Após “Falas Negras” e “Falas Femininas”, a Globo irá exibir nesta segunda-feira (19), dia em que se comemora o Dia do Índio, o especial “Falas da Terra”, que ilumina a pluralidade e a luta dos indígenas pelo direito de existirem e serem ouvidos. A produção começa 23h45, no horário do Tela Quente, logo após o Big Brother Brasil.
O especial revela, em depoimentos em primeira pessoa, histórias de vida e de luta do povo que deu origem ao Brasil, das conquistas fora da floresta e ainda as várias maneiras de ser indígena. O programa mostra ainda a riqueza cultural dos mais de 300 povos existentes no país, que falam aproximadamente 200 línguas diferentes.
Além do conteúdo que vai ao ar, com os depoimentos dos personagens convidados, os bastidores da produção e todo o processo de criação merecem destaque, pois a participação de profissionais indígenas foi fundamental. Ailton Krenak, líder do Movimento Socioambiental de Defesa dos Direitos Indígenas, escritor e organizador da Aliança dos Povos da Floresta, além de ser um dos convidados a contar sua história, é também consultor de ‘Falas da Terra’. Ele participou da escolha dos personagens e da criação do projeto. Além dele, Ziel Karapató, artista e ativista; Graciela Guarani, cineasta; Olinda Tupinambá, jornalista e documentarista; e Alberto Alvarez, cineasta e realizador fizeram parte da equipe indígena realizadora da obra.
Os cinco foram fundamentais ao trazer o olhar indígena para o conteúdo, sugerindo e comentando a escolha dos personagens, conduzindo a conversa no set, de forma que os temas trazidos por cada um fossem explorados ao máximo. O público conhecerá a história não só de quem vive afastado da cidade, perto da natureza, mas também de quem vive em grandes centros urbanos, sem deixar para trás suas crenças, costumes e tradições. Serão apresentados no especial médicos, artistas, biólogos, escritores premiados, youtubers, entre outras profissões.
Ao todo, serão 21 depoimentos que trarão informações sobre preservação da cultura, língua e costumes dos diversos povos; proteção do meio ambiente e da vida; respeito à diversidade; histórias de resistência e ativismo; demarcação de terras; invasão de territórios demarcados; preservação das florestas; importância da literatura para ajudar na conscientização; entre muitos outros temas.
“Falas da Terra” tem direção artística de Antonia Prado, roteiro assinado por Malu Vergueiro, consultoria de Ailton Krenak e coautoria de Ziel Karapató, Graciela Guarani, Olinda Tupinambá e Alberto Alvarez. Rafael Dragaud assina a supervisão artística e Mariano Boni a direção de gênero.
Conheça os personagens de “Falas da Terra”:
Raoni Mektutire Kayapó (Povo Kayapó) – Uma das maiores e mais respeitadas lideranças indígenas do Brasil, Cacique Raoni é conhecido internacionalmente e já foi pré-indicado ao Prêmio Nobel da Paz por sua atuação na luta pela preservação da floresta e dos povos amazônicos.
Djuena Tikuna (Povo Tikuna) – Djuena é cantora do Estado do Amazonas e foi a primeira indígena a protagonizar um espetáculo musical no Teatro Amazonas. Sua luta é pela preservação da cultura e da língua indígena através da música.
Elisa Pankararu (Povo Pankararu) – Mestre em Antropologia e uma das grandes representantes da causa feminina indígena, que além de lutar pelos direitos dessas mulheres, também busca o reconhecimento dos indígenas urbanos.
Davi Kopenawa Yanomami (Povo Yanomami) – Uma das mais respeitadas lideranças indígenas do Brasil, Davi Kopenawa é membro da Academia Brasileira de Ciências. Sua luta é pelo respeito, direito à terra e preservação do meio ambiente através da ciência. Usa seus conhecimentos – oriundos da cultura indígena e sabedorias ancestrais de ervas medicinais e xamanismo – a serviço do desenvolvimento científico nacional.
Emerson Uýra – Emerson é bióloga e artista. Tem reconhecida atuação na luta pela preservação ambiental através da arte e pelo respeito à diversidade. Uýra se apresenta como uma “árvore que anda”, em referência ao seu conhecimento científico da biologia e das propriedades medicinais das plantas. Compartilha seu conhecimento em aulas de artes e biologia, performances artísticas, maquiagens, textos e instalações.
Alessandra Korap Munduruku (Povo Munduruku) – Líder indígena, detentora do prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos (2020). Alessandra é uma voz potente contra os grandes empreendimentos e o garimpo na bacia do rio Tapajós. É ativista contra a invasão dos territórios indígenas e a favor da demarcação das terras indígenas e preservação das florestas.
