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“Missão Cupido”: um teste de resistência de 90 minutos | Crítica

Valorizar produções nacionais é essencial e poderoso, mas e quando o produto não te apresenta sequer algo minimamente elogiável? Este é o caso de “Missão Cupido”, que estreou dia 10 de junho nos cinemas. A comédia romântica dirigida por Rodrigo Bittencourt contribui para a teoria de que bons atores podem facilmente virar verdadeiras piadas ao serem pegos com um roteiro ruim. O filme é de longe bagunçado, tedioso e com humor fraco.

O longa nos conta a história de Miguel (Lucas Salles), um anjo da guarda atrapalhado que tenta corrigir problemas – causados pelo seu mau exercício da função – na vida de Rita (Isabella Santoni), jovem a qual ele deveria proteger. O anjo que antes transparecia rebeldia, mas que logo descobrimos ser um cara bacana estabelece o seu maior conflito quando a figura da Morte (Agatha Moreira) decide competir com ele pela vida da moça.

Os dois seres espirituais demonstram em algum momento da trama interesses mais íntimos por Rita que logo se sente dividida, porém as duas relações são tão mal desenvolvidas pelo roteiro que se tornam insignificantes, especialmente no caso de Miguel. O que leva o filme a um verdadeiro fracasso já que essa disputa pela formação de um novo casal é, ou deveria ser, o ponto alto do enredo.

O elenco em questão, composto por atores já conhecidos pelo público por serem bons no que fazem, aqui são contemplados pela monotonia e dificilmente conseguem salvar o filme do desinteresse. Isto porque dão vida a personagens extremamente estáticos e dispostos a conflitos sem profundidade. Para jovens na faixa de 25 anos, os diálogos são tão vexatórios quanto os da telenovela brasileira “Rebelde” (2011) que virou meme na web por conta das recorrentes conversas consideradas causadoras de vergonha alheia que aconteciam entre seus personagens adolescentes.

As cenas são longas demais e cansativas, mal coreografadas e cheias de piadas que mesmo tentando misturar sátiras e ironias politicas não são de desprender grandes risadas. O roteiro, também assinado por Rodrigo Bittencourt, parece o tempo inteiro perdido deixando a sensação de que sequências que poderiam ser consideradas relevantes acontecem quando já se passou uma hora de filme, transformando os dois primeiros atos em momentos tediosos.

É verdade que clichês podem sempre surpreender, mas aqui isso não acontece. Missão Cupido testa a inteligência e a paciência do espectador o tempo todo, até para os que já esperavam algo mais “bobalhão”. Ele conclui com uma atmosfera de perda de uma hora e meia que poderia ser gasta com qualquer outra coisa mais engraçada.

Confira o trailer:

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Escrita por Victória da Silva