Há pouco mais de um ano, estreava no Globoplay “Xuxa, o Documentário”, uma série documental de cinco episódios que contava tudo sobre a vida e a carreira da Rainha dos Baixinhos, Xuxa Meneghel. Como era de se esperar, o documentário foi um grande sucesso e gerou bastante repercussão, levando as pessoas a pensar que as paquitas também deveriam ter o seu. E não é que a produção da série aconteceu mesmo?
Em um bate-papo com a imprensa, no qual a Poltrona Vip marcou presença, as criadoras de “Pra Sempre Paquitas” e ex-paquitas Ana Paula Guimarães (Catuxa) e Tatiana Maranhão (Paquitita Loura), juntamente com o também criador Ivo Filho e o roteirista Paulo Martins Filho, revelaram detalhes sobre a obra e contaram algumas curiosidades de bastidores.
Guimarães começou ressaltando o grande desafio que foi reunir todas as ex-paquitas para fazer o documentário acontecer. “Conseguimos reunir todas as gerações, e o maior desafio, depois disso, foi ‘costurar’ essas histórias. E isso o Paulo (Mario Martins) fez brilhantemente no roteiro, conseguindo construir essas histórias, colocando e iluminando todas essas meninas, porque somos muitas, né?”, disse Guimarães.
“Você tem 27 meninas falando, fora as paquitas internacionais e todos os convidados para contar essa história. Acho que o maior desafio é conseguir contextualizar tantas vozes sem ficar redundante”, continuou a criadora do projeto, revelando que, além de todas as meninas, muitas outras pessoas que estiveram presentes durante a trajetória delas também participarão da série documental.
Desconstruindo todo o glamour
No total, Xuxa teve 29 paquitas no Brasil (de 1986 até 2002), e quase todas elas estão presentes no documentário. Então, pode esperar ver rostos que ficaram muito conhecidos na televisão brasileira, como Letícia Spiller (Pituxa Pastel), Bianca Rinaldi (Xiquita Bibi), Juliana Baroni (Catuxa Jujuba), Graziella Schmitt (Grazi Modelão) e Lana Rhodes (Cabritinha).
Ser paquita era o sonho de milhões de meninas pelo Brasil inteiro, e é de se imaginar que quem não trabalhava com elas pensava que tudo era festa e glamour. Pensando nisso, Ana Paula Guimarães quis trazer uma visão mais humanizada das assistentes de palco de Xuxa no documentário. “Ficamos muito preocupados em não mostrar apenas um lado. Não ficamos apenas naquele lugar do glamour, da personagem icônica que permeou o sonho de gerações. Queríamos humanizar e mostrar realmente como eram os bastidores, que eram muito felizes, muito alegres, mas que, em determinado momento, cada uma tinha suas questões”, conta Guimarães.
Contexto dos anos 80
Além de desconstruir o glamour em torno da imagem das paquitas, Guimarães ressalta a importância de trazer o contexto da época para ilustrar a história. “Contextualizamos não só no nosso universo, mas abrangemos para a época e para a sociedade. Tati, Ivo, Paulo e eu fomos conduzindo e misturando essa história, mostrando esse paralelo com a sociedade. Acho que isso é o mais incrível, já que passeamos pelo universo das paquitas, pelo infantil brasileiro, mas também mostramos como a sociedade se comportava naquela época. Eu acho que isso fez o documentário ficar mais vivo”, completou.
Tatiana Maranhão também compartilhou sua visão sobre revisitar aquele período com o olhar de hoje. “Esse documentário traz o doce, o amargo, as glórias, o glamour e também a nossa resiliência, a nossa força, porque, além de sermos meninas na sociedade machista da década de 80, éramos crianças. Éramos meninas em uma sociedade ainda muito politicamente incorreta, e eu acho que isso está muito bem contextualizado ao longo do documentário”, disse.
Ao final de sua fala, Maranhão relembrou o quão emocionante foi reencontrar as ex-paquitas e revisitar esses momentos. “A gente pôde ter os nossos encontros e desencontros ao longo da vida, mas temos uma história única, a qual sempre volta, e é muito emocionante, sabe? Foi lindo dividir com essas meninas, voltar e resignificar essa história”, finalizou Tatiana.
