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“Confissões de Uma Garota Excluída” traz comédia e promove reflexão sobre temas importantes | Crítica

Confissões de Uma Garota Excluída” é a nova comédia nacional e chegou ao catálogo da Netflix nesta quarta-feira, 22. Protagonizado por Klara Castanho e com roteiro de Thalita Rebouças, o longa traz uma história cativante, com uma trama leve, mas ao mesmo tempo bastante importante.

No longa, Klara dá vida a Tetê, uma garota muito inteligente, mas que é excluída na escola e que precisa lidar com outros problemas pessoais. Um desses problemas, é a própria família, que a pressiona todos os dias para ser algo que não é. Além disso, Tetê precisa se adaptar a uma nova escola, que a proporciona conhecer pessoas novas e também se meter em algumas confusões.

O longa é inspirado no livro best-seller “Confissões de Uma Garota Excluída, Mal-amada e (Um Pouco) Dramática”, de Rebouças, e o público poderá acompanhar não só os acontecimentos da vida de Tetê, mas também os que acontecem apenas na cabeça dela. É interessante e bastante engraçado a construção das cenas em que a personagem fantasia algo e como depois isso é derrubado. Não há nada que diferencie o real da fantasia, a não ser as cenas mais exageradas e dramáticas, mas isso não causa falha nenhuma na compreensão e logo conseguimos identificar quando aquilo realmente aconteceu e quando não.

O roteiro é bastante rico em diálogos muito bem construídos e que somados ao ótimo elenco, tudo isso flui de forma muito prazerosa de assistir. Os temas abordados, como bullying, rivalidade feminina, machismo e tantos outros, são colocados em cena de uma forma tão leve que só se percebe a mensagem quando já a absorveu e se identificou. 

O núcleo familiar de Tetê é composto por Júlia Rabello e Alcemar Vieira, que interpretam os pais, e Stepan Nercessian e Rosane Gofman, que são os avós da garota. Juntos, todos esbanjam muita química, momentos engraçados, de reflexão e emocionantes. Embora seja uma família repleta de amor, vemos aqui o caso típico de pessoas próximas que tentam ajudar, mas acabam se tornando tóxicas e invadindo o espaço do outro. “Existe bullying familiar?”, questiona Tetê em um momento. A resposta todos sabemos!

JULIA RABELLO É HELENA E ROSANE GOFMAN É DJANIRA (Foto: Netflix)

Klara Castanho, que já é dona de uma carreira notável na televisão desde muito pequena, conseguiu entregar no longa uma Tetê completamente apaixonante e divertida. Com uma atuação impecável, a atriz trouxe os dramas da garota para a cena, mas sem deixá-la cansativa, a tornando amável e de fácil identificação. Todo mundo tem um pouco de Tetê. 

A relação de Tetê com os novos amigos Davi e Zeca, interpretados por Gabriel Lima e Marcus Bessa, respectivamente, é muito gostosa e traz a sensação de amizade verdadeira por serem a personificação de tudo o que a Tetê precisava naquele momento. De um lado, Davi é todo sensível e atencioso. Do outro, Zeca é muito prático e rápido. Klara, Gabriel e Marcus funcionam muito bem juntos e fazem com que os personagens sejam muito interessantes, de fato. Inclusive, Zeca é declaradamente gay, cheio de amor próprio e um personagem que muitos queriam ter visto há mais tempo em produções como estas de anos anteriores. Obrigado por existir, Zeca!

Outro grande destaque do filme é Júlia Gomes, que interpreta a Valentina, a típica “patricinha má” da escola. A personagem é tão bem construída e tão bem interpretada por Júlia que é impossível não sentir raiva por ela. Logo, Júlia fez um ótimo trabalho!

“Confissões de Uma Garota Excluída” possui direção assinada por Bruno Garotti e só reforça o talento de Thalita Rebouças para construir histórias apaixonantes e cativantes, mas que possuem algo a agregar a quem assiste. A produção não conversa apenas aos fãs dos best-sellers da autora, mas estende esse diálogo para toda a família e por meio das mensagens e sensações proporcionadas ali a reflexão sobre os temas retratados é quase que inevitável.

É gostoso assistir como Thalita consegue trazer toda a intensidade do adolescente para dentro das produções, sem deixá-lo chato e caricato. Embora o longa possua aspectos já vistos em outras produções – o que é super normal! patricinhas odiáveis existem aos montes, por exemplo. -, nada tira a magia que é assistir uma produção tão carinhosamente feita por Rebouças sobre um período que todos passamos e que por vezes esquecemos de como era. Acredito que o grande diferencial desta obra em comparação com tantos outros clichês adolescentes que vemos por aí e levando em consideração tudo o que escrevi acima, é que este foi feito por Thalita Rebouças.

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Escrita por Otavio Pinheiro