Laganja Estranja, estrela do reality RuPaul’s Drag Race, assumiu ser uma mulher trans, em entrevista à EW. Um dos nomes mais famosos do programa, a artista contou que muitas mulheres que a inspiraram a se aceitar, mas garante que está nervosa. “Estou nervosa, mas não assustada […] Não vou mais viver minha vida com medo.”
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Durante a entrevista, Estranja contou ao site que se abriu com a família há uma semana e que recebeu o apoio de todos. Aos amigos, a notícia chegou mais cedo, em 2020, quando revelou durante o próprio aniversário que é uma mulher trans e, desde então, se sente “confortável e totalmente comprometida”.
“As pessoas pensam que quando você é trans que você queria ser uma garota por toda a vida; sim, isso é parcialmente verdade [para mim], mas também é verdade que eu queria ser homem a minha vida inteira para me encaixar o que a sociedade considera normal”, explica. “Mas, essa não é a minha verdade, e estou ousando assumir isso. Tentei ser homem e ser intermediário e não binário. A verdade é que sou uma entidade feminina e posso viver esta vida.”
“Quero ser capaz de expressar isso o tempo todo”, disse. “Acabei de cortar o cabelo – um corte bem feminino – e em uma semana já, minha vida mudou. Sou capaz de sair do palco e tirar a maquiagem e ainda ver uma linda mulher no espelho. É poderoso”.
Em se abrir para o público, Laganja dá mais um passo para uma vida mais plena como mulher trans. O processo de transformação da artista se inicia no momento em que se abre ao mundo, antes mesmo da terapia hormonal, para enfatizar que a transição de ninguém é a mesma e que todos merecem o espaço, o tempo e o amor em qualquer idade e em qualquer ponto físico da trajetória pessoal.
Uma das grandes apoiadoras de Laganja foi outro grande nome de RuPaul’s Drag Race, a Gia Gunn, que também é uma mulher trans. “Estou muito grata por Gia não ter me pressionado e me permitido usar o meu tempo […] Desde o primeiro dia, quando nos conhecemos, ela disse, ‘Oh querida, você é uma mulher!’ Ela é conhecida há mais tempo do que eu!”, completou.
Além de Laganja e Gunn, Peppermint, Kylie Sonique Love, Jiggly Caliente, Carmen Carrera e tantos outros nomes fazem parte do hall de participantes trans do programa. A mais recente foi Gottmik, primeiro homem trans a participar do reality na 13ª temporada.
“Ser uma drag queen em si é inerentemente político, e ser trans é ainda mais. Quanto mais pessoas como Elliot Page se apresentam como trans , como Demi Lovato se apresenta como não binários, mais a paisagem pode mudar e mais as pessoas mudam para aceitar a verdade. Gênero é uma construção e todos nós estamos destruindo isso”, diz Estranja.
Aos 32 anos, a artista espera poder usar a voz para causar uma verdadeira mudança social e política, especialmente em um ano em que um número recorde de projetos de lei anti-trans foram introduzidos. “Estou tão feliz. Me sinto tão bonita e poderosa e, finalmente, estou olhando para trás, para quem eu sou no espelho, e é uma sensação incrível. Se alguém está lutando com isso, respire e aceite, porque, depois de fazer isso, é incrivelmente fortalecedor.”
Laganja Estranja reconhece a importância de falar sobre este assunto não só por ser o mês do Orgulho LGBTQIA+, mas também pela responsabilidade em se apresentar em uma plataforma pública para ajudar facilitar a jornada para outras pessoas que possam estar em conflito sobre as próprias identidades. Além disso, a artista está realizando uma parceria com a organização FOLX para ajudar a fornecer cuidados de saúde para outras pessoas trans.
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