A franquia “Transformers” começou em 2007 com um filme divertido e lotado de lutas grandiosas. O protagonista interpretado por Shia LaBeouf estava sempre acompanhado de um simpático robô amarelo chamado Bumblebee. O sucesso foi imediato e gerou quatro sequências e (agora) um spin-off.
A série teve seus altos e baixos com o passar dos anos, e vem do filme que menos arrecadou em toda a franquia (“Transformers: O Último Cavaleiro“, lançado ano passado) e também a menor aprovação da crítica (15% no Rotten Tomatoes). Dessa vez, com o filme-solo do “Bumblebee“, não existe motivo para preocupação, é o melhor filme desde o original.
O filme, que é uma história de origem, começa com uma cena que poderia, tranquilamente, estar no quinto filme dos herois, uma batalha entre Autobots e Decepticons em Cybertron. Aqui Bee ainda fala e é dublado por Dylan O’Brien. Com a mudança de cenário para a Terra, somos apresentados ao Agente Burns, interpretado por John Cena, e à Charlie Watson, vivida por Hailee Steifeld. O personagem de Cena não é muito aprofundado, mas serve muito bem à trama, como a representação militar sempre presente na franquia e que, aqui, aparece pela primeira vez como antagonista.
Charlie tem o filme todo pra brilhar junto do Autobot amarelo, que aqui chega a ela como um Fusca. Hailee consegue entregar uma personagem verdadeira e carismática. O mesmo pode ser dito do protagonista, aparecendo aqui de forma simpática e protetora como sempre, mas com menos explosões e sem a megalomania dos tempos de Michael Bay, o diretor Travis Knight faz com que o público consiga realmente se importar com o que acontece com o robô.
O roteiro deixa o desenrolar da trama acontecer de forma orgânica e sem, em momento algum, apressar nada. A escala do longa é bem menor que a dos outros filmes da série, o que quase o torna em um filme intimista.
A ambientação em 1987 é perfeita e a trilha-sonora é um grande destaque. Além disso, alguns detalhes vão cativar os primeiros fãs dos robôs. O visual tanto de Autobots quantos dos Decepticons está bastante fiel ao visto nos desenhos animados dos anos 80. Assim como o aspecto mais pixelado em hologramas.
Esse é (finalmente) o primeiro filme sem a direção de Michael Bay, e a ausência dele fez milagres. É revigorante não ver cenas com o pôr-do-sol a cada 10 minutos, não ver uma mulher sendo objetificada pela visão da câmera do diretor e, pela primeira vez, um filme sem Megatron. Dessa vez os vilões são Shatter e Dropkick, dublados respectivamente por Angela Basset e Justin Theroux, e a dupla não decepciona, com o melhor plano de destruição desde o início da franquia.
Apesar do ceticismo do público quanto a qualidade do filme (até mesmo por conta de como vem sendo a franquia nas últimas aparições), o que é visto nas telas é um filme carismático e cheio de coração, com um senso de humor cheio de naturalidade. “Bumblebee” é um longa que veio pra revitalizar os Transformers nas telonas.