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“A Mansão” exagera na superficialidade e se torna esquecível | Crítica

Por conta do halloween, o mês de outubro está recheado de lançamentos que prometem impressionar os fãs do horror, pelos quais as plataformas estão brigando pela atenção. Quem também entrou nessa briga foi a Prime e Vídeo que recentemente estreou em sua plataforma o filme “A mansão”, produzido pela Blumhouse e estrelado por Barbara Hershey.

A obra acompanha Judith Albright (Barbara Hershey), que após um acidente em seu aniversario de 70 anos decide se mudar para uma casa de repouso onde começa a ter visões perturbadoras, em seguida descobre que nesse lugar alguns pacientes estão morrendo de formas muito curiosas e que ela pode ser a próxima. Com a ajuda do neto Josh (Nicholas Alexander), a matriarca irá atrás de descobrir uma forma de se safar.

Axelle Carolyn, uma cineasta não muito popular, é a responsável pela direção do longa. A belga já possui em seu currículo alguns projetos do gênero, como um dos episódios da série “A maldição da mansão Bly” (2020), outro da série “Show de horrores” (2021) e o filme “Alma gêmea” (2013), mas apesar das experiências, “A mansão” está longe de ser o seu melhor trabalho. Embora tenha acertado na escolha da ambientação, o cenário gótico não foi o suficiente para criar a atmosfera de horror e suspense que essa categoria exige, na verdade, o fato de não conseguir sustentar o clima de tensão típico dessas narrativas foi uma de suas maiores precariedades e o motivo vai desde como o roteiro foi escrito até o modo como tudo foi filmado.

A premissa até parece provocante, num primeiro momento assistimos a uma senhora que passa a perceber acontecimentos anormais após se instalar numa casa para idosos, mas quando decide confessar os detalhes assustadores, ela é subjugada ao diagnostico de demência. É aí que o filme parece querer levantar algumas reflexões sobre determinados tabus que envolvem o envelhecimento: aceitação do novo estilo de vida, crise familiar e o tratamento que pessoas idosas possuem nesse tipo de estabelecimento. Interessante até, mas a decepção vem logo em seguida. O que a obra faz é abandonar todos esses temas grandiosos para focar em uma trama fraca e breve. Com menos de uma hora e meia de duração, o longa revela uma protagonista empenhada em desvendar conflitos desinteressantes e bobos.

Além da pobreza de argumentos do enredo, as técnicas de filmagem que deveriam reforçar a curiosidade do espectador, por outro lado, só causam mais tédio. Os cortes e os enquadramentos mal valorizam o espaço, não compõem grandes significados e levam a trama para um nível abaixo do “básico”.

Por fim, o trabalho realizado por Carolyn não precisa ser comparado a outras grandes obras para que seus defeitos sejam evidenciados, mas existem sim outros filmes que também levantam essa temática, porém de forma eficaz e capaz de levar a uma intensa submersão, exemplos como “Meu pai” e “Relíquia” (ambos de 2020) que exploram de forma bem mais interessante e sensível o esgotamento físico e mental que acompanham o processo de envelhecimento.  “A mansão”, por sua vez, se mantém na superficialidade e decepciona.

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Escrita por Victória da Silva