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Os Números do Amor – Helen Hoang | Resenha

Nós já conhecemos a história aqui contada: uma mulher bem sucedida decide procurar um acompanhante para aprender mais sobre a arte da sedução e os dois acabam se apaixonando. Esse “Uma Linda Mulher” às avessas permeia os romances adultos e vez ou outra quem acompanha o gênero vai se deparar com essa narrativa. A questão é que “Os Números do Amor’“NÃO É uma dessas histórias!

É isso que está na sinopse, sim. Mas não é essa história contada. E essa é a melhor surpresa do livro. A premissa é essa mesma, mas seu conteúdo vai muito além. Stella é portadora de Asperger, um dos espectros do Transtorno de Autismo, que tem como característica em comum a dificuldade em lidar com situações sociais. (Vale ressaltar que o livro traz TRAÇOS dessa síndrome, Stella não é um modelo e nem todos os autistas ou portadores de Asperger são iguais). E essa dificuldade é o que a leva a uma situação extrema, já que as pressões sociais e familiares existem na vida de qualquer um. E aqui, é importante ressaltar: bem mais presente na vida de qualquer UMA.

Stella sofre pra se encaixar, não por algum clichê de “você é diferente das outras” mas porque ela de fato tem dificuldades com coisas que para o maioria da população, pode ser considerado normal. Válido ressaltar que todo mundo tem problemas de e com relacionamentos. Manter relações reais e estáveis com outra pessoa não é fácil pra ninguém mas imagina enfrentar isso quando não se consegue ir a uma festa ou cinema ou jantar com desconhecidos.

Michael Phan entra aqui como aquele cara que é bem mais que um corpo bonito. Aceitando fazer programas para pagar as contas de tratamento de sua mãe (vale lembrar que não existe SUS em outros países), ele se sente culpado e sujo por tal trabalho, além de ter abrido mão de seu sonho e talento. Sensível, ele consegue lidar com Stella, até que percebe que seus hábitos são mais que meras manias.

Stella tenta o tempo todo esconder sua condição e o decorrer da narrativa ganha muitos pontos ao fazer a própria aceitar a si mesma, algo bem mais complicado quando se carrega um laudo dizendo que você é, de fato, diferente. Ela não termina o livro como livre, leve e solta com sua condição, mas o relacionamento com Michael faz ela se enxergar além da condição clínica.

Claro que ainda temos muito romance e muito clichês, alguns que honestamente, são inexplicáveis: o colega de trabalho de Stella, por exemplo só tá ali pra provar que ela é desejável mesmo tendo Asperger (?). Não tem função narrativa além de gerar ciúmes em Michael, outro arco totalmente desnecessário num livro que possui tantas camadas de representatividade e inclusão. Importante dizer que, se foi erro de tradução, revisão ou do original não sei mas a escrita muitas vezes se torna repetitiva em sua expressões e maneirismos, o que pode tornar a leitura um tanto cansativa mas na chega a comprometer a fluidez.

“Números do Amor” é uma trama altamente romântica, com algumas doses de comédia mas que principalmente aborda como com todas as diferenças do mundo, no fim o ser humano é único, com as mesmas necessidades e desejos: fazer parte de um grupo, amar e ser amado, ser aceito e ser feliz. É brega? Sim. Mas é a mais pura verdade…

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Escrita por Milla Fadel

Apenas mais uma garota apaixonada por livros

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