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“Soul” apresenta visão sensível e inovadora do real sentido da vida | Crítica

“Soul” chegou com exclusividade ao catálogo da plataforma de streaming Disney+, na última sexta-feira (25). Com uma mensagem profunda e sensível, a animação é um dos títulos mais aguardados do ano e se consolida como outro grande acerto da Walt Disney Pictures e Pixar Animation Studios.

O filme conta a história de Joe Gardner, um professor de música do ensino médio que sonhava em ser um músico de jazz. Gardner finalmente consegue impressionar outros músicos durante um ensaio aberto no Half Note Club, mas no mesmo dia sofre um acidente e teve a alma separada do próprio corpo e transportada para o “além vida”. O homem vai parar no lugar onde as almas se desenvolvem e ganham paixões antes de serem transportadas para um recém-nascido. A partir daí, Joe deve trabalhar com a 22, uma alma com uma visão desanimadora da vida depois de ficar presa por anos no “pré vida”, a fim de retornar à Terra.

Dirigido por Pete Docter e co-dirigido por Kemp Powers, a produção traz uma representação da vida de uma forma bastante leve e divertida, assim como já feito em outra animação querida pelos fãs, o longa “Divertida Mente”, que venceu o Oscar de Melhor Filme de Animação, em 2016.

“Soul” é muito cativante e retrata de forma inovadora o questionamento que está no consciente de todas as pessoas: “o que há após a vida?”. A animação tem um ritmo ágil e logo de início podemos nos apaixonar pelos personagens e conhecê-los melhor. Nos primeiros minutos do longa, somos apresentados ao Joe e a maior paixão do personagem, que é a música.

A produção é repleta de personagens icônicos e cheios de personalidade. Já a interação de Joe e 22 garante boas gargalhada e traz uma relação de ajuda mútua (mesmo que Gardner não perceba isso de início!). Os momentos mais cômicos do longa acontecem quando as duas almas chegam à Terra e devem se ajudar a vivenciar uma nova realidade, além de diversas aventuras. A partir daí, dos dois começam a ressignificar diversas coisas da vida, como a relação com as pessoas, a missão que acreditam ter e até mesmo os sonhos.

Há também algo bastante representativo na produção, uma vez que basicamente todos os personagens da Terra são pretos. Joe é o primeiro protagonista preto em toda a história da Pixar e se tornou um dos papéis mais especiais da carreira de Jamie Foxx. “Para mim, poder dizer com orgulho que sou o primeiro protagonista afro-americano em um filme Disney-Pixar, é incrível. É uma sensação ótima.”, disse Foxx, em entrevista à Variety.

Além de Foxx, o filme conta com a voz de Tina Fey, Questlove, Phylicia Rashad, Daveed Diggs e Angela Bassett. “Soul” conta com uma trilha sonora repleta de canções originais do jazz compostas por Jon Batiste, renomado pianista norte-americano. Os instrumentais – que são incríveis! – ajudam o público a mergulhar ainda mais no conceito proposto pelo filme. Inclusive, a trilha sonora já está disponível nas plataformas digitais.

Bem produzido e com um roteiro muito inteligente, “Soul” diverte ao mesmo tempo que emociona e mostra a importância de dar valor às coisas mais simples. “O que é que o torna… você?” é o questionamento feito na página do filme da plataforma de streaming e o que explica perfeitamente o que o público pode esperar da produção.

Todos nós passamos a vida em busca de realizar os sonhos, como ter uma casa luxuosa, se tornar autoridade naquilo que desempenhamos profissionalmente, viagens, e ficamos tão focados que acabamos esquecemos do que faz com que nós sejamos nós mesmos. A produção fala muito da “missão” e do “propósito” que muitas vezes acreditamos que sejam os reais motivos da nossa existência, mas que no fim o real propósito da vida é vivê-la da melhor forma possível e aproveitar cada segundo.

Em um feito raro, a Disney/Pixar decidiu por deixar o final de “Soul” aberto, o que proporciona ao público a experiência de utilizar da própria imaginação para decidir o que aconteceu a seguir na vida dos personagens e qual o desenrolar da história de cada um deles após o término do filme.

“Soul” é perfeita para toda a família e conquista adultos e crianças com elementos bem característicos, como personagens mais reais e uma trama bastante leve. A animação é uma das primeiras produções originais da plataforma de streaming Disney+ e chega em um momento bastante complicado no cenário mundial por conta da pandemia, mas não poderia ter sido lançado em hora melhor. A animação conforta, dá esperança, entretém e ao mesmo tempo nos inspira a viver de uma forma diferente e a refletir sobre diversos pontos da vida.

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Escrita por Otavio Pinheiro