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Entrevista | Marcia Castro comenta sobre álbum “AXÉ”: “Extremamente feliz”

Foto: Pedrita Junckes

Marcia Castro mergulhou no gênero mais pop da música baiana em outubro ao lançar o disco “AXÉ”, que conta com dez canções inéditas. Com produção musical de Letieres Leite e Lucas Santtana, o projeto reúne composições escritas por nomes como Carlinhos Brown, Russo Passapusso, Emicida e Nando Reis, e participações especiais de Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Margareth Menezes e Hiran.

Sobre a idealização do projeto, Marcia revela que a ideia surgiu com o lançamento do disco anterior, o “Treta”, e que queria fazer uma ponte entre uma fase mais MPB para a fase mais contemporânea, mas com um projeto que tivesse muito da Bahia. A cantora contou com o apoio de Marcus Preto, o diretor artístico do disco, que auxiliou na construção da obra.

“A ideia desse disco surgiu meses depois de eu lançar o meu último disco, que foi o “Treta”. Eu liguei pra Marcos Preto, que é o diretor geral artístico dessa história comigo, do “AXÉ”, e conversei com ele falei que o “Treta” um disco que me conectava com a Bahia, mas de um jeito extremamente contemporânea. Um disco super eletrônico, um disco que é muito vanguardista assim, né? Eu que sempre fui cantora de MPB de repente fiz um disco com influência de música baiana super eletrônico. E aí, o público sentiu bastante essa mudança e estranhou.”, disse Castro, que completou explicando que em conversa com Marcus Preto ele sugeriu que ela lançasse um disco voltado para o axé para servir de ponte. “Eu queria já há algum tempo fazer um disco no qual a Bahia aparecesse mais inteira, sabe? Sem ser só fragmentos de Bahia, como sempre apareceu no meu trabalho, mas uma Bahia realmente mais inteira, uma referência direta sobre a Bahia. Já queria fazer esse disco. O “Treta” foi um pouco isso, mas ele já foi uma Bahia muito vanguardista. Então, eu conversando sobre essa ponte que não foi feita entre a Marcia Castro MPB e a Marcia Castro Bahia eu falei [para Marcus Preto] ‘Eu quero fazer um disco com você’ e ele falou ‘Porque a gente não faz um disco de axé? Vamos fazer um disco de axé’, que também já era o que estava sendo ventilado assim no ouvido dele. E daí eu pensei ‘Nossa, perfeito!” Vamos fazer disco de axé, vamos fazer um de música baiana’”, explicou a artista.  porque é uma música que me pertence eu sempre fui foliã de Carnaval, eu sei esse repertório de cabo a rabo desde as coisas mais underground da música baiana até as músicas mais pop.”, explicou a artista.

https://open.spotify.com/album/147A8bkOLOptuVDgXlIb07

Marcia Castro acredita que o disco, que foi produzido antes da pandemia, e possui um sentido ainda maior atualmente que antes. A cantora comenta estar bastante feliz com o lançamento do projeto e espera que o “AXÉ” traga sentimentos bons às pessoas.

“Eu me sinto extremamente feliz de tá lançando esse disco agora e confesso que o universo sabe de todas as coisas porque esse disco faz mais sentido agora do que antes. Não que não fizesse antes, mas eu acho que diante do que a gente passou toda a mensagem dele de otimismo, de solaridade, de esperança e de alegria que a gente está precisando tanto agora, essa mensagem faz muito sentido nesse momento. Lançar ele é como lançar também alguma coisa que fosse funcionar como um gás pras pessoas, sabe? E isso pra mim é muito relevante. Poder causar bons sentimentos nas pessoas no momento onde a gente precisa recuperar a nossa autoestima, nossa esperança, a nossa fé no mundo.”, comenta Marcia. “Eu quero levar pro público essa mensagem de recuperar a nossa fé, recuperar a nossa autoestima, não deixar que nada destrua a nossa capacidade de acreditar no agora e no futuro, pra que a gente se cuide nosso emocional, cuide das nossas alegrias, das nossas pequenas maravilhas pra que ninguém nos roube a nossa potência. Essa é a grande mensagem que eu quero levar pro meu público. Eu quero que as pessoas tenham bons sentimentos com esse disco. É um disco que eu quero que as pessoas sintam alegria ouvindo e isso vai me deixar muito feliz.”, disse a cantora sobre a mensagem do disco.

Processo de seleção das faixas e colaborações

Marcia conta que o processo de composição e escolha de faixas que iriam fazer parte do disco aconteceu de formas distintas. “Tem as músicas que vão ocorrendo naturalmente, por exemplo, uma música que eu tava fazendo com o Fábio Alcântara, que é a ‘Coladinha em Mim’. Ele me mandou a gente tava num processo de trocar músicas, ele me mandou a música e eu fui implementando a letra e tal surgiu a música sem pensar muito ‘Ah, essa vai ser feita pro álbum’. ‘Holograma’ também foi pra música que chegou através do Hiran, que ele estava cantando essa música já em shows quando ele cantou pra mim essa música numa conversa que a gente teve eu fiz ‘Nossa, amigo, isso tem muito a ver com o meu projeto novo eu quero essa faixa, por favor.’”, explica a artista, que completa dizendo que existem músicas que pensou em convidar outros grandes nomes para colaborar. 

