“House Of Gucci” chegou aos cinemas brasileiros e trouxe uma superprodução e um elenco recheado de grandes estrelas. Dirigido pelo lendário Ridley Scott, o longa se inspira no livro autointitulado lançado pela escritora Sara Gay Forben em 2001 e conta uma história de amor, ambição, traição e assassinato.
O longa-metragem passeia por três décadas diferentes para contar a história de Patrizia Reggiani (Lady Gaga) e o relacionamento com Maurizio Gucci (Adam Driver), assim como a ascensão da família e do império de uma das marcas mais famosas do mundo, a Gucci.
Um dos grandes destaques do elenco é, de fato, Lady Gaga, que brilhou ao interpretar a Patrizia Reggiani. A artista vencedora do Oscar – que por sinal é um verdadeiro fashion icon e está na produção certa! – se entregou inteiramente ao papel e realizou uma construção impecável de uma personagem difícil e cheia de camadas, que cresce com o decorrer do filme e ganha ainda mais força. Gaga soube transitar com muita sutileza entre uma Riggiani mais apaixonada e romântica, que é como somos apresentados a ela, e a mulherão forte e ambiciosa que se torna com o decorrer dos anos.
Depois do sucesso de “Nasce Uma Estrela”, é bom ver Gaga tão bem em uma produção que explora mais profundamente o talento para a atuação. A performance mostra o quão perfeccionista é a artista, que mergulha tão verdadeiramente no papel e se dedica tanto à própria arte que não vemos nenhum traço de Lady Gaga nas cenas. Foi um grande trabalho e será uma das grandes apostas para o Oscar em 2022.
Outro personagem que brilha é o de Jared Leto, que interpreta o Paolo Gucci, um primo tratado como o “inútil” e “idiota” da família. O personagem, que é dono de alguns dos momentos mais cômicos da produção, se destaca ainda pelo trabalho de caracterização impecável.
Com um roteiro bem detalhado e com doses de exagero e drama, a produção busca construir a atmosfera que acompanhe efetivamente uma trama, que segue um ritmo gradual até a última cena, quando encerra com o desfecho da história real. Ambientado em Milão e em New York, “Casa Gucci” possui uma fotografia belíssima e uma trilha sonora com algumas canções típicas e sucessos que acompanham a época em questão, mas nada tão grandioso ou muito original, como uma trilha sonora especial para alguns momentos específicos.
De pontos mais fracos, podemos destacar a transição não tão clara de um período para o outro, a não ser por alguns elementos, como looks e caracterização. Além disso, alguns detalhes poderiam ter sido melhor explorados para conseguir explicar melhor alguns acontecimentos e reações. Enquanto algumas cenas passam rápido demais, outras poderiam ser mais curtas. No entanto, até mesmo as cenas que não trouxeram algo tão significativo ajudam a contar a história, ou construir um personagem, ou apenas a levar o público para dentro daquele universo.
Por fim, “House of Gucci” é um retrato cinematográfico de um acontecimento marcante e descreve de forma dramática os bastidores de uma das marcas mais conceituadas do mundo. Recheada de exageros e algumas liberdades de roteiro, a construção do longa peca em alguns momentos, mas não deixa de ser uma superprodução e de dar aos personagens a chance de mostrarem todo o talento que possuem.
O longa traz boas atuações, diálogos icônicos e momentos que se perpetuam na cabeça após os segundos finais do filme, como “Father, Son and House Of Gucci”. “Casa Gucci” longa poderá não ser uma daquelas produções que agradam a grande massa e se tornam a favorita de todas as pessoas, mas tem o que é suficiente para ser um grande sucesso de bilheteria e estar presente nas premiações.