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Wesley Nóog faz balanço da trajetória e apresenta o novo álbum “O Samba é da Gente”

Imagem: Divulgação

Cantor, compositor e instrumentista, Wesley Nóog é um nome de destaque na nova cena do samba. Conhecido entre diversos produtores e compositores consagrados do segmento, ele lançou, no último mês, “O Samba é da Gente”, sétimo álbum de estúdio da carreira de quase duas décadas. 

O disco conta com a produção do maestro Paulão Sete Cordas, arranjador e diretor musical de Zeca Pagodinho. O trabalho traz 10 faixas inéditas, das quais cinco recebem a assinatura de Nóog. Um dos principais destaques do álbum é a faixa “Casa de Irene”, composta pelo cantor em parceria com Gabriel Spazziani e Renato Dias

Apesar de sempre ter tido fortes influências do samba, o novo disco marca a transição completa de Wesley para o gênero. “É onde de fato eu coloco os dois pés no lago da vida do samba e mergulho até cobrir toda a cabeça”, brinca o artista. O CD já está disponível para audição em todas as plataformas digitais. 

Formação

Wesley nasceu em São Paulo, mas se radicou no Rio de Janeiro graças à música. A mudança para a capital carioca começa por conta de um projeto que resultou na gravação do penúltimo álbum, “Reinício”

A agenda de compromissos e de contatos por lá se estendeu e o cantor fixou residência. “Foi a música que permitiu que eu pudesse colocar meus pés aqui e participar de toda essa riqueza cultural e universal que é o Rio de Janeiro”, disse. 

Ao longo dos 19 anos de carreira, o cantor mesclou diversos ritmos em sua sonoridade. A influência da família fez com que ele iniciasse carreira no samba soul, mas foi o gosto pela pesquisa que fez com que o artista se interessasse ainda mais pelas raízes do gênero. 

A faixa “Meu Mundo é Hoje”, sucesso na voz de Paulinho da Viola, foi fundamental nesse processo. “Eu vim do soul por ser de origem metodista, mas quando eu comecei a estudar de fato o samba, esse foi o primeiro com o qual eu tive contato pra estudar e entender. Foi minha iniciação”, destaca.

Paulão Sete Cordas

Ao longo da carreira, Wesley Nóog dividiu o palco com artistas como Chico César, Jair Rodrigues, Nando Reis, Seu Jorge e Zeca Baleiro. Um dos mais recentes nomes a descobrir o cantor foi o Paulão Sete Cordas. Conhecido pelo trabalho com Zeca Pagodinho, ele também já gravou para Tia Surica e João Nogueira.  

O primeiro encontro aconteceu na “Gloriosa”, roda de samba coordenada por Paulão que recebe milhares de pessoas em um bar da Glória, no Rio de Janeiro. Nóog subiu ao palco para dar uma ‘canja’ por influência de um amigo produtor. Entre as faixas do repertório, estavam “Não Deixe o Samba Morrer” e “Casa de Irene”

“Isso causou um impacto muito grande na roda, todo mundo cantou junto, fiquei impressionado”, conta. Dias depois, o maestro foi informado de que Wesley estava à procura de um produtor para o novo disco e demonstrou interesse na parceria. 

Sobre o trabalho dentro do estúdio, Nóog destaca o “ouvido absoluto” como a principal qualidade de Paulão. “Há muito tempo, eu não trabalhava com um maestro tão compenetrado, tão técnico e ao mesmo tempo, tão amigo. Exigente também, mas além disso, um grande coração. E além disso também, uma mente extremamente criativa porque ele conseguiu captar minhas ideias”, descreve. 

Pôr do Samba

Wesley Nóog também é um dos fundadores do projeto “Pôr do Samba”, que já se tornou tradição em Ipanema, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Diante do pôr do sol da Praia do Arpoador, ele entoa diversos clássicos do gênero ao lado de amigos que formam a roda de samba “Jardim Suspenso”. Diversos cantores, compositores e integrantes de agremiações carnavalescas já se apresentaram no evento.

O artista relata que, segundo pesquisa encomendada pelos integrantes da roda, o “Pôr do Samba” alcançou por volta de 660 mil pessoas que circulavam pelas redondezas do Arpoador durante os quase quatro anos de projeto. “Conseguimos compartilhar nossos conteúdos, nossas ideias, de uma maneira muito orgânica, sem apoio na mídia. Foi muito legal que foi uma coisa natural e deu muito resultado”, relata Wesley

Carreira internacional

Wesley já cantou em diversos estados do Brasil e se apresentou também nos Estados Unidos e em países da Europa. Sobre as excursões nacionais e internacionais, ele relata, orgulhoso, do contato direto com as pessoas. “Foram experiências fenomenais. Quando você sai do seu lugar comum e vai pra lugares em que as pessoas nunca te viram ou só te ouviram pelas plataformas digitais, você tá ali se mostrando organicamente. É um impacto muito grande”, comemora.   

Da turnê pelos Estados Unidos, ele memora a reação do público durante participação em um espetáculo de bluesgrass, um gênero derivado do jazz que mistura instrumentos como banjo, guitarra acústica e violino. Wesley participou, sem ensaios, com um cavaquinho. 

“Comecei a tocar várias músicas deles que eu nunca tinha ouvido e os músicos não acreditavam. É a grande energia que a gente tem da música. O samba, nossa música brasileira, nossa forma de chegar em qualquer lugar sem precisar olhar a partitura e tocar junto. Isso é legal pra caramba”, afirma.

Ouça “O Samba é da Gente”:

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Escrita por Matheus Queiroz

Jornalista e amante de cultura pop.