“Como é que faz um disco falando de axé e não pede uma música pra Carlinhos Brown, né? O Russo Passapusso, que traz um trabalho lindo também com fragmentos importantíssimos da Bahia. Fragmentos não, com a Bahia presente inteira, na verdade, que é o Baianasystem, que é essa Bahia super contemporânea. Poxa, bora pedir uma música pra Russo! O Nando Reis, por exemplo, a gente pensou ‘Poxa, todo o disco de axé daquela época, dos anos 90, que foi, na verdade, a parte que a gente mais se ateve em termos de influência e referência todo o disco dessa época tinha uma balada romântica, né?’ A gente pensou bora também ter essa balada romântica que é também um momento onde a gente se aproxima da MPB onde as cantoras se aproximam da MPB nessa atmosfera do axé. Então, a gente foi lá vamos embora ter uma música que fala de religiosidade que traga esse aspecto que é fundamental também na construção da nossa música. ‘Quem faria isso?’ A gente pensou em Emicida, que também é uma mistura interessante. Mesmo ele sendo paulista, mas ele como negro que traz os seus referentes afros na sua canção, na sua obra né? Poderia ser algo superinteressante. Daí a gente foi selecionando desse jeito. Entendendo que atmosfera a gente queria pro disco quando não acontecia naturalmente a escolha.”, finalizou.

Ainda sobre as colaborações do “Axé”, Marcia Castro conta que queria trazer para o projeto a força feminina e por isso buscou três grandes vozes do gênero, que também são grandes referências para a artista, para participarem do disco. “A gente queria um disco que trouxesse essa força feminina, que foi a força que edificou o Axé Music. O Axé Music ele se construiu, se nacionalizou e se internacionalizou a partir das vozes femininas. Então, a gente pensou que a gente queria construir esse feminino forte e representação feminina forte também no trabalho. E a gente foi atrás desses três pilares. Margareth Menezes, como a primeira cantora negra de trio, uma voz incrível, grande referência da minha construção musical. Assim como Daniela Mercury, que foi quem nacionalizou axé a partir do show do MASP. O axé que já tava pulsando muito forte na Bahia de repente veio Daniela trouxe isso pra São Paulo de São Paulo foi pro Brasil todo e é outro pilar importantíssimo também e grande referência em todo o meu trabalho e Ivete Sangalo que é o nosso ícone pop, né. Nossa grande estrela pop, que trouxe uma dimensão inclusive de mercado pro axé music absurda, né. Então, são três grandes vozes, três grandes mulheres batalhadoras que eu admiro demais como cantoras, como seres humanos. Pra mim, é uma alegria muito grande ter feito o convite e elas terem topado toda essa história.”, completou.

Mensagem positiva de “Ver a Maravilha”

Para dar o pontapé inicial aos trabalhos do projeto, Marcia escolheu o single “Ver a Maravilha” e levou ao público uma mensagem positiva sobre enxergar a beleza em pequenas coisas da vida. “O disco era pra vim num período onde não existia pandemia veio a pandemia a gente interrompeu todo o nosso projeto o processo esperando o momento oportuno de lançar e de repente a gente começou a vislumbrar esse mundo pós-pandêmico, a vislumbrar uma melhora de tudo e a gente queria começar o disco com uma mensagem positiva disso. Também na pandemia a gente começou a ver mais essas pequenas maravilhas da vida. Estava todo mundo tão focado, tão corrido, tão estressado com tudo a gente foi obrigado neste período pandêmico deter nas pequenas maravilhas da vida e foram essas pequenas maravilhas da vida que nos salvaram de muitos momentos, né? Então, senti que ‘Ver a Maravilhas’ condensava todo esse sentimento e abria esse portal pra uma retomada em termos em termos de sentido da música. Então, pra mim teve esse significado, esse conceito essa fala, esse sentimento muito importante na escolha de ‘Ver a Maravilha’ como o primeiro single de retomada do projeto.”, explicou a escolha da canção.

O single chegou ainda acompanhado de videoclipe dirigido por Jô Almeida e que ilustra bem as pequenas maravilhas da vida, além de trazer para a cena casais de diversos formatos. “Eu convidei a Jô Almeida uma mulher incrível, uma mulher baiana, negra, lésbica pra dirigir o clipe, ela super topou história. A gente falou ‘A gente quer um clipe da diversidade, a gente quer que as maravilhas da vida sejam inclusivas, né? Porque isso nos toca’ Eu também sou eu sou lésbica, faço parte do mundo LGBTQIA+, meu trabalho tem também esse objetivo de trazer visibilidade pra essas causas pra essas pessoas tem uma política dentro disso. A gente queria trazer essas histórias também pra dentro do clipe. Claro, também traz outras histórias, mas trazer essas histórias homoafetivas pro front da coisa, né? E e isso dentro de situações comuns e corriqueiras pra que a gente traga uma naturalidade e uma normalidade pra nossa história. Foi daí que surgiu essa ideia, foi daí que surgiu o convite pra Ju fazer o clipe e o resultado ficou lindo, maravilhoso.”, disse.

Marcia Castro nos próximos meses

Os que esperam curtir as músicas da artista em um show, terão que aguardar um pouco mais. Marcia conta que ainda está retomando com os projetos nesse pós período pandêmico e entendendo como tudo irá se configurar, mas adianta que já está em conversas para eventos no final de ano e Carnaval.

“Eu estou há quatro anos sem lançar um disco. Estou retomando agora também os meus projetos, então, ainda não tem agenda de shows. A gente tem um show, que vai ser o show inicial, mas é um show fechado. […] Já temos algumas conversas aí pra festas de final de ano, pra Carnaval e tudo, mas nada muito certo. Vamos esperar pra ver como é que realmente vai se desenhar essa retomada pra daí fazer de fato a agenda e divulgar pra todo mundo.”, explica a artista que prepara o lançamento de um vinil em fevereiro. “Com certeza a gente vai pontuar o lançamento desse vinil do disco de um jeito muito especial”, finalizou.

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Escrita por Otavio Pinheiro

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