum com 14 faixas. A gravadora ouviu tudo e falou ‘tem que ser essa música’. Todos do nosso escritório ficaram loucos: ‘pelo amor de Deus, isso não!’. Os caras estavam com uma outra visão. Às vezes, a gente acredita em uma música e acontece outra. “Santinha” veio a estourar depois de 2 anos. Ela só veio a ganhar música do carnaval agora. Vai entender isso!

PVIP: Você faz parte de uma cena onde os artistas disponibilizam seus álbuns e shows de forma gratuita em portais, como o Sua Música. Agora, que você faz parte da Universal Music, essa forma de distribuição de música vai mudar?

LS: Eu prefiro unir os dois. O Sua Música nos dá um ponto muito positivo no eixo Norte e Nordeste. É muito forte. Eu tenho um CD lá com mais de 500 mil downloads (Modesto! Ele tem dois álbuns que ultrapassam os 700 mil downloads na plataforma) e isso pra gente é muito positivo. Ainda assim, estamos crescendo nas plataformas de streaming. O DVD “Baile da Santinha” quando entrou nas plataformas deu uma noção de ‘Léo tá aí no mercado e pretende crescer’. Isso vem sendo constante, graças a Deus. Mas, na minha opinião, são trabalhos paralelos. iTunes, Deezer e Spotify são mais mundo. O Sua Música tem foco no Norte e no Nordeste. Pra mim, é um site forrozeiro e eu tô quebrando essa barreira por ser um gênero totalmente diferente do que os consumidores ali estão acostumados a ouvir. Eu prefiro estar colocando alguns CDs no Sua Música porque envolve show (O site é famoso por disponibilizar áudios de shows na íntegra). A gente vende muito show. A gente não é um produto “midiático”. A gente gosta de vender ingresso, de encher casa. Eu me vejo como um artista de público e o Sua Música nos dá essa liberdade. Os dois (plataformas de streaming e o Sua Música) agregam muito. Eu sou a favor dos dois.

PVIP: Você anunciou uma parceria com Claudia Leitte, mas a música não entrou no EP. A canção fará parte de um projeto futuro ou foi descartada?

LS: Não entrou por questão de tempo, mas vai ser um single. É uma composição minha, dela e de dois amigos de Salvador, Rodrigo Martins e Ed Nobre. A música é muito legal! A parte que ela colocou após a música chegar a ela deu título à canção: “Alergia a Novinho”. A música fala de um cara que está muito pra frente, pensando maldade e ela só quer cineminha, coisa mais tranquila. É muito bacana a historinha. A gente vai fazer um clipe dessa música. É um projeto meu com participação dela. Na próxima semana, eu vou a São Paulo gravar o áudio pra aí sim marcar a gravação do clipe.

PVIP: Você já fez parceria com Wesley Safadão, MC Kevinho, MC WM… Mas a gente tá ansioso pela sua música com a Glória Groove!

LS: Pense em um trabalho incrível! Eu me senti fora do país gravando. Glória tem muito esse apelo americanizado. Eu não a conhecia pessoalmente, conhecia só o trampo. Conheci a figura pelas redes sociais e achei muito interessante pela atitude. Desde a Pabllo Vittar, que é hoje a número 1 quando se fala em drag queen, e Glória vem num lance de fazer a mesma coisa, mas de um modo diferente, com um popzão, umas batidas mais gringas. Ela me mandou uma direct, “fala, gigante!”, já toda cheia de intimidade, uma energia boa. Aí rolou a energia, o papo. Até então, a música nem era pra ser de trabalho, mas ficou tão incrível que resolvemos gravar um clipe. Foi gravado no Rio com uma equipe monstra. Que cenários eles encontraram! Me botaram com umas roupas bem selvagens, bem loucas. Fiquei me sentindo o Kanye West! É uma música dançante, se chama “Arrasta”. Só que a imagem ficou tão grandiosa, que eu não dancei, eu fiquei só de carão. Vai ser incrível.

(Imagem: Delson Silva / AGNews)

PVIP: Seus fãs podem esperar um álbum completo ainda esse ano?

LS: O projeto futuro é o DVD “Baile da Santinha 2”, que eu creio que será gravado em Goiânia. Estávamos entre Rio de Janeiro e Goiânia, mas decidimos por Goiânia, acho que entre setembro e outubro. A ideia do baile é bem praiana. O primeiro fizemos em Fortaleza de frente para o mar, mas vamos personalizar uma praia nesse lugar, vai ser bacana.

 

O Poltrona Vip entrevistou Léo Santana a convite da Universal Music.

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Escrita por Matheus Queiroz

Jornalista e amante de cultura pop.