Ailton Krenak (Povo Krenak) – Líder indígena, ambientalista, filósofo, escritor, poeta. A luta de Krenak pelo respeito ao indígena e pelo direito de ser índio no Brasil é conhecida nacional e internacionalmente. Krenak luta pelo direito do índio de interagir com o mundo não-indígena sem perder o vínculo com a própria cultura.
Daniel Munduruku (Povo Munduruku) – Daniel Munduruku é escritor e vencedor do prêmio Jabuti e do Prêmio de Literatura pela Unesco. Há anos, luta pela divulgação da cultura indígena e acredita que ela deva acontecer principalmente por meio da Educação. Daniel defende que o Dia do Índio seja um dia de consciência indígena e não uma data de celebração que reforça estereótipos, como acontece nos dias atuais.
Kunumi MC (Povo Guarani Mbyá) – Werá Jequaka Mirim ficou conhecido internacionalmente como Kunumi MC quando participou da cerimônia de abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 2014.Sua principal luta é pela divulgação da cultura indígena e sua maior demonstração de resistência é pelo rap. Kunumi MC protesta em suas letras contra o desmatamento e a destruição do meio ambiente.
Dayana Molina – Estilista e dona de uma marca de moda, Dayana luta pela divulgação da cultura indígena e pratica sua resistência através da moda. Sua luta maior é pela ocupação de espaços e preservação do meio ambiente.
Lian Gaia – Lian é atriz e luta, através da arte, por mais espaços no teatro e no audiovisual para indígenas.
Myriam Krexu (Povo Guarani Mbyá) – Médica, Myriam é a primeira cirurgiã cardiovascular indígena do Brasil. Sua luta é para que todo indígena tenha acesso a uma educação básica de qualidade, para que consiga chegar na universidade sem tantas dificuldades.
Fernanda Kaingang (Povo Kaingang) – Advogada e Mestre em Direito Público, Fernanda Kaingang enxerga o Direito como arma de luta dos povos indígenas.
Beto Marubo (Povo Marubo) – Uma das principais lideranças ativistas dos povos isolados do Brasil, Beto é membro da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari e do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. Sua luta é pelo direito ao território, à proteção física e cultural e pela autonomia dos índios isolados.
Mapulu Kamaiurá (Povo Kamaiurá) – Mapulu é a primeira pajé do Alto Xingu e uma das principais lideranças femininas indígenas brasileiras. Sua atuação em defesa dos indígenas é diversa e, entre outras frentes, inclui a preservação da floresta; da cultura indígena; seus costumes e valores ancestrais; saúde dos índios; e espaço da mulher na sociedade indígena.
Cristian Wariu (Povo Xavante) – Indígena mato-grossense do Povo Xavante, Cristian Wariu é Youtuber e influenciador digital. Entre as principais razões que o levaram a criar seu canal no Youtube, está sua luta para desmistificar estereótipos e mostrar o que é ser índio no século XXI.
Valdelice Verón Guarani Kaiowá (Povo Guarani Kaiowá) – Liderança Guarani-Kaiowá, filha do líder assassinado, o Cacique Marcos Verón, é uma das principais porta-vozes de seu povo. Valdelice luta pelo direito à terra e à vida do povo Guarani-Kaiowá – e dos demais povos indígenas.
Bruno Kaingang (Povo Kaingang) – Primeiro indígena com título de Doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bruno é professor do Instituto Estadual de Educação Indígena Angelo Manhká Miguel, que ajuda na formação de outros professores indígenas. Sua luta é pela valorização da educação indígena, pelo direito a uma escola indígena adequada aos valores e práticas das tantas etnias existentes no país. Bruno é um grande defensor da importância dos rituais.
Maial Kayapó (Povo Kayapó) – Ativista indígena, Maial luta pela valorização e preservação dos costumes e da cultura indígena, e enxerga a pintura corporal como uma identidade dos povos indígenas.
Fêtxawewe Tapuya Guajajara (Povo Guajajara) – Estudante de Ciências Sociais na UNB (Universidade de Brasília), é uma das grandes jovens lideranças indígenas brasileiras. Filho do Pajé Santxie Tapuya, assumiu o comando da comunidade indígena Santuário dos Pajés, em Brasília, após a morte do pai, em 2014. Acredita que o ativismo jovem traz questões novas e fundamentais para o movimento indígena.
Telma Taurepang (Povo Taurepang) – Telma é coordenadora-geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), que representa nove estados e 23 organizações de mulheres indígenas. Ela defende a importância da terra e das organizações indígenas.