A nova comédia dramática, original da Netflix, estreou no dia 2 de setembro e está em alta no streaming. “Esticando a Festa” conta a história de Cassie (Victoria Justice), uma jovem festeira que no seu aniversário de 25 anos sofre um acidente e morre. Antes de enfrentar o “juízo final”, sua alma tem a oportunidade de retornar a terra para corrigir antigos erros e assim conquistar uma vaga no paraíso.
É possível acompanhar Cassie antes de morrer investindo o seu tempo num estilo de vida supérfluo e deixando de lado questões mais importantes: ela não se importa em visitar o pai, não valoriza a melhor amiga e alimenta um rancor pela mãe. Com medo de receber o “castigo eterno”, a protagonista traça uma jornada para se desprender do orgulho e reparar o mal que causou a essas pessoas e a si mesma.
Dirigido por Stephen Herek, o filme trata de assuntos digamos que um pouco mais adultos, porém com uma áurea extremamente juvenil. Cassie é uma personagem que após a morte precisa resolver pendências com pessoas as quais ela conviveu durante a vida e isso requererá dela bastante maturidade. A jovem recebe do seu anjo da guarda, Val (Robyn Scott), uma lista com os nomes dessas pessoas e ela precisará reencontra-las e descobrir sozinha o que deve consertar com cada uma delas. Com o desenvolver da história ela engata cada vez mais na tarefa de se redimir, e é assim que, com muita sutileza, o filme constrói uma atmosfera dramática. A trama ousa dialogar sobre questões como autocrítica, superação, perdão, cordialidade, amizade etc.
O roteiro, escrito por Carrie Freedle, se dedica a explorar principalmente a relação da personagem de Justice com sua melhor amiga e colega de quarto, Lisa (Midori Francis). As duas possuem personalidades totalmente opostas: Cassie é desinibida e gosta de sair para curtir a vida enquanto Lisa é tímida, focada nos estudos e prefere ficar em casa. São essas diferenças que, no princípio, acabam gerando um atrito entre elas e quando Cassie retorna a terra, precisa repensar as atitudes que teve com a amiga para tentar compensa-la.
Apesar do filme deixar claro que as meninas já são adultas, um detalhe da trama que incomoda é a forma meio infantil das amigas de se comportarem, além dos trâmites que as envolvem, a reação delas para determinados conflitos parece subestimar sua própria inteligência. Isso acontece por causa do humor que o roteiro tenta construir a partir de atitudes inadequadas das jovens que remetem a caprichos da adolescência. Acontece que essa dinâmica não se amarra ao lado mais reflexivo e sério que o roteiro tenta proporcionar. O problema não está em fazer humor, já que o filme é uma comédia dramática, mas em como ele é feito.
Mas se por um lado o humor que o filme constrói fornece um tom exageradamente “teen”, por outro o torna “aconchegante”. A forma leve e supostamente engraçada que as personagens lidam com situações complicadas faz parecer que certos desafios da vida não são tão difíceis como imaginamos o que nem sempre é verdade e por isso diminui o tom realista da trama.
A escolha de Justice e Francis para dar rostos às protagonistas funcionou bem, as duas conseguem sustentar uma relação de companheirismo até que comovente. O elenco de apoio não é ruim, mas não há muito que elogiar já que o papel não exige deles grandes performances. A trilha sonora é divertida, mas remete demais aos trabalhos anteriores de Justice, dando a sensação de que este já foi assistido antes.
“Esticando a festa” é um filme que tenta abordar assuntos sérios, mas não domina um equilíbrio entre comédia e drama, porém o longa se baseia em resoluções que, sendo realistas ou não, é capaz de gerar certa sensação de conforto e para este estilo de filme existe um grande público.
Assista o trailer: