Xuxa Meneghel realizou na última segunda-feira (10) o evento de pré-estreia do “Xuxa – O Documentário”, que chega ao Globoplay em 13 de julho. A apresentadora aproveitou para conversar com a imprensa sobre a produção e comentou sobre algumas passagens da obra, que passeia pelos momentos de conquistas e mais difíceis da carreira e da vida pessoal.
Para a elaboração do projeto, Xuxa precisou revisitar diversos momentos da vida e carreira. A apresentadora revelou à imprensa que retornar à cidade natal, Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, e ter enxergado a si mesma a partir da visão de outras pessoas foram algumas das coisas que mais gostou na produção. No entanto, a artista também precisou revirar sentimentos e momentos difíceis.
“Não é muito agradável mexer em certas caixinhas, já fechadas há um tempo, embora eu acredite que tenha sido necessário, senão seria um documentário em que as pessoas só veriam e ouviriam coisas que já sabem”, contou Xuxa, que completou dizendo que o documentário tocou em temas delicados, mas acredita que é necessário falar sobre isso abertamente.
“Eu já falei sobre meus abusos, coisas que eu vivi desde os três anos até os meus treze anos de idade. Mas eu remexendo isso, eu vi que depois eu continuei tendo, só que eu via isso quase como uma coisa: ‘Ah, beleza, eu era modelo. Era normal passar por isso, eu era uma menina, mulher, que as pessoas queriam naquele momento’. Mas agora eu comecei a me lembrar de coisas que eu não coloquei na minha caixinha de abusos”, disse a apresentadora, que afirmou que atualmente se sente forte e preparada para encarar qualquer coisa. “Acho que para eu ter me tornado a pessoa que me tornei hoje, ter revivido essas coisas, ter remexido nisso, me fortalece muito para ser a pessoa que sou hoje”, declarou.
“Gostaria de não fechar em uma caixinha, mas colocar no fundo do baú, no fundo do mar e esquecer. Mas é importante. Porque cada vez que eu digo, não é que eu me liberto, mas mostro para essas pessoas que também viveram, convivem ou estão vivendo situações parecidas, que elas não estão sozinhas”, contou.
Reencontros
Ainda sobre as tais caixinhas e abusos que viveu, o documentário promove o encontro de Xuxa com Marlene Mattos. Na conversa, que já ganhou repercussão nas redes sociais, ex-diretora e ex-empresária da apresentadora diz: “Você era uma marionete na minha mão e eu usava você pra fazer outras pessoas de marionete”. A Rainha dos Baixinhos relatou ter ficado chocada e decepcionada em ver que mesmo depois de todos esses anos Marlene não se arrepende.
No entanto, Xuxa garante que a produção traz coisas muito mais importantes que a conversa com a ex-empresária. “Tem coisas muito importantes ali. Estou vendo muita gente só falando da Marlene, eu acho que tem outras coisas ali tão importantes quanto. Talvez tem coisas até mais importantes que a Marlene.”, disparou Xuxa.
A produção também Xuxa também recebe reencontro com Marcelo Ribeiro, ator-mirim de “Amor, Estranho Amor”. O filme protagonizado pela artista em 1982 contém uma cena de nudez com o ator, na época menor de idade, e até os dias de hoje os críticos usam a cena para atacar a apresentadora.
“Até hoje as pessoas querem falar desse filme, mas fiz com 17 anos. ‘A Xuxa é pedófila porque ela fez o filme’. As pessoas não querem saber que é uma ficção, não olham a história sobre exploração infantil”, explicou Xuxa. “As pessoas querem ver aquilo como verdade, não veem a história do filme, que é uma menina que foi vendida para um prostíbulo, para ser dada a um político. Ou seja, a exploração sexual contra a criança, contra adolescente que existe até hoje. O filme foi baseado na década de 1960. Desde aquela época, as crianças eram exploradas e até hoje”, completa.
“Desde aquela época, as crianças eram exploradas e até hoje. Dito isso, vou falar que nosso ex-presidente [Jair Bolsonaro] falou que: ‘pintou um clima’ e ninguém mais fala sobre isso e só eu fico falando sobre isso, que isso é um crime, não é um clima e está lá nesse filme e ninguém quer falar sobre isso. Pelo contrário, querem usar isso para me machucar. Então, o que eu posso dizer, o que me machuca mesmo, é a ignorância das pessoas.”, desabafou.
“Xuxa, O Documentário” tem direção geral de Pedro Bial, direção de Cássia Dian e Mônica Almeida, e roteiro de Camila Appel. A realização é do Conversa.doc, núcleo de documentários da equipe do Conversa com Bial, com produção de Anelise Franco, em coprodução com a Endemol Shine Brasil. A direção de gênero é de Mariano Boni.