O pernambucano Romero Ferro lançou em agosto o segundo álbum da carreira. Intitulado “Ferro”, o projeto de 10 faixas mescla uma série de elementos para produzir um conteúdo diferenciado, além de participações super especiais, muita representatividade e sinceridade.
Romero conta que para a produção do disco foi preciso muito estudo até que conseguisse chegar ao resultado que queria. A ideia era manter a pegada do movimento dos anos 80, que tanto gosta e também usou no primeiro álbum, “Arsênico” (2016), mas trazer para o novo projeto novos elementos.
“Eu venho trabalhando nele há quase dois anos e foi o processo de criação mais longo meu por que eu realmente estudei muito pra fazer esse trabalho, pra chegar nessa sonoridade, que eu queria que fosse uma coisa bem equilibrada com identidade bem específica também. Me encontrei com o diretor artístico desse disco, que é o Patrick Torquato, ele é pernambucano, e a gente começou a conversar sobre o que seria o meu próximo disco depois do meu primeiro lançamento, que foi em 2016. E ai a gente começou a ver possibilidades, a viajar para alguns festivais algumas feiras de música para poder me inspirar e entender o que tava rolando, o que eu queria conectar, o que tinha a ver comigo.”, diz Ferro.
O cantor confessa que a ideia de unir o brega à um som mais tropical de início soou meio louca, mas que buscou algumas referências que pudessem talvez ajudar a criar. Porém, ninguém havia feito esse tipo de mistura de forma tão nítida como estava proposto a fazer. Então, surgiu a “Pra te conquistar”, a primeira amostra do som e que deu início ao processo de produção do álbum.
O artista, que foi super sincero no álbum, conta que a mensagem principal do novo projeto é liberdade. Seja liberdade de amar, de ser amado, de ser quem é. Além disso, todas as canções falam de amor de alguma forma seja numa relação abusiva, estar apaixonado ou saindo de uma traição, mas todas as faixas trazem a mensagem de superar de cabeça erguida.
“É um álbum muito sincero porque eu falo de várias coisas da minha vida sem nenhum problema, sem nenhum tipo de pudor. Então, ele é um álbum que traz tanto a maturidade profissional do meu primeiro disco pra cá, quanto a maturidade emocional também para conversar sobre sexualidade, política, sociedade, sobre se colocar no lugar do outro.”, conta Romero, que completa dizendo que devido a situação da política brasileira, sentiu que precisava fazer uma coisa mais positiva e tratar de assuntos que precisam ser falados, acima de tudo por um artista LGBT.
Além de uma sonoridade diferenciada e uma mensagem positiva, o “Ferro” ainda traz colaborações super especiais de Duda Beat, na canção “Corpo Em Brasa”, Mel e Hiran, em “Tolerância Zero”, e Otto, na faixa “Quando Ele Perguntar Por Mim”.
Sobre a parceria com Duda Beat, o cantor conta que conheceu a artista quando ainda estava no processo de produção do álbum. Duda, que hoje é um nome muito falado nas mídias e internet, ainda não havia lançado o álbum de estreia e a conversa sobre parceria começou via Instagram. “Eu descobri que ela era de Pernambuco, a gente conversou e ficou naquela de “vamos fazer algo juntos”. E aí, num momento lá no Rio quando a gente se conheceu pessoalmente num evento eu chamei ela e disse “E aí, e essa história? Vamos fazer alguma coisa mesmo?”. A gente se encontrou na casa dela ouvimos umas referências e tal e ficamos para compor uma música, mas aí chegou pra mim essa música do Barro, que é um artista aqui de Pernambuco. […] Escrevi uma estrofe pra ela, mandei pra Duda, a Duda amou e ela escreveu uma parte que ela canta. A gente gravou a música e ficou stand by de molho pra soltar no momento certo.”, conta. “E aí a gente conseguiu fazer o clipe a música acaba que é uma fusão de Pernambuco de vários artistas pernambucanos o clipe foi gravado em Pernambuco também dirigido por meninas pernambucanos é tudo muito significativo pra gente. Eu fiquei muito feliz com o resultado.”, completa.
Já “Tolerância Zero” o artista conta que achou que a música precisava de vozes fortes para cantar a letra que por si só já traz uma mensagem bastante firme. Além disso, a escolha da Mel e do Hiran também trazem a representatividade LGBT que o cantor buscava. “Eu pensei “Caramba, eu preciso de dois artistas muito fortes pra cantar essa música” e aí que veio o nome da Mel na cabeça de primeira porque ela é uma cantora trans e ia alcançar uma proporção diferente pra canção, pois somos da comunidade todos os três e ela tem o lugar de fala dela. E aí, eu cheguei pro Hiran, que conheci em fevereiro, conheci o trabalho dele num show dele lá em Salvador achei incrível, e disse “Velho, tem que ser esse menino” e aí eu chamei ele, ele topou. Hiran ele é LGBT, ele é negro, é de Salvador e, assim, são três nomes diferentes falando sobre a mesma coisa mas cada um tem o seu peso dentro da sua experiências de vida. Eu acho que isso é super importante. Isso meio que acaba trazendo a identificação pra várias pessoas que escutam a canção, que escutam as vozes de cada um e eu acho que é uma canção muito importante nesse momento que a gente tá vivendo.”, conta.
Sobre as composições, Romero conta que sempre compôs sozinho num processo bem pessoal, mas que pela primeira vez neste álbum se permitiu desconstruir, escrever com outras pessoas e até mesmo cantar músicas de outros compositores. O artista completa dizendo que no “Ferro” fez muitas coisas que sempre quis fazer, mas sempre achou que não estava pronto. “O Barro é um artista que eu admiro muito aqui de Pernambuco e a gente começou um processo de amizade e acabou reverberando composições.”, comenta.
Conciliando com a agenda de shows e eventos, Romero Ferro adianta que até o final do ano irá lançar mais dois clipes, além de já começar a trabalhar no próximo projeto de estúdio.