Na noite do último sábado (12), o Circo Voador, no coração da Lapa, no Rio de Janeiro, foi o cenário escolhido para o último ato da turnê “Outra Dose”, de Di Ferrero. Com ingressos esgotados, participações especiais e um setlist recheado de sucessos, o cantor entregou uma apresentação intensa, vibrante e profundamente afetiva.
O encerramento da turnê solo marcou não só o fim de um ciclo iniciado em 2023 com o álbum 🙁 Uma Bad Uma Farra 🙂, mas também consolidou Di como um artista ainda mais maduro e capaz de se reinventar sem perder suas raízes.
O show começou com “Um Brinde” e já levantou o público, que cantava cada palavra fazendo um coro no Circo Voador. Além de Mim, Daqui Pra Frente e Só Rezo, da Nx Zero, só deixou o público mais animado e preparado para uma noite repleta de música e nostalgia. O artista equilibrava performance vocal com uma presença de palco cheia de carisma e entrega.
Di Ferrero estava visivelmente feliz e realizado de estar se apresentando em uma das casas de show mais tradicionais do Rio de Janeiro e que já recebeu grandes referências da música, como Barão Vermelho, Legião Urbana, Blitz, Os Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, e tantos outros. A noite especial pedia surpresas e, pensando nisso, Di decidiu incluir na setlist algumas músicas inéditas no show: Som da Desilusão e Universo Paralelo fazem parte do EP 7, lançado recentemente.
Entre canções da carreira solo e hits da Nx Zero, como “Cedo ou Tarde” e “Razões e Emoções”, Di ainda recebeu convidados especiais. Clarissa surgiu no palco para um dueto delicado e emocional em “Descansa”, transformando o Circo em um espaço de contemplação. Já Danilo Cutrim (Forfun) trouxe uma dose de punk carioca com “Universo A Nosso Favor”, feat do Charlie Brown Jr. com o Forfun, e ”Sigo o Som”, em um crossover que fez sentido tanto pela nostalgia quanto pela amizade entre os dois músicos.
Um dos momentos mais inesperados da noite veio quando Di misturou Até Que Durou, de Péricles, com o instrumental de Misery Business, do Paramore. Também houve espaço para covers surpreendentes, como trechos de Garota Radical e As cores, da banda Cine, do qual o guitarrista Bruno Genz fazia parte. O momento agitou a plateia desde os primeiros acordes das músicas e fez todos cantarem.
A estrutura do show, que começou com intensidade, passou por momentos de vulnerabilidade e terminou em catarse, refletiu o arco da turnê: um convite para revisitar feridas, brindar conquistas e seguir em frente com mais consciência e menos amarras. “Outra Dose” foi mais do que uma turnê — foi uma jornada emocional, tanto para o artista quanto para o público. No Circo Voador, um dos palcos mais simbólicos da cena musical brasileira, Di Ferrero encerrou esse capítulo com a certeza de que, sozinho ou com banda, continua sendo uma das vozes mais relevantes do rock/pop nacional.