O ponto de partida
Durante a coletiva, o roteirista do documentário, Paulo Mario Martins, contou que o ponto de partida para a produção do roteiro foi a realização de muitas pesquisas, indo atrás de cada uma das ex-paquitas, apresentando a proposta e colhendo depoimentos. “Aos poucos, fui percebendo que, ainda nessa pesquisa inicial, o grupo tinha uma história fantástica que está na cabeça de todos nós e que era possível contar um pouco da nossa história como sociedade através da história delas, que passam por várias décadas. Então, seguimos esse caminho de usar a biografia delas para mostrar o quanto evoluímos como sociedade, o que éramos em 1980, o que a televisão era em 1980 e no que se transformou depois de 2000”, contou.
Ao ser perguntado sobre o pedido para que fãs enviassem imagens caseiras para ajudar na composição do documentário, Martins afirmou que eles receberam bastante material. “Eles ajudaram muito. Os fãs da Argentina também colaboraram bastante com o material deles. Não queríamos imagens que estão no YouTube ou Instagram, que são imagens da televisão. Queríamos essa coisa de bastidores, VHS, imagens delas entrando no ônibus, em um show, saindo de um hotel, ver esse contato com os fãs. Isso foi muito rico, porque vieram coisas incríveis para a gente, como imagens de show, de aeroporto”, revelou Martins.
Curiosidades de bastidores
Vocês sabiam que o documentário “Pra Sempre Paquitas” estava sendo planejado muito antes de “Xuxa, o Documentário”? Quem contou a fofoca foi Tatiana Maranhão. “Esse projeto existe desde antes do documentário da Xuxa. Aí, o documentário dela veio, e a gente deu uma engavetada nele [o projeto]. Depois, chegamos à conclusão de que foi a melhor coisa que fizemos. Talvez, se tivéssemos vindo antes, teríamos vindo mais acuadas, menos empoderadas para expor nossos sentimentos”, contou a Paquitita Loura.
Outra curiosidade, desta vez revelada por Ana Paula Guimarães, é que muitas mães das paquitas descobriram segredos e situações que as filhas passaram apenas durante a produção do documentário. “Algumas mães descobriram coisas da gente aqui. No meu caso, não foi minha mãe, mas sim minha madrasta, a Rose. Ela que me acompanhava, porque minha mãe morava em Macaé, e a Rose morava no Rio, casada com meu pai. Tinham fatos que elas não sabiam até hoje, tipo coisas de escola. Muitas coisas a gente não contava, porque não queríamos deixar de estar ali naquele espaço, e, se contássemos, poderiam querer nos tirar dali”, relatou a Catuxa em um tom descontraído.
Ausência de Paquitas
Vocês sabiam que nem todas as paquitas estarão presentes no documentário? Pois é, Vanessa Melo (Flashdance) e Diane Dantas (Lady Di), ambas parte do período “New Generation”, não quiseram participar das gravações do projeto. Guimarães contou que elas preferiram se manter no anonimato. “A gente está contemplando as duas, mas realmente elas quiseram ser preservadas e não falar hoje em dia. Elas preferem o anonimato. Estão no documentário, mas não temos o lugar de fala delas sobre a história. Então, não prejudica, mas falta”, contou.
Tatiana também salientou que não houve nenhum mal-estar entre Vanessa, Diane e as outras ex-paquitas. “Acho que é importante ressaltar que são pessoas queridíssimas, que temos um amor e uma gratidão enormes. Temos histórias juntas, a gente se adora. É mesmo uma questão individual de cada uma delas, que seguiram vidas diferentes, profissões diferentes e preferem ficar mais reclusas neste momento”, completou.
Quando o documentário estreia?
A estreia do documentário “Pra Sempre Paquitas” acontece no dia 16 de setembro. A série vai mergulhar na vida e na carreira das eternas companheiras de palco da Rainha dos Baixinhos, resgatando histórias de amizade e união, paixões, sonhos, experiências, bastidores das gravações, decepções, desentendimentos e diferentes pontos de vista.
Com autoria de Ana Paula Guimarães e Ivo Filho, direção de criação de Tatiana Maranhão e roteiro de Paulo Mario Martins, “Pra Sempre Paquitas” é um original Globoplay, com produção dos Estúdios Globo